Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) revela que o Tocantins tinha a menor taxa de realização de trabalho voluntário entre os estados da federação (1,5%), em 2019. O Brasil registrou índice de 4,0% e o Paraná, com maior percentual, 5,2%. De acordo com os dados coletados, as mulheres tocantinenses se dedicam mais ao voluntariado do que os homens. A proporção é de 1,8% para o sexo feminino e 1,3% para o feminino, uma diferença de 0,5 ponto percentual (p.p.).

O módulo Outras Formas de Trabalho da PNAD Contínua Anual foi divulgado nesta quinta-feira, 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O tema abarca os afazeres domésticos no domicílio ou em domicílio de parente; o cuidado de pessoas (crianças, idosos, enfermos ou pessoas com necessidades especiais) no domicílio ou de parentes não moradores; a produção para o próprio consumo; e o trabalho voluntário. Essas atividades não entram no cálculo de ocupação utilizada em outros módulos da pesquisa, por isso são chamadas de outras formas de trabalho, uma vez que também são consideradas trabalho, ainda que não precificado ou tratado como parte do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

No Tocantins, 19 mil pessoas de 14 anos ou mais de idade realizaram trabalho voluntário na semana de referência da pesquisa, o que correspondia a uma taxa de 1,5%. Em comparação com o índice estimado para 2018 (2,9%), a redução foi de 1,4 ponto percentual. O trabalho voluntário, na PNAD Contínua, é definido como aquele não compulsório, realizado por pelo menos uma hora na semana de referência, sem receber nenhuma remuneração em dinheiro ou benefícios, com o objetivo de produzir bens ou serviços para terceiros, isto é, pessoas não moradoras do domicílio e não parentes.

A dedicação ao voluntariado era maior entre as mulheres tocantinenses (1,8%) e entre as pessoas de cor preta (2,0%), em 2019. Pessoas entre 25 e 45 anos (1,7%) e com 50 anos ou mais de idade tinham a maior taxa (1,6%), bem como pessoas com ensino superior completo (2,8%). Em termos de situação na ocupação, as pessoas que trabalhavam (1,7%) tendiam a se dedicar mais em benefício de terceiros do que as não ocupadas (1,4%).

Afazeres domésticos

No ano passado, 1 milhão de tocantinenses de 14 anos ou mais de idade tinham realizado atividades de afazeres domésticos no próprio domicílio ou em domicílio de parente, o que correspondeu a uma taxa de realização de 86,3%, bem próxima da estimada em 2018 (86,1%). Entre o ano passado e 2018, houve aumento de 7 mil pessoas a realizar tais atividades.

Quando o assunto é cuidar da casa as mulheres também registram uma participação maior. Isso, conforme a pesquisa, ocorre em todas as unidades da federação. No Tocantins, enquanto 92,5% das mulheres realizaram algum afazer doméstico, esta proporção era de 80% entre os homens, uma diferença de 12,5 pontos percentuais. Entre 2018 e 2019, houve queda de 0,3 p.p. na taxa de realização masculina, e aumento de 0,8 p.p. na feminina.

No Brasil, a taxa de realização de afazer doméstico ficou em 85,7%. Para o sexo masculino o resultado foi de 78,6% e 92,1% para o sexo feminino. A região Nordeste apresentou as menores taxas para o total (80,3%), para os homens (69,2%) e para as mulheres (90,2%). Nesta ocorreu também a maior diferença de taxa de realização de afazeres entre mulheres e homens, 21 pontos percentuais. A menor diferença ocorreu na região Sul (9,6 p.p.), onde a taxa de realização para homens (84,0%) foi a maior dentre as grandes regiões. Dentre as unidades da federação, Rio Grande do Norte apresentou a maior diferença (26,2 p.p.) e o Amapá (4,1 p.p) a menor.

A realização de afazeres domésticos aumenta no Tocantins conforme cresce o nível de instrução, sobretudo entre os homens. Assim, em 2019, a taxa de realização era de 84,5% entre aqueles sem instrução ou com fundamental incompleto e de 90,6% entre aqueles com ensino superior completo, uma diferença de 6,1 p.p.. Considerando o sexo masculino, a diferença de taxa de realização entre aqueles com menor instrução e aqueles com superior completo era de 4,7 p. p., enquanto entre as mulheres essa diferença era de 3,6 p.p.

A análise por condição no domicílio indica que filhos ou enteados apresentavam as menores taxas de realização de afazeres (76,2% no total, 69,8% entre homens e 85,1% entre mulheres). Conforme a pesquisa, a diferença entre o sexo era maior na condição de cônjuge (14,3 p.p. a mais para as mulheres) do que na condição de responsável pelo domicílio (9,4 p.p. a mais), e ainda maior na condição de filho ou enteado (15,3 p.p. a mais para elas).

Quando se analisa o tipo de afazer por sexo existem grandes diferenças entre homens e mulheres no estado. Em 2019, as atividades ligadas à alimentação, limpeza de roupas e sapatos, fazer compras ou pesquisar preços de bens e arrumação do domicílio ainda estavam muito concentradas nelas, enquanto a realização de pequenos reparos no domicílio foi a única atividade na qual os homens tiveram percentual de realização maior que o das mulheres (66,7% e 29,8%, respectivamente).

Cuidado de pessoas

Em 2019, 387 mil tocantinenses de 14 anos ou mais de idade cuidavam de crianças, idosos, enfermos e/ou portadores de necessidades especiais moradores no domicílio ou de parentes não moradores, sem remuneração. Isso correspondia a uma taxa de realização de cuidado de pessoas de 31,5%, um pouco acima da estimada para 2018 (29,7%). Esse percentual variava conforme o sexo. Enquanto 37,5% das mulheres afirmaram realizar cuidados, entre os homens essa taxa era de 25,4%, uma diferença de 12,1 pontos percentuais.

De acordo com a pesquisa, o cuidado era realizado, sobretudo, para moradores de 0 a 14 anos de idade: cerca de metade das pessoas que informaram cuidar de algum morador, o fizeram para crianças de 0 a 5 anos e para crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. O cuidado de idosos ocorreu em 11,5% dos casos. Já para moradores de 15 a 59 anos, em 12,1% dos casos e esse foi o único grupo onde houve redução entre 2018 e 2019 (queda de 7,7 p.p.).

Produção para consumo próprio

No Tocantins, no ano passado, 134 mil tocantinenses de 14 anos ou mais de idade trabalharam para o próprio consumo, o que correspondia a uma taxa de realização de 10,9%. Comparado a 2018 (8,8%), houve aumento de 2,1 pontos percentuais. Dentre as quatro categorias desse módulo da PNAD Contínua Anual, a produção para consumo próprio foi a única na qual os homens (12%) apresentaram maior participação do que as mulheres (9,8%), uma diferença de 2,2 pontos percentuais.

Em termos de grupo etário, a taxa era maior entre as pessoas de 50 anos ou mais de idade (18%) e menor entre aqueles de 14 a 24 anos (4,1%). Por outro lado,o trabalho para próprio consumo diminui conforme aumenta o nível de instrução, variando de 4,4% entre aqueles com ensino superior completo a 16,3% entre aqueles sem instrução e com ensino fundamental incompleto. Em relação à situação na ocupação, a proporção era maior entre os que não estão inseridos nomercado de trabalho (12,7%).

Na pesquisa, o trabalho de produção exclusiva para uso dos moradores ou parentes abrange os seguintes grupos de atividades: cultivo, pesca, caça e criação de animais; produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material; fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos; e construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras de construção.

Fonte: Ascom IBGE – TO

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