Após questionamentos a respeito de medidas tomadas em relação à cidade referência do norte do Tocantins, o secretário de Estado da Saúde, Dr. Edgar Tollini, se reuniu no auditório do Itpac, nesta sexta-feira, 03, com representantes de Araguaína, da Prefeitura, Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e órgãos de controle estaduais, como Ministério Público e Defensoria Pública.

Durante a reunião, que seguiu por seis horas, questionamentos foram direcionados a respeito da atuação do Governo, que logo foram esclarecidos pelo gestor da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Dr. Edgar Tollini.

HRA

Como o hospital de referência pra atendimentos de média e alta complexidade na região Macro Norte do Tocantins, o Hospital Regional de Araguaína foi mencionado como uma unidade hábil para recebimento dos pacientes que apresentarem sintomas moderados a graves de covid-19.

“Estão sendo implantados 10 leitos isolados de UTI no HRA, e nas 6 Unidades Hospitalares do Estado na Região Macro Norte estão sendo implantados leitos clínicos, para os pacientes que apresentarem quadros moderados e leitos de estabilização, em que os pacientes podem ficar até 24 horas no isolamento”, apontou a superintendente de Unidades Hospitalares Próprias da SES, Elaine Negre, se referindo aos leitos de isolamento para o atendimento de Covid-19.

Posicionamento do Governo

Após a cobrança de um posicionamento do Governo, o prefeito da cidade, Ronaldo Dimas, questionou a não formalização de um decreto que determine o isolamento social, ao que Tollini esclareceu informando que, neste momento, o papel do Estado é orientar, e isso tem sido feito desde a chegada dos primeiros casos suspeitos no Tocantins. As medidas mais ostensivas devem ser decretadas por meio de prefeituras, que são responsáveis pela fiscalização do cumprimento das medidas definidas.

Isolamento

Os órgãos de controle chamaram atenção para as medidas que têm sido tomadas e a falta de fiscalização para aplicação do isolamento. Embora a gravidade do momento que a sociedade vive esteja explícita, ainda há muitos descumprimentos.

As medidas até hoje tomadas pelo Governo do Estado foram esclarecidas. Apresentação do plano de contingência, aprovado sem ressalvas pelo Ministério da Saúde; isolamento de área para atendimento de casos suspeitos no Hospital Geral de Palmas (HGP), definido também pelo Ministério como referência para os casos mais graves e há, ainda, a premissa que a rede hospitalar araguainense deve trabalhar em consonância para que seja possível atender de forma ágil os pacientes referenciados à cidade.

Hospital de Campanha

Uma das sugestões mais recorrentes durante o encontro foi relacionada a criação de um hospital de campanha. A gestão Estadual esclareceu que a hipótese não é remota, está sendo estudada, entretanto deve ser implementada em um momento posterior, uma vez que os recursos disponíveis na rede hospitalar são suficientes neste primeiro ciclo da doença no Tocantins.

Estoque

Afonso Piva, superintendente de Compras na SES, explicou a todos presentes as dificuldades que o Estado tem enfrentado, devido aos altos preços praticados no Brasil e no mundo com a demanda consequente da pandemia de Covid-19, além da falta de disponibilidade de produtos, como as máscaras N95, para entrega imediata. No entanto, reforçou o abastecimento regular do Estoque estadual para os próximos meses.

Testes

Durante a reunião foi sugerida a disponibilização do laboratório de Veterinária e Zootecnia do polo de Araguaína da Universidade Federal do Tocantins (UFT) para futuros testes de Covid-19, hoje realizados somente no Lacen, em Palmas. A possibilidade será estudada para que seja efetivada. Embora o laboratório previamente realizasse exames de coronavírus (em variação que atuava em animais), deve-se observar que, devido à especificidade da atuação em seres humanos, existem critérios técnicos que devem ser observados para confiabilidade dos resultados.

No entanto, a parceria com a Universidade, caso seja exitosa, resultará em economia e agilidade durante este período de pandemia.

“Todos os esforços devem ser empregados para o benefício dos nossos usuários. Estamos operando em capacidade máxima, sem pendências, mas não temos como dar um passo para trás. Quando passarmos por isso, seremos melhores que antes”, afirmou Dr. Edgar Tollini.

Por fim, o gestor se colocou à disposição para ouvir em outros momentos as demandas e sugestões da cidade, reafirmando a postura técnica do Estado e da Gestão.

Mais sobre a reunião:

Respeitar a hierarquia é fundamental para ações integradas, mas precisamos criar um modelo para Araguaína e região, já que temos realidade diferente das demais, ou mesmo única para o Estado. Hoje, a minha preocupação é saber até quando vamos ficar assim”, afirmou Dimas.

A apresentação do plano estadual esclarece que a infecção covid-19 não atingiu nem 1% da população do Estado, o que não aciona nem o 1º dos 10 níveis de ações previstas. Ainda assim, o secretário estadual da Saúde advertiu que o remédio é amargo. “Se não houver o controle, como na Itália, nosso sistema não aguentará. Não voltaremos a sermos o que erámos, temos que ser melhores. Fico feliz que a Prefeitura já tenha se adiantado e se preparado”, relatou.

Também afirmou que pediu 60 kits, com ventilador e respirador, para o Governo Federal e foi informado que o Tocantins receberá apenas 10. Desses, irá avaliar o envio de parte para Araguaína, o que possibilitará o atendimento de pacientes em estado grave no Município, evitando o transporte para capital Palmas, há mais de 300 km.

Já sobre os exames de Proteína c-reativa (PCR), único que identifica a doença nos primeiros dias de infecção, Edgar disse que analisará se o laboratório local da Universidade Federal do Tocantins (UFT) pode realizar o diagnóstico. Atualmente, o curso de medicina veterinária usa um equipamento para diagnosticar o coronavírus canino.