Edilene Souza pede socorro ao Hospital Regional de Porto – Foto: Reprodução

Equipe Gazeta do Cerrado

Uma servidora e familiar de pacientes atendidos em Porto Nacional têm feito apelos na internet, em grupos de WhatsApp na agilização da implantação de UTIs Covid. O Governo do Tocantins já abriu processo de contratação da empresa para gerir os leitos, porém, a demanda na cidade só aumenta.

Atualmente, são 5.940 casos positivos no município, 1.503 mil infectados só este mês. A cidade tem 101 mortes, sendo 28 somente este mês de março.

A funcionária do Hospital Regional de Porto Nacional, Edilene Souza, em entrevista à Gazeta na manhã desta quinta-feira, 25, reclama da situação do covidário. Ela também vive a apreensão do pai que espera por um leito de UTI, e recententemente ela perdeu o avô, e uma tia para o vírus. “Tenho vivido momentos difíceis, assistido famílias perdendo seus entes queridos. Há menos de um mês a minha família foi acometida por essa tragédia. Perdi a minha tia , ela foi intubada no covidário de Porto, foi muito bem cuidada pelo médico. Conseguimos manter ela viva mesmo sem condições, pois não temos UTI. Brigamos nas redes sociais pelo leito e conseguimos, porém, ela veio a óbito. Ontem eu enterrei o meu avô. vítima da Covid. E meu pai está em estado grave, intubado. E estamos lutando para conseguir uma vaga para ele”, contou Edilene à Gazeta.

Edilene conta que agora luta por uma vaga de UTI para o pai que está no covidário de Porto. “A Saúde é um direito do ser humano. E hoje para gente conseguir um conforto para um familiar temos correr, ir na Justiça, ir nas redes sociais, perder o emprego, porque eu sou contrato e posso perder meu emprego, mas o que vejo naquele lugar, ali não é lugar para paciente intubado não. Os médicos fazem porque não tem outra opção. Já ficamos com pacientes cinco dias, é um enfermaria, como vamos ficar com paciente intubados naquele lugar? Meu pai tá lá, muito grave”, contou desesperada.

“Quantas pessoas já morreram por falar de vaga nas UTI? Meu pai é uma das pessoas mais importantes da minha vida. E sempre fui revoltada em ver os pacientes precisando de UTI. Cadê o dinheiro que veio para a Covid? Estou há três meses trabalhando ali sem receber. Eu já tive plantões com três técnicas de enfermagem e três, quatro pacientes intubados. Eu já cheguei em casa desesperada dizendo que nunca mais voltava naquele lugar, exausta. Os profissionais estão doentes, nós não temos nem apoio psicológico. Nós cuidamos das pessoas, colocamos comida na boca, damos água das pessoas que estão ali, trocamos fraudas, damos banho de leito em todos os pacientes. Mas temos que ser fortes para trabalhar. Meu psicológico não aguenta mais ver tanto sofrimento”, relatou Edilene sobre a situação psicológica dos servidores.

Ela desabafa que já perdeu duas pessoas de sua família e teme perder o pai. “Provavelmente, ele precisará de hemodialise, é para ontem. Talvez ele não posso esperar, não aguentar, assim como outras pessoas”, afirmou.

“Que esse meu grito de desespero possa tocar o coração dos governantes que parecem que não tem coração, famílias sendo dizimadas. Cadê a UTI de Porto Nacional?”, pede Edilene.

Por fim, Edilene agradece à equipe de profissionais da saúde do Hospital Regional de Porto. “Nós não temos condições de cuidar de pacientes intubados. Os médicos são excelentes, cuidadosos, intubam os pacientes por não aguentarem ver o sofrimento. A equipe é guerreira por trabalhar nas condições mínimas. Agradeço aos meus colegas que cuidaram da minha tia, do meu avô e cuidam do meu pai. Meu pai esta quatro dias lá, ele precisa da UTI, talvez ele não aguente, ele precisa de cuidados intensivos.

O outro lado

Em nota, o Governo do Tocantins se manifestou sobre a urgência de UTI. Em entrevista numa TV nessa quarta-feira, 24, o secretário Edgar Tollini chegou a estimar um prazo de até 15 dias para a implantação.

O governo explicou em que pé está a montagem dos leitos de UTIs:

Nota

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que especificamente em Porto Nacional, estamos readequando salas de enfermaria – dentro do HRPN – para se transformarem em leitos de UTI Covid-19. O setor de engenharia da SES está finalizando as reformas no que concerne as redes de água e gás, para contemplar a rede de hemodialise, caso necessário, para que entre em funcionamento em aproximadamente 10 dias. Paralelo a isso também está em fase final a contratação de empresa especializada para gerir estes leitos.

Além disso, o Governo do Estado está trabalhando na abertura de novos leitos de UTI e clínicos, em Paraíso, Guaraí, Dianópolis e Miracema, visando atender as demandas.