Brasil teve 13,7 mil mortes sem esclarecimento fora das estatísticas oficiais de homicídios — Foto: Marcello Zambrana/Agif/Estadão Conteúdo

O Brasil registrou no ano passado 13.705 mortes “a esclarecer” – um aumento de 9% em relação a 2018, quando foram computadas 12.232 mortes do tipo. É o que mostra o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado neste domingo (18) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Tocantins, conforme os dados, saiu de 169 para 315 mortes ainda sem esclarecimento. Dentre estes casos, por exemplo, está o do ex-prefeito de Miracema, Moisés da Sercon que ainda não foi esclarecido após dois anos. O aumento foi de quase 33%.

Isso significa que há mortes que podem ter sido motivadas por violência fora das estatísticas oficiais de assassinatos.

As mortes sem causa conhecida aparecem quando não há o correto preenchimento das informações das vítimas e dos incidentes e, sobretudo, quando não se consegue estabelecer a causa das mortes violentas: homicídios, acidentes de trânsito ou suicídios.

Para chegar à estatística, foram consideradas apenas os “encontros de cadáveres sem lesões aparentes” e as mortes com “dúvidas quanto a suicídio ou morte provocada”. As mortes suspeitas acidentais e súbitas não foram incluídas.

“O cenário de precarização das polícias investigativas ocorre há muito tempo. O contexto é de restrição orçamentária, junto com problemas de remuneração e de equipamentos das polícias investigativas. Isso tende a piorar cada vez mais. Morte a esclarecer é muito sério. Significa que pode haver maquiagem da estatística. É preciso investir na polícia investigativa e no mapeamento de dados para que não haja manipulação dos dados”, afirma Rafael Alcadipani, professor da FGV e consultor do Fórum.