De São Luís, Maranhão – Jornalista Profana ao Mel

Na rotina da pandemia o primeiro bom dia é para as redes sociais. No Instagram mais uma campanha vira pauta: “O Antifascismo”, uma ideologia de contracultura que combate qualquer ideologia que defenda a superioridade de um determinado grupo. Os que levantam a bandeira de militante da internet e colecionadores de figurinhas coloridas afirmam ser “Antirracista”. Nós pretos nos perguntamos onde o seu antirracismo atua? Onde ele mostra sua voz e abre espaço?

O mundo virtual é cômodo para quem prefere alimentar a hipocrisia transformando lutas em modinhas, se adequam ao conveniente ao compartilhar inúmeras informações de cunho social mas preferem não sair do seu privilégio. Já consumiu e fomentou o trabalho da galera preta? Já prestou serviços com preços acessíveis ou não cobrou nada para a galera preta? Já depositou alguma quantia na conta de um artista preto sem a pessoa precisar fazer uma vakinha online? Poucas questões simples de responder.

O levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, aponta que 78% da população pobre é preta. De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em 2016, a população carcerária composta por pretos e pardos era 65%. A população negra continua sendo jogada para a marginalidade, sendo a maioria com a escolaridade incompleta, a maioria assassinada em confronto policial, a maioria em situação de rua. Diante dessas informações, quem está no topo do PIB? Quem está à frente da Academia? E por quê? A ironia do dia a dia tem outra cara, outra vivência e o lobo que vive na pele do cordeiro existe e tem endereço na área nobre, se apropriam do lugar de fala debatendo assuntos da população negra sem a população negra, deturpando e negando as necessidades de quem sente na pele as dificuldades por ser silenciado.

Desta forma o racismo velado é naturalizado, há quem diga que não e há os que levantam a bandeira de “Antirracista”. Velado nos comentários do tipo “Nossa, você tem uma beleza diferente. Exótica”; “Até que teu cabelo é bom”; “Você não é negra, é cor de jambo”; “ Isso é macumba”. Relatos da negação de uma identidade negra e da interrupção de uma narrativa histórica que está se reconstruindo. Nossa luta é real e diária e o racismo velado está nas entrelinhas. Se algum preto disser que é racismo, é racismo. Se você tem o compromisso com a causa use seu privilégio e seja antirracista em todos lugares e a cada momento porque a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil.

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