Lucas Eurilio

Um marco no Tocantins, a criação da Universidade da Maturidade (UMA) aconteceu há 15 anos atrás. Uma luta antiga do nosso povo que veio para, principalmente, fazer parte do cotidiano de idosos e trazer melhorias através de conhecimento e socialização.

Dona Gilda Gomes, uma das criadoras da UMA concedeu ao Gazeta do Cerrado uma entrevista exclusiva nesta segunda-feira, 22, onde fala como surgiu a UMA e sobre preconceito vivido por nossos velhos, nossos anciãos.

O bate-papo faz parte de uma séria de reportagens sobre o aniversário de criação da Universidade da Maturidade.

Veja a entrevista na íntegra

Gazeta –  Como surgiu a UMA?

Dona Gilda – Eu descobri que muitos idosos nasciam, cresciam e morriam analfabetos. Sem ouvir falar da cultura da palavra. Quando conheci Drª Neila Osorio,, ela já tinha mostrado o projeto para alguns prefeitos. Eles sequer leram. Quando chegou na minha mão, eu disse – VAI ABRIR – . Eu li, reli, levei pra Brasília e já vinha lutando há dez anos para a criação da Universidade. Então a UMA surgiu dessa necessidade de levar conhecimento e interação entre os idosos.

Gazeta do Cerrado – O que significa a UMA para a senhora?

Dona Gilda – A UMA significa vida. Tirou muitos idosos do ostracismo, trouxe aprendizado, mas é mais que isso, porque a socialização é mais importante do saber ler. Somos uma grande família. Não há hipocrisia.

 

Gazeta do Cerrado – Como é a interação entre os colegas?

Dona Gilda – Muito boa. Sou comunicativa, eu amo viver, eu amo abraçar, brasileiro é um povo que gosta de abraçar. Espero que isso tudo passe logo e a que possamos todo mundo dar um abraço coletivo em breve.

 

Gazeta do Cerrado –  Como a sociedade trata os idosos atualmente na sua opinião?

Dona Gilda – Melhorou um pouco, mas ainda não o bastante. Muitas vezes, o preconceito parte também do próprio idoso – o que não é desculpa para que continue – . Ele não quer ser velho e a velhice é inexorável.

 

Gazeta do Cerrado – O que a senhora acha do poder da internet e das redes sociais atualmente?

Dona Gilda – É bom e também não é, principalmente para crianças na primeira fase. Falei pro pai do meu bisneto comprar umas revistinhas, gibis, é importante isso também. A internet e as redes sociais são ótimas ferramentas, mas acredito tudo deve ser usado com cautela.

Gazeta do Cerrado – Qual conselho a senhora daria para a nova geração?

Dona Gilda – O idoso tem que conviver o jovem e o jovem precisa aprender que eles também vão envelhecer.  A criança não nasce com preconceito, são os pais que ensinam. O Brasil não é um país jovem e é necessário cuidar dos nossos velhos.

Conheça um pouco mais sobre a Universidade da Maturidade

A Universidade da Maturidade (UMA) – programa de extensão da Universidade Federal do Tocantins (UFT) existe desde de 2006 e é uma proposta pedagógica, voltada à melhoria da qualidade de vida da pessoa adulta e dos idosos, e visa à integração dos mesmos com os alunos de graduação, identificando o papel e a responsabilidade da Universidade em relação às pessoas da terceira idade.

É um espaço de convivência social de aquisição de novos conhecimentos voltados para o envelhecer sadio e digno e, sobretudo na tomada de consciência da importância de participação do idoso na sociedade enquanto sujeito histórico.

A nossa política de atendimento à Vida Adulta e ao Envelhecimento Humano tem por missão desenvolver uma abordagem holística, com prioridade para a educação, a saúde, o esporte, o lazer, a arte e a cultura, concretizando, desta forma um verdadeiro desenvolvimento integral dos alunos, buscando uma melhoria da qualidade de vida e o resgate da cidadania.

A Universidade da Maturidade esteve presente em Tocantinópolis, Miracema e Região, Gurupi, Brejinho de Nazaré e Arraias, também em Campina Grande – Paraíba, além da Universidade Federal do Paraná, Universidade do Amapá e Universidade de Brasília.

Atualmente possui polos em Araguaína, Dianópolis, Palmas e Porto Nacional e também será levada para a cidade de Paraíso do Tocantins.