Lucas Eurilio – Gazeta do Cerrado

São Marias, Josés, Dandaras, Filipes, pai, mãe, filho, avós, tios, netos, o Brasil vive um momento negativamente histórico. Quem poderia imaginar que seríamos pegos de surpresa por vírus avassalador e que causaria sérios prejuízos à saúde mundial, próximo à virada de uma nova década? Quem poderia imaginar que uma “gripezinha” iria acabar com a vida de milhares de brasileiros? Hoje, dia 14 de maio de 2020, o Brasil já contabilizou 13.276 mortes provocadas pela Covid-19. Os infectados somam 192.081 casos no total, segundo os dados do Ministério da Saúde.

O Tocantins é o estado mais novo da federação brasileira, o Coronavírus chegou aqui e totalizamos até o momento, 1.029 casos da doença, 174 recuperados, 832 em isolamento e 23 mortes, de acordo com o último Boletim Epidemiológico do Estado divulgado nesta quinta-feira, 14.

Hoje  a Gazeta do Cerrado teve uma conversa exclusiva com o médico tocantinense e assessor do Ministério da Saúde, Neilton Araújo. Ele disse que o decreto liberando a economia no Tocantins foi um tiro no pé.

“Há pouco mais de mês eu disse que o Tocantins,  quando fez o decreto liberando a economia, – o TO tá dando um tiro no pé – porque tá começando a circular o vírus agora e  como foi relaxado, vai aumentar. Os casos têm aumentando na BR-153  e no Bico do Papagaio que tem Imperatriz, Axixá, e várias outras cidades na rota. Então ele (vírus) passando por esse eixo, passa vai circular interiormente nas cidades”.

Neilton disse ainda que o estado pode se preparar para dias mais duros, isso, porque a expectativa é de que a curva da contaminação suba a cada dia.

“O Tocantins pode se preparar pra encarar dias duros. Naturalmente é preciso se fazer um conta. A cada 100 pessoas infectadas,  80 deverão ter sintomas leves ou nem apresentarão algum tipo de sintoma. Desses 80, um total de 20 vão ser casos mais graves, que às vezes precisam de internação, internação em UTI e pelo menos 5 vão precisar respirador artificial.  Se a população de Palmas, por exemplo,  com 300 mil habitantes, tem 10% de contaminação, só na Capital serão 30 mil pessoas infectadas. Dessas, 3 mil vão precisar de internação e 1.500 de respirador”, explicou.

Ele disse que também que no Brasil, os profissionais da saúde que trabalham na linha de frente estão adoecendo mais que média de outros países.

A média dos profissionais que estão adoecendo no Brasil é bem maior que a média de outros países. O Sistema Único de Saúde não esteve e não está preparado pra receber essa quantidade de gente de uma vez só”, afirmou à Gazeta.

Neilton é médico, professor da UFT, assessor do Ministério da Saúde e Conselheiro Nacional de Saúde, Mestre em Saúde coletiva e Doutor em ciências – Divulgação

Questionado sobre os números de mortes no Tocantins, ele disse que o estado não está na fase de descida da curva.

“Esse número vai aumentar, porque na medida que o vírus vai circulando, os casos vão crescendo. O Tocantins não está na fase da curva descer. Vai piorar mais ainda. Eu queria estar enganado, queria que a ciência estivesse engada”.

Ainda sobre as mortes, ele disse que os óbitos dos contaminados estão em 2%, mas esse número “pequeno” é porque “no Brasil não conhecemos os casos, porque não estão fazendo testes”.

“Suponhamos que, se no Tocantins tem 200 casos, eles vão se multiplicar para 2.000 mil e assim continua com de acordo com que os casos vão aumentando. O vírus vai chegar na população mais pobre agora. O vírus circulou primeiro na classe média alta, entre os ricos. Agora tá chegando na favela, nas cidades mais pequenas. No caso dos mais pobres, se eu tenho uma casa com cinco pessoas num mesmo cômodo, se algum sofre de tabagismo, teve tuberculose, tem asma, tem alguma outra comorbidade, é um risco muito grande”.

Neilton criticou ainda políticos que tentam minimizar os impactos do Coronavírus.

“Se algum Governante diz que estamos passando por algo que é simples. Ele está tentando enganar o povo. Países mais ricos, mais desenvolvidos estão com a situação alarmante e no Brasil ainda vai piorar muito e isso prevendo ainda que o país nem chegou ao estado mais grave”.

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