Lucas Eurilio – Gazeta do Cerrado

Muitas pessoas buscam unidades de saúde em Palmas à procura de tratamento, atendimento médico ou acolhimento dos profissionais que trabalham nesses locais, mas nem sempre é o que acontece

Nesta quarta-feira, 15, a trancista e modelo Indaiá Maria Gonzaga relatou ter passado por um constrangimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA-Norte) ao procurar atendimento após uma crise de asma.

“Passei muito mal durante a noite com asma e fui na UPA pra ver se eu conseguia tomar uma medicação e ser atendida. Toda vez que eu vou lá, passo por esse constrangimento. Meu nome é Indaiá, não existe outro nome”.

Ela afirma que chegou ao local e ao ser chamada pela triagem, o nome que apareceu no telão foi o de batismo.

“O moço perguntou se era meu nome, eu falei que não, passei meu CPF pra ele, estava calma, ele digitou algo no sistema e disse pra eu aguardar que ia ser chamada no consultório”.

Ela disse ainda que “ao chegar no consultório, o médico olhou pra mim, perguntou se o meu nome era aquele que tinha aparecido na tela do computador eu disse que não e o atendimento seguiu normalmente”.

A modelo e trancista disse ainda que o município precisa mudar com urgência esse sistema e atualizar o cadastro, para que pessoas trans possam ser atendidas de forma correta e sem passar por algum constrangimento.

Além disso, ela relatou a falta de alguns medicamentos na UPA. “O médico passou uma inalação uma injeção que tomei lá, mas os remédios, que são dois xaropes, estavam em falta”.

A Gazeta do Cerrado ouviu Byanca Marchiori, presidente da Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Tocantins (Atrato-TO). Ela disse por telefone que por mais que tenha acontecido em um sistema eletrônico, o município precisa ter um olhar mais cuidadoso.

Ela lembrou ainda que há uma portaria municipal, assinada em 2016 que assegura o atendimento pelo nome social para todas as pessoas transexuais de Palmas.

“A Portaria 1117/2016 estabelece o direito pleno do uso do nome social e reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no Sistema Único de Saúde. Ela disse que foi um sistema, mas cabe também às pessoas, no âmbito do trabalho ter atenção de estar fazendo esse processo”.

Ela afirmou ainda que esse tipo de situação é uma falta de respeito com as pessoas trans.

“Não importa o que aconteceu. Será que foi o sistema eletrônico? Porque aí coloca toda a culpa no sistema, mas eu creio que foi falta de atenção na hora de fazer a fixa de atendimento. Isso gera um desconforto, um constrangimento enorme”.

A Secretaria Municipal da Saúde (Semus) enviou nota na qual diz lamentar o ocorrido e que alegou que devido a um problema técnico, o sistema de telas não está reconhecendo os dados da paciente disponíveis no e-SUS. Disse ainda que O setor de suporte técnico da Semus já foi acionado e está trabalhando para normalizar o sistema.

Veja íntegra da Nota:

Nota à imprensa

A Secretaria Municipal da Saúde (Semus) lamenta o constrangimento pelo qual passou a paciente, e informa que devido a um problema técnico, o sistema de telas não está reconhecendo os dados da paciente disponíveis no e-SUS. O setor de suporte técnico da Semus já foi acionado e está trabalhando para normalizar o sistema.

A Semus também informa que os servidores do SUS foram treinados sobre atendimento ao público que solicita tratamento por meio do nome social e que há um esforço institucional contínuo junto aos seus colaboradores, para manter a qualidade de atendimento nas unidades de saúde, de forma indistinta. 

Ainda a respeito do atendimento a essa paciente, a Semus esclarece que os medicamentos prescritos não estão elencados na Relação Municipal de Medicamentos (REMUME). O SUS fornece alternativas, porém, somente o médico assistente poderá indicar qual irá atender as necessidades do caso em questão.

Foto: Deny Oliver