Segunda reportagem da série Especial CoronaTO fala sobre o decreto em Palmas e exclusão de entidades no debate sobre a Covid no TO

A Gazeta do Cerrado divulga hoje 15/7 a segunda matéria da série Especial CoronaTO. A última será publica amanhã 16/7.

Hoje nossa equipe conversou novamente com o médico Dr Estevam Rivello que é representante do Tocantins no Conselho Federal de Medicina (CFM) e trabalha na linha de frente contra a Covid-19 no Hospital Geral de Palmas (HGP).

Decreto

Começou a valer na segunda-feira, 13, em Palmas, o decreto que determina o fechamento de todos seguimentos entre os horários das 20h às 5 da manhã.

O decreto vale por 14 dias, mas qual foi o dado técnico e científico utilizado para embasar a essa decisão?

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Conforme Estevam Rivello, é necessário que os gestores repensem muito bem antes da tomada de alguma decisão.

“Como que fecha das 20h às 5h da manhã?. Aonde é que foi que apontou que esse dado epidemiológico contribui para o aumento de número de casos? É isso que tá fazendo com que a gente tenha um aumento frenético no numero de casos, de internação,  de morte? Porque se for tem que fechar, se não, aí tá errado. Então deveriam expor qual o dado técnico e científico que foi utilizado pela prefeitura de Palmas pra poder fechar o comércio no horário definido pelo decreto. Se ela (Prefeitura) de fato conseguir explicar, satisfazer todas as informações de uma forma coerente, científica, tá certo, se não é achismo em cima de achismo. Vamos tomar alguma medida pra mostrar algum resultado”, explicou

O médico disse ainda que tudo o que vem acontecendo é um reflexo do ano eleitoral.

“Tem que ridicularizar a ação irresponsável que não é técnica. Claro que o fechamento contribui para redução de casos, mas será que só das 20h às 5 da manhã é o suficiente? Isso é politicagem, não é unilateral. Não tem como esconder quem morre, mas os casos leves e moderados sim”, afirmou. 

Crítica aos Comitês de Crise e exclusão de entidades de saúde

O conselheiro federal explicou que é preciso contratar um inquérito epidemiológico para saber quais são os próximos passos que devem ser dados para evitar o avanço da Covid no Tocantins.

“Até agora nenhuma autoridade pública, ou secretário, prefeito ou gestor estadual, falou sobre o inquérito epidemiológico que é única certeza que a gente tem pra poder dar os próximos passos, que a gente só vê essa política aí a nível federal. O Governo Federal contratou um inquérito, mas isso deveria ser política pública municipal pra saber o momento exato de flexibilizar ou não. Há uma exclusão total das entidades de saúde, e eu não tô falando só de entidade médica não”. 

Para ele é extremamente importante que haja a participação não apenas de entidades médicas, mas também da enfermagem, fisioterapia e outros.

“Nenhuma entidade de saúde até o presente momento foi chamada para falar as opiniões, pra dar orientação, pra poder nortear o gestor, ou até mesmo quem tá prestando assistência aos gestores. Não foi pedida opinião para nenhuma entidade médica e isso é extremamente temerário, porque muitas das vezes,  nós não conhecemos esses técnicos que estão orientando os gestores municipais e estadual e já com os poderes instituídos, os conselhos regionais, seja de medicina, de enfermagem, de fisioterapia, poderiam muito bem orientar os gestores pra conduzir melhor esse processo, porque os erros que acontecem no percurso desse processo poderiam ser minimizados. A interlocução com os profissionais que estão prestando assistência deveria ser muito mais ampliada e dessa forma a gente observa que as ações, até o momento passam para a população um certo planejamento, mas que pro profissional de saúde que tá prestando assistência, observa-se diversas falhas que não deveriam acontecer”

Por fim, Estevam concluiu dizendo que a falta de participação das entidades e as decisões tomadas até agora, são um exemplo claro que as coisas não estão certas.

“O aumento no número crescente de óbitos é a observação mais solar, mais que clara que as coisas não estão certas, não está da melhor forma. Seria muito melhor se tivesse participado quem faz e quem entende de saúde no Estado”, concluiu. 

O que diz o Estado e o Município

Nossa equipe entrou em contato com as Secretarias Estadual e Municipal desde ontem 14/7 e cobrou uma resposta novamente sobre as situações citadas pelo médico, mas até o fechamento desta matéria ão houve retorno de nenhuma das pastas.

O espaço está aberto para ambos os órgãos se posicionarem.