Série de reportagens vai mostrar como está a situação da Covid-19 no Tocantins

A Gazeta do Cerrado começa hoje, 14/7, uma série com três reportagens falando sobre a situação do Coronavírus no Tocantins. Toda a série será publicada nesta terça-feira e quarta-feira, 15 e quinta-feira, 16.

Nesta primeira matéria abordamos sobre a possibilidade do aumento de mortes e como a circulação do vírus afeta toda a população.

Nossa equipe conversou em todas as reportagens com o médico, Dr Estevam Rivello. Ele trabalha na linha de frente contra a covid-19 no Hospital Geral de Palmas (HGP), maior unidade hospitalar e de referência para todas as cidades do Estado e representa o Tocantins no Conselho Federal de Medicina (CFM).

Estevam explicou que hoje o Estado já vive um stress de atendimento na rede pública e também na rede privada de saúde. 

“O aumento exponencial no número de óbitos está intimamente relacionado ao aumento de número de casos, porque possibilita o contato dessa doença com os doentes que vão se agravar e aumenta a internação hospitalar, em vista que hoje a gente já vive um stress de atendimento na rede pública e também na rede privada, sobretudo, relativo ao número total de casos que nós temos aqui no Estado”

O conselheiro federal disse também que as políticas estão desajustadas e isso permite que a doença seja disseminada.

“Então isso é o resultado de políticas desajustadas entre a gestão estadual e municipal que ao invés de frear, de bloquear, fazem é flexibilizar, mais ainda, permitindo que a população circule mais no nosso meio, permitindo assim que essa doença se dissemine cada vez mais”.

Estevam ressaltou ainda que devemos observar que tipo de sociedade estamos construindo neste momento em que todos passam pela pandemia. 

“Nós temos que observar nesse momento, que tipo de sociedade nós queremos. Se queremos uma sociedade contaminada com vírus e com possibilidade de aumentar o número de mortalidade, ou se de fato nós queremos a proteção da nossa população”.

O que é preciso fazer?

Rivello explicou que “fazendo com que a população fique em casa, aumente o isolamento social, as políticas de higiene, contendo assim o avanço da doença, um agravamento no número de casos, reduzindo a internação, reduzindo a mortalidade, achatando a curva e permitindo que a gente chegue no momento em que for descoberto a vacina, medicamento que combata essa doença, pra que a gente não sofra mais ainda”.

Número limitado de leitos e profissionais treinados

O médico que trabalha no HGP afirmou que o Estado tem um número limitado e  de leitos de terapia intensiva e profissionais treinados para tratar o paciente afetado pela Covid e que esteja em estado grave.

“O que vem acontecendo no Tocantins é que nós temos dentro do Estado, um número limitado de leitos de terapia intensiva e de profissionais treinados para o tratamento desse paciente grave, sejam médicos, enfermeiros, técnico de enfermagem, fisioterapeutas, todos os profissionais da saúde pro atendimento desse doente grave”. 

Apesar de se dizer preocupante, Estevam concluiu dizendo que de acordo com que vão avançando as novas descobertas vão surgindo a chance de que a população utilize a medicação específica eficaz ou vacina. 

“Isso é preocupante, faz com que a gente fique com o sinal de alerta ligado e na medida que o tempo vai avançando, novas descobertas vão surgindo e com isso possibilita que população tenha a chance de utilizar a medicação seja eficaz no tratamento, seja a vacina ou a medicação específica, porém, a gente sabe que hoje não há nenhuma medicação de combate com eficácia contra a Covid-19”, finalizou.

Covid no Tocantins

Segundo último boletim epidemiológico estadual divulgado nesta segunda-feira, 13,  atualmente o Tocantins apresenta 15.307 casos no total, destes, 9.589 pacientes estão recuperados, 5.459 pacientes estão ainda em isolamento domiciliar ou hospitalar e 259 pacientes foram a óbito.

O que diz a SES

Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria Estadual da Saúde para comentar sobre a limitação de leitos de terapia intensiva e também sobre o treinamento dos profissionais da saúde, citado pelo conselheiro federal de medicina.

Em nota, a SES informou que em busca de amenizar a propagação do novo Coronavírus, principalmente dentro das unidades hospitalares geridas pelo Executivo Estadual, a SES, seguindo orientações do Ministério da Saúde (MS) limitou o número de acompanhantes (permitido só os previstos em lei); suspendeu as visitas (atualização dos quadros clínicos dos pacientes são repassados aos familiares, via telefone) e interrompeu a realização de cirurgias eletivas.

Aliado a isso, a SES desde fevereiro deste ano, realiza capacitações com as equipes multiprofissionais de todas as duas unidades hospitalares, sobre os cuidados no manejo dos pacientes, suspeitos ou confirmados da Covid-19 e sobre o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs), dos quais os hospitais seguem abastecidos.
A SES enfatiza que realizou contratação de 744 profissionais (Assistentes Sociais,  Auxiliares em Serviços de Saúde,  Farmacêuticos, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos, Motoristas de Ambulância, Nutricionistas, Psicólogos e Técnicos em Enfermagem), para atuarem na prestação de serviços de combate à Covid-19, em seus hospitais. A distribuição e quantidade destes profissionais estão disponíveis no Relatório Situacional disponibilizado no http://integra.saude.to.gov.br/covid19/RelatorioSituacional.
A SES afirma que tem disponibilizado à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) mais de 100 leitos de UTI Covid. Dentre as ações para oferta de leitos para receber os pacientes, a SES destaca a ampliação considerável da assistência aos casos mais graves, a implantação de 17 leitos de  Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Regional de Araguaína e mais 10 em fase de instalação no Hospital Regional de Augustinópolis, unidades hospitalares da Região Macro Norte que não possuíam leitos de cuidados intensivos, pelo SUS.
Por fim, a destaca que a transmissão do novo Coronavirus é considerada comunitária no Tocantins, assim como em todo o território nacional, portanto, toda a população é passível de adoecimento.

Reportagem Lucas Eurilio