Uma gravidez não planejada pode ser um verdadeiro desafio na vida de muitas mulheres adultas, que precisarão alterar suas rotinas, recalcular o orçamento doméstico, entre outras medidas que garantirão o futuro da criança que está por vir. E se para essas mulheres isso é um desafio, o que dizer então de uma adolescente que se encontra na mesma situação?

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Foi pensando nessas jovens que a vereadora Laudecy Coimbra (SD) apresentou à Câmara de Palmas o Projeto de Lei (PL) que institui a Política Municipal de Prevenção e Atendimento à Gravidez na Adolescência. “Esse é um problema antigo, mas que precisa ser debatido nas diversas áreas e setores. Temos que buscar formas de minimizar os efeitos negativos que uma gravidez precoce traz para a vida dessas menores”, defende a parlamentar.

 

Jarryany Castro da Cruz, de 21 anos, teve o primeiro filho aos 17. Ela conta que a gravidez não foi planejada e que apesar disso teve todo o apoio da família, o que foi fundamental para que continuasse os estudos. “Foi um susto para os meus familiares, mas minha mãe foi a primeira a ficar do meu lado. Estudei a gravidez toda e após o parto fiquei um mês sem ir à escola, mas fazia todos os trabalhos em casa”, explica.

 

Para o médico Adonjhones Santos, da Unidade de Saúde da Família da quadra 403 Sul, o apoio familiar é fundamental, tanto para a questão de orientação dessas adolescentes, quanto para os casos em que a gravidez já ocorreu. “O apoio dos pais é de extrema importância. Nós, enquanto ente público, cumprimos nossa parte fazendo os atendimentos e prestando os esclarecimentos necessários. É um trabalho que já é feito, no entanto, quanto mais medidas existirem para que essas meninas recebam orientações e atendimento especializado, melhor.”

 

A integração da família nas discussões sobre a gravidez precoce está entre os pontos mais importantes do Projeto de Lei proposto pela vereadora Laudecy e que está em tramitação na Casa. Conforme a proposta, as adolescentes também receberão orientações quanto aos métodos contraceptivos, atendimento psicológico grupal e individual, ambulatorial e acompanhamento pré-natal. Ainda está previsto o estímulo à prática de atividades extracurriculares de entretenimento, para que as jovens ocupem o tempo livre.

 

Números

 

Segundo dados da Secretaria da Saúde do Tocantins, em 2015, em todo o estado, 315 meninas entre 10 e 14 anos ficaram grávidas. Na capital esse número chegou a 26. Em 2016 houve uma pequena redução nesse quantitativo, caindo para 300 no Estado e 18 em Palmas.

 

Já na faixa etária que vai de 15 a 19 anos, principalmente na Capital, os números ainda preocupam. Em 2016, 637 jovens nessa faixa etária ficaram gestantes. “A ausência de alternativas de lazer e de orientação sexual específica contribuem para aumentar o problema”, complementa Laudecy.