Carros por assinatura — como são conhecidos os aluguéis por médio e longo prazo — ajudaram a engordar o faturamento das locadoras e, consequentemente, também impulsionaram a indústria automobilística.
O principal dado oficial que mostra a importância desse segmento é o de vendas diretas, feitas pelas montadoras para empresas, sejam locadoras ou não, que envolvem grandes volumes e custam menos do que o consumidor paga nas concessionárias.
As vendas diretas cresceram 70% em 4 anos, comparando os números 2015 com os de 2019 divulgados pela federação dos concessionários, a Fenabrave.
Em 2015, já em meio à crise, elas representavam 29% do total de emplacamentos de veículos no Brasil, bem aquém dos números das lojas. Em 2018, superaram pela primeira vez a marca de 1 milhão de veículos e, neste ano, são responsáveis por quase metade do “bolo” (46%).
“Isso é um fenômeno mundial. Vem ao encontro com o perfil do consumidor atual, que quer mais do que a propriedade. Ele quer escolhas”, afirmou Ricardo Bacellar, líder do setor automotivo da consultoria KPMG.
De acordo com a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), cerca de 20% das vendas diretas atualmente são para locadoras.
A Fenabrave não informa os números de venda direta separados por tipo de empresa. E diz que, além das locadoras e frotistas, estão incluídas as vendas de carros PCD, feitas por concessionárias.
Até quando as vendas crescem?
São veículos voltados a portadores de deficiência, que também têm descontos e cujos emplacamentos dispararam nos últimos anos, de acordo com associações que representam esse público.
Para Bacellar, as vendas diretas ainda são uma forma de movimentar o mercado. No entanto, ele acredita que essa modalidade deve começar a se estabilizar. “Vai chegar uma hora em que o fôlego vai diminuir”, disse.
A Anfavea, associação das fabricantes, tem a mesma opinião, e entende que o percentual atingido em 2019 deve se manter nos próximos anos.
‘Boom’ dos aplicativos
Ainda segundo a Abla, a frota das locadoras foi de 773.222, em 2014, para 826.331 veículos em 2018, um aumento de 6%.
No mesmo período, o faturamento dessas empresas, subiu 4%, passando de R$ 14,7 bilhões em 2014 para R$ 15,3 bilhões em 2018.
O crescimento aconteceu não só mirando o consumidor comum, mas também com o “boom” dos aplicativos de transporte. No 1º semestre deste ano, as locadoras somavam 829.723 veículos alugados e cerca de 150 mil estavam nas mãos de motoristas de apps (18%).
Segundo a agência Reuters, dois terços dos 600 mil motoristas do Uber no Brasil não possuem os veículos que dirigem. Esse número é um dos mais altos registrados pelo app no mundo.
Em 2013, um ano antes do Uber chegar ao Brasil, apenas 6% das vendas do Chevrolet Onix eram destinadas a empresas. Neste ano, a fatia atinge 42%, considerando números de vendas até novembro.
Ainda de acordo com a Reuters, a Localiza saiu de um nível de compra de 2% dos veículos leves do país em 2012 para 10% neste ano. Os motoristas de apps são o segmento que mais cresce para a empresa.
Giro rápido
A revenda de veículos usados pelas locadoras também explica o salto das vendas diretas. De acordo com a Abla, cerca de 90 mil carros foram negociados com pessoas físicas em 2019.
O giro da frota é rápido: as empresas podem passar os veículos para frente a partir de 1 ano após eles serem incorporados à frota.
E as locadoras têm um trunfo diante das lojas comuns de usados, já que compram esses carros sem intermediários e com grande volume, conseguindo descontos de até 20%. Assim, conseguem atrair clientes com valores abaixo do mercado.
Fonte: Auto Esporte