Maju Cotrim

Muitos apostavam numa intervenção ou divisão no MDB em Palmas. Os mais históricos do partido temiam isso talvez por lembranças não tão distantes…

Mas ao invés de intervenção os principais líderes da legenda resolveram “selar paz”.

O partido passou por dias agitados antes das convenções em alguns colégios eleitorais: em Palmas perdeu tempo á espera de Raul e não teve tempo de trabalhar outra alternativa. O ex governador Marcelo Miranda reassumiu a presidência em meio a tudo isso. Foram muitas as especulações. E o caso da intervenção em Gurupi não desceu bem e gerou um desgaste.

Eis que Eduardo Gomes desembarcou no Tocantins, fez maratonas de reuniões até de madrugada em sua residência ouvindo vereadores e… articulou…

O “reencontro da paz”, aconteceu em frente á mangueira da sede do MDB em Pium no quintal da sede do partido no lançamento do Propício Franco candidato a prefeito pelo MDB. Lá estavam o senador e líder no Congresso, Eduardo Gomes, a deputada federal Dulce Miranda e o ex-presidente que deixou o comando da legenda há pouco mais de uma semana, Nilton Franco, o anfitrião. O evento tinha 10 prefeitos da região do Vale do Araguaia.

Gomes, Dulce e Nilton estavam ali representando a cúpula do MDB atual que está preocupado em manter e resgatar em alguns locais o protagonismo do partido. Fizeram discursos pregando paz, união, prestigiando um ao outro e Nilton Franco se empolgou tanto que até “lançou” Gomes candidato a governador em 2022.

Foi o primeiro evento juntos desde que Eduardo Gomes se filiou e quando em meio às especulações se ele iria “tomar” o comando do partido em Brasilia (como dizem por aí) ele disse que pediu a vaga de “filiado e militante”. Seguiu coerente com o tom pelo qual entrou na legenda mesmo todos sabendo claramente que ele é hoje o maior expoente do partido e uma das principais nacionalmente também.

Ou seja: assumir “de cima pra baixo” a presidência para se sentir no comando ou até mesmo intervir (prática ultrapassada e que foi usada no PP, por exemplo) sequer passaram pela cabeça do senador que assim como o discurso humilde no dia da eleição da presidência chegou a citar como lema: “unir sem intervir”.

Frente a frente com o partido na capital na convenção dia 15 Gomes disse que é preciso colocar o pé no chão nas eleições e comentou: “Política é uma coisa que tem que se fazer com devoção”.

Neste dia ele lançou um desafio: “Que a gente recupere nosso maior patrimônio que são os filiados“ e fez questão de dizer: “Quero deixar claro meu sentimento de humildade”, finalizou “quebrando o gelo”.

Na capital o MDB ficou com Cínthia Ribeiro não por imposição mas porque o sentimento de diálogo se reinstaurou na legenda, comentaram os emedebistas. Porque Eduardo Gomes deu a oportunidade que os correligionários, do mais antigo ao novato, olhassem para ele com igualdade de condição política e não pelo cargo. Não foi sobre imposição, foi diálogo, dizem os filiados.

O senador subiu para o Bico, Araguatins, Itaguatins, deu uma força para o aliado Adriano Rabelo em Colinas e no dia da convenção de Cínthia entrou ao vivo direto do extremo norte do Estado. A intenção foi prestigiar a base.

Em meio a selfies, Gomes mesmo sendo tratado como uma personalidade política por onde passou na verdade focou no principal: em mostrar que exerce na prática a humildade e a pacificação. E que “poder” não se exerce para se impor, mas para ganhar ainda mais respeito através das ações.

Na convenção Gomes lembrou que o MDB foi o primeiro partido que se filiou e avisou: é o último no qual ingressou e onde quer permanecer. Então o MDB mostrou: partido pode representar poder para uns mas para outros ainda há ideologia, identificação e acima de tudo humildade para construir a unidade.

A intervenção no MDB foi a paz e o respeito em meio a tantas diferenças.