Eu não suporto mais tamanha dor. Me tirem daqui”, o pedido acompanhado por lágrimas foi do trabalhador rural Cosmo Carneiro Oliveira para uma de suas filhas.

Com 64 anos, diabético, seu Cosmo está há 32 dias no Hospital Regional de Augustinópolis. E quanto mais espera, o caso dele agrava. É que ele aguarda vaga para realizar uma cirurgia que só faz em Palmas ou Araguaína, mas a resposta tem sido negativa: “não temos condições de receber o paciente no momento pois a cirurgia plástica está super lotada”.

Você leu certo, trata-se da cirurgia plástica. Seu Cosmo estava trabalhando na “roça” quando um espinho entrou na perna dele. Por ser diabético, o problema agravou. Ele foi levado para o hospital regional de Augustinópolis onde a cirurgiã vascular e outros médicos foram fazendo a retirada da carne morta (necrose). Resultado, a tíbia da perna está exposta e precisa ser feito o enxerto. E quem faz isso é o cirurgião plástico.

Pai de 15 filhos, dois ainda menores e o caçula com síndrome de down, a família mobilizou para doações destinadas a segunda fase do tratamento. Mas eles pensavam que a primeira iriam conseguir na rede estadual de saúde. O que era para ser uma realidade acessível, tornou-se um pesadelo, como conta a filha dele, Jacira Alves de Oliveira. “Meu pai é um homem forte, batalhador, e vê-lo chorando por não suportar mais fazer a limpeza é doloroso para mim. Ele tem medo de perder a perna e nós também”.

Jacira explica que a cada novo pedido da regulação para o paciente ser transferido ou para Palmas ou Araguaína, as respostas mudam. “Primeiro diziam que a perna não estava pronta. Agora, que não tem vagas. Soubemos que o problema está no fato de que o Hospital Geral de Palmas está lotado pelo coronavírus. Mas precisamos de uma solução e o que conseguimos arrecadar não é suficiente para todo o tratamento. Realmente, precisamos que o Estado faça essa primeira cirurgia”.

Os encaminhamentos feitos pelo Gerenciamento de Rede Inter-Hospitalar da Secretaria Estadual de Saúde foram para o Hospital Geral de Palmas.

A Gazeta do Cerrado solicitou um posicionamento do Governo do Tocantins sobre o caso e aguarda. O espaço está aberto.