O litro da gasolina deve ficar mais cara, é que a partir de 3 de agosto, a gasolina vendida no Brasil deverá seguir novas especificações definidas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), responsável pela regulamentação no setor. Ainda não há uma estimativa de qual será o aumento.
As mudanças valem para a gasolina tipo C (comum) e premium, aquela indicada pelas fabricantes de carros esportivos. Mas conforme Petrobrás, na prática, o combustível terá melhor qualidade e deixará os carros mais eficientes – reduzindo o consumo de combustível e as emissões de poluentes, além disso, a nova gasolina ainda deve ajudar na redução de emissões.
Novidade
Entre as novidades, estão a introdução de uma massa específica mínima de 715 kg/m³ para a gasolina. A massa específica é a quantidade de uma substância em um determinado volume.
No momento, não há exigência de uma específica mínima, mas Everton Lopes mentor de tecnologia em energia da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) afirma que a gasolina produzida no Brasil já estava próxima dessa marca. “Porém, nas importadas, havia o risco de vir com massa menor”, completa.
Segundo o engenheiro: “Quando a massa específica é muito baixa, há menor conteúdo energético por litro, então o consumo aumenta”.
Outra novidade é a adoção de um novo padrão na contagem da octanagem da gasolina. O octano é o nível de resistência à combustão dentro do motor. “Quanto maior a quantidade de octanos, mais resistente o combustível é à queima, e mais próximo do melhor nível de eficiência ele vai estar”, diz Lopes.
Na hora que o combustível é comprimido pelo pistão dentro do cilindro, há um ponto ideal para a combustão. Se a octanagem é mais alta, essa explosão acontece em um ponto onde o pistão é impulsionado com mais força para baixo, melhorando, assim, o desempenho do veículo. Por outro lado, se uma gasolina tem pouca octanagem, a explosão acontece de forma precoce, prejudicando o desempenho.
Dois padrões
Atualmente, havia apenas um padrão de medição da octanagem, chamado de MON. com octanagem mínima de 82. Agora, a gasolina também deverá seguir a metodologia RON, mais adequada aos motores modernos, com octanagem mínima de 92. A partir de janeiro de 2022, o índice sobe para 93.
Shizuo acredita que a nova forma de aferição ainda deixa a gasolina brasileira mais próxima da europeia. “Eles divulgavam o MON e o IDA (média entre os dois padrões), enquanto o mais usado lá fora era o RON”.
A gasolina comum ainda ficará abaixo do combustível premium, que passará de 91 octanos, no padrão RON, para 97. Esse tipo de combustível especial, além de ser mais caro, normalmente é recomendado pelas fabricantes de carros esportivos, que desenvolvem seus motores para essa octanagem mais alta.
Além do maior número de octanos, a gasolina premium também possui menor índice de etanol anidro (sem água). A proporção, inclusive, não sofrerá alterações, e segue em 27% na gasolina C (comum e aditivada) e 25% na premium.
A gasolina aditivada, como o nome já diz, um combustível comum, acrescido de aditivos, seguirá o mesmo padrão de mudanças da gasolina tipo C.
Avanço
A Anfavea, associação das fabricantes, diz que a nova especificação é “um avanço importante na direção critérios internacionais modernos”.
“Estes critérios permitem que os novos motores possam ser projetados com características mais econômicas, menos poluentes e com melhor desempenho. Sem dúvida, é um passo importante na melhoria do combustível e, consequentemente, dos futuros veículos. Mesmo para os veículos atualmente em campo, a nova gasolina poderá causar menos depósitos no motor, aumentando sua vida útil”, concluiu.
Com informações do G1 Auto Esporte