Enquanto a média brasileira do crescimento de casos do covid-19 foi de sete vezes, um número já considerado alto pelos estudiosos da Fiocruz, no Tocantins o aumento foi de 49,8 vezes. Próximo a ele, apenas Sergipe que registrou crescimento de 47,8. Os dados são de um estudo comparativo feito pela Fiocruz Pernambuco e divulgado nesta terça-feira, 02 de junho.

De acordo com a Fiocruz Pernambuco, quando são comparados o primeiro período da pandemia até meados de abril com o acumulado até meados de maio, nota-se que a maior detecção de covid-19 está nos estados do Norte e Nordeste. Também foi observado que estes estados estão com a aceleração acima do resto do Brasil.

Segundo o estudo, de autoria do pesquisador Wayner Vieira, 13 estados tiveram crescimento dessa taxa de casos por milhão de habitantes aumentando mais que a média brasileira. Em dois deles o aumento foi de quase 50 vezes em maio: Tocantins (49,8) e Sergipe (47,8). As taxas de Alagoas, Pará e Paraíba cresceram mais de 20 vezes. Enquanto Roraima, Piauí, Acre, Maranhão, Amazonas e Amapá cresceram mais de 10 vezes e Bahia, Roraima, Ceará e Pernambuco viram a taxa ser multiplicada por 9. O Rio Grande do Norte, com 6,6, foi o único estado do NE abaixo da média do crescimento no país.

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Wayner Vieira analisou os dados disponíveis na plataforma Covid-19 no mundo, no Brasil e em Pernambuco, da Secretaria de Planejamento e Gestão de Pernambuco (Seplag). O pesquisador considera que a pandemia atingiu o país, no primeiro momento, em áreas “menos pobres”, com a covid-19 sendo trazida pelos viajantes que circularam pela China, Europa e posteriormente América do Norte para o eixo Rio-São Paulo, Distrito Federal, distrito industrial de Manaus, Fortaleza e Recife – essas duas últimas cidades devido às suas características de turismo intenso.

Até 19 de abril, dos dez estados com a maior taxa de casos por milhão de habitantes, destacavam-se três da região Sudeste (SP, RJ e ES) e uma unidade do Centro-Oeste (DF), quatro do Norte (AM, AP, RR e AC) e dois do Nordeste (CE e PE). Essa lista incluía os locais com maior Produto Interno Bruto (PIB) entre as unidades da federação (SP, RJ e DF).

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Quando se observa o período até 19 de maio, dos dez estados com maior taxa, nove pertencem às regiões Norte (AM, AP, RR, PA e AC) e Nordeste (CE, PE, MA e SE) e o único do Sudeste passa a ser o Espírito Santo. O que demonstra a necessidade de atenção para os estados com menos recursos, de forma a conter o crescimento da doença.

Vieira revela que “esse crescimento acelerado no Norte-Nordeste não pode ser explicado tão somente por questões de momento, existe uma lacuna de desenvolvimento nesses estados, refletida por exemplo pelo IDH (Índice de desenvolvimento Humano)”, explica Wayner. “O IDH reflete um passivo social, humano, existente. Os estados onde as taxas mais aumentaram são os mais pobres. Com a interiorização da covid-19 que está acontecendo, essa situação tende a ser observada com mais intensidade.”

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