Criada com a finalidade de hospedar pacientes e seus acompanhantes, em Palmas (TO), a Casa de Apoio Vera Lúcia Pagani completa 11 anos, nesta terça-feira, 18 de abril.
O local tornou-se o principal ponto de referência para acomodação de pessoas vindas de cidades do Tocantins e até de Estados vizinhos, como Estreito (MA) e Luiz Eduardo Magalhães (BA), que fazem divisa com o Tocantins.
A representatividade do que a Casa de Apoio Vera Lúcia é para as pessoas pode ser expressa por números. No ano de 2016, foram registrados quase 23 mil atendimentos; já nos primeiros três meses de 2017, os números somam 5.224 atendimentos; desde sua implantação, já são 234.691 pessoas acolhidas, abrangendo homens, mulheres e crianças.
“Acolher bem, acolher com amor, acolher com cuidado e zelo. Com esse propósito, entregamos a Casa de Apoio Vera Lúcia há 11 anos. Defendemos a dignidade do ser humano e queríamos que as pessoas que chegassem a Palmas, num momento tão delicado, fossem bem acolhidas”, disse a Primeira-Dama do Tocantins e Deputada Federal, Dulce Miranda, responsável pela implantação da Casa de Apoio, em 2006.
Acolhimento este, sentido por Eva Souza da Silva, 32 anos, que acompanha o filho, Thiago dos Santos, 10 anos, que há cinco anos luta contra a leucemia. “Somos de Balsas (MA). Não temos nenhum parente em Palmas. A Casa é nossa segunda família. Aqui recebemos muito mais que hospedagem: recebemos amor, atenção e força”, emocionou-se a hóspede.
Eva, e milhares de outros hóspedes recebem, além de acomodação, as três alimentações diárias e serviços de apoio diversos, como orientação psicológica, atividades religiosas, recreação para crianças como a “hora do conto”, entre outros.
“A Casa existe para apoiar e dar todo o suporte necessário aos nossos hóspedes. O local hoje é uma referência de amor e acolhimento para quem chega à capital. O sucesso do lugar pode ser observado ainda pela quantidade de voluntários que está no dia a dia conosco, bem como pelas ações paralelas que fazem, com o objetivo em ajudar no custeio das despesas dos hóspedes”, observou a secretária do Trabalho e Assistência Social (Setas), Patrícia do Amaral.
O cabeleireiro, Wagner Costa Santos Monteiro e os colegas de profissão, Lorena Perna e Maurício Perna, são exemplos de voluntários que doam um tempo de si aos que na Casa estão. “Eu li uma matéria sobre as ações dos voluntários e, depois disso, a cada dez dias, corto o cabelo dos pacientes e acompanhantes”, disse Wagner Costa.
“O ser humano hoje em dia está muito individualista, são poucas pessoas que se preocupam com o próximo. Eu me sinto muito feliz! É muito gratificante realizarmos – eu e minha esposa, esse trabalho voluntário”, pontuou, Maurício Perna.
Acolhimento
Percorrendo pelo ambiente da Casa e conversando com os hóspedes, é fácil perceber a dor que cada um carrega consigo e a história de vida deles. Porém, é no olhar esperançoso de cura para si, ou para alguém que ama, a manifestação mais latente do acolhimento e amor que recebem.
O desafio de voluntários e profissionais da Casa de Apoio é justamente trabalhar em todas as vertentes para atender a essa expectativa dos hóspedes, amenizando desta forma, o sofrimento de quem triste está e manter acesa a esperança de quem precisa e acredita na cura. O resultado desse esforço conjunto é a resposta unânime dos entrevistados que dizem “estar no próprio lar”.
“Estou em casa. Sou bem acolhido e tenho apoio de todas essas pessoas que estão aqui o tempo todo. Nesse momento tão difícil da minha vida, nada melhor que dividir o meu sofrimento, com quem está disposto a me escutar”, desabafou, José Caetano da Silva, 61 anos, de Araguaína, diagnosticado há três meses com câncer no cérebro.
“Não tenho nenhum parente em Palmas. Mas tenho recebido todo apoio de uma verdadeira família aqui na Casa. Só tenho a agradecer a Deus por este lar e pelo aconchego que recebemos de todos daqui”, confidenciou, Adecy Rodrigues Gomes, 52 anos, de Crixás do Tocantins, cidade a 207km da capital. A luta dele é contra o câncer de pulmão.
Maria das Graças Oliveira Moraes, 66 anos, do assentamento Padre Josimo I, a 116km de Palmas, também foi diagnosticada com câncer e, além da esperança de cura, carrega consigo o sentimento de gratidão. “Gratidão é a palavra que posso resumir nesse momento. Eu não teria dinheiro para estar em Palmas em um tratamento tão delicado e caro como este. Cheguei e já tive um lugar para dormir, tomar banho, me alimentar”, disse.
Ao longo desses 11 anos, a Casa de Apoio Vera Lúcia é palco de muitas histórias, algumas com finais muito felizes, como de hóspedes que se tornaram marido e mulher; pessoas que conseguiram a cura em seus tratamentos e tornaram-se voluntárias. Apesar de um final triste para alguns, a Casa tem desempenhado o seu papel social de acolher e apoiar emocionalmente quem passa pelo local.
O empenho e cuidados que todos têm com a Casa de Apoio Vera Lúcia reforça o importante papel do Governo, por meio de políticas públicas e sociais. A Casa é um exemplo desse compromisso social. Todos abraçam e abraçaram a ideia, e motivo não poderia ser diferente: 11 anos fazendo diferença no Tocantins!
O que é a Casa?
A casa é um alojamento que hospeda gratuitamente os pacientes internados nos hospitais públicos de Palmas e também os acompanhantes deles. Geralmente, os mesmos chegam à Casa, após passarem pelo processo de avaliação médica. Vale salientar que os profissionais da Saúde já sabem da existência da Casa de Apoio, cabendo a estes a indicação do local.
Como os tratamentos nos hospitais têm cronogramas variados, podendo ser diários, semanais, mensais ou periódicos, dependendo do protocolo médico indicado, os hóspedes podem permanecer na Casa pelo período que for necessário.
A Casa
A Casa de Apoio está localizada a menos de 300 metros do Hospital Geral de Palmas (HGP). O local é composto de mais de 100 leitos equipados com beliches, cozinha, brinquedoteca, sala interdisciplinar, parquinho, área de convivência social e capela.