Faz cerca de dois anos que Moab Carvalho, de 47 anos, ‘mora’ embaixo de uma ponte da rodovia Presidente Dutra, em Guarulhos (SP). Ele conta que recentemente decidiu montar um espaço naquele local onde “compartilha paz” com aqueles que passam por ali.
Em meio a suas andanças pelas ruas, Moab foi recolhendo móveis e eletrodomésticos descartados, como um sofá, uma mesa de centro, uma TV e uma rádio, montando uma sala de estar improvisada, que também é toda decorada com garrafas de cerveja artesanais e livros.
Ao lado desse espaço, duas barracas de acampamento foram transformadas em um quarto para ele e seu companheiro, um cão que encontrou pelas ruas.
Na sala de estar, Moab convida desconhecidos para se sentar e bater um papo, ou apenas apreciar o cantinho montado por ele. Para o homem, sua missão na Terra é uma e apenas uma: levar paz a quem precisa.
Sala de estar improvisada embaixo de ponte
Considerado um bom ouvinte, Moab relata que muitas pessoas se abrem com ele, contando seus dramas e dilemas de vida. Ele também faz questão de retribuir, contando um pouco sobre sua trajetória, desde que deixou o nordeste e seguiu para a grande região metropolitana paulista.
Moab faz questão de mostrar que ‘tudo tem um lado bom’, mesmo nos momentos mais difíceis da vida. “As pessoas olham pra mim e parecem sentir necessidade de desabafar, de contar seus problemas, de compartilhar sua vida. Eu ouço e compartilho a minha, para que elas percebam que tudo pode ser melhor e poder dar o que tenho de mais precioso, que é meu abraço”, diz.
Em meio aos bate-papos, ele conta ter convencido uma pessoa disposta a tirar a própria vida a dar uma segunda chance na vida. Além disso, fez amizade com um homem que ameaçou tirá-lo dali.
Vivendo de bicos
Quando não está em seu ‘cafofo’, Moab, que é marceneiro de profissão, está fazendo algum bico ou recolhendo materiais recicláveis, em busca de subsistência. Não há trabalho que ele recuse.
Muitas pessoas lhe oferecem doações após a visita à sua sala improvisada, encantadas com o cantinho montado com tanto carinho pelo morador em situação de rua.
Doações
“Pessoal que já me conhece, traz alimentos, cestas básicas, bolachas, água. Mas faço questão de muitas vezes, recolher e ir até a favela, ou doar para um irmão de rua que também está necessitado. Todos nós somos necessitados, nós precisamos um do outro”, diz ele.
“Esse cara é gente boa demais, sempre que posso, paro aqui e converso com ele”, diz Beto Saraiva, garçom de uma churrascaria próxima da ponte, ao sacar R$ 20, parte das gorjetas que ganhou naquele dia, e compartilhar com Moab.
Fonte: Razões Para Acreditar