Foto Montagem – Luciane Santana/Gazeta do Cerrado

Lucas Eurilio 

Cantar… Um dom, um presente, uma dádiva! Nessa pandemia, muitos músicos e artistas precisaram ‘silenciar’ suas vozes para um vírus que ainda segue destruindo e assolando famílias em todas as partes.

Vozes de luta, vozes que contam histórias e ecoam nas nossas mentes num mais lindo combinar de palavras, sintonia, arranjos e alma. A pandemia parou tudo! Sonhos e projetos tiveram que ser adiados – por enquanto – e dar espaço para um ‘novo normal’.

É fato que o o advento das Lives está à todo o vapor nas redes sociais. Mega produções prendem a atenção do telespectador através de várias plataformas online, mas sem incentivo… como estão se virando os ‘pequenos‘ astistas? Como estão sobrevivendo? Sem poder fazer shows. sem auxílio ou apresentações, os artistas estão tendo que se reinventar.

Nesta segunda-feira, 5, nossa reportagem conversou com artistas tocantinenses para saber como tem sido todo esse período em que os eventos estão proibidos.

Malusa de 33 anos é uma das vozes mais lindas do Tocantins. Pra ela, cantar é uma sensação incrível.

“Pra mim cantar, é algo MUITOOOO bom, um sensação incrível , uma liberdade pra expressar tudo, tudo na música, quando eu estou principalmente no palco, ainda ter nervosismo, borboletas no estômago, mas essa sensação eu nunca quero perder, por que dizem que quando não tem mais esses sintomas, é por que perdeu a graça”.

Questionada sobre o como está sendo essa pandemia, Malusa disse que tem sido bem difícil.

“Bom sobre não está cantando, não está sendo nada fácil, um estresse inexplicável, e acordar todos os dias sabendo que naquele dia eu estaria cantando, é triste”.

Cantora Malusa – Foto: Arquivo Pessoal

Malusa, está você vivendo com seguro desemprego?

Então, como estou me virando, eu trabalhava numa empresa privada, só que a uns dois meses, fui demitida, agora estou sobrevivendo do seguro desemprego”.

Em casa, a namorada da artista contraiu Covid durante o isolamento..

“Eu não peguei Covid, mas a minha namorada pegou, mas mesmo convivendo com ela na mesma casa , eu não peguei, graças a Deus”.

Sobre o cenário atual da pandemia, Malusa afirmou que amigos estão passando fome.
Sobre o cenário, eu sou confiante, mas vendo toda a realidade, não muda esse ano, a vacina aqui, tá muito devagar, as pessoas não estão respeitando o isolamento, então fica difícil tudo isso passar logo sabe? Tenho amigo na minha área que estão passando fome, e eu infelizmente não posso ajudar , é horrível, mas tenho fé.

 

Leando Macedo de 40 anos já canta há 20, metade da vida. Pra ele, cantar é empoderamento.

Cantor Leandro Macedo – Foto – Arquivo Pessoal

O músico contou que está sobrevivendo de economias que fez antes dos Decretos proibirem eventos de acontecerem.

“Cantar pra mim é TUDO. Cantar pra mim hoje é hobby, minha profissão, meu ganha pão, empoderamento político, social, racial. O isolamento social está sendo ruim pra todo mundo, mas pra nossa profissão que mexe com eventos, música, shows, tá sendo ruim porque somos considerados não essencial. Com isso, eu estou me virando como posso. Eu tinha uma economia antes dos Decretos e é com ela que estou sobrevivendo”.

Ele é algumas pessoas da família tiveram Covid-19 e Leandro acredita que o cenário só vai mudar após uma imunização em massa.

“Acho que grande maioria das pessoas tiveram Covid, consequentemente eu e minha família também, mas sem casos graves. Acredito que não deve mudar muito não, porque só o que salva a gente é uma imunização em massa, e a gente não tem nem previsão pra essas vacinas chegarem”. 

Sávio Delluca tem 30 anos e canta há 10. Sem poder se apresentar, o cantor agradeceu o privilégio de poder ter outro meio de fonte de renda.

Cantor Savio Delluca – Foto – Arquivo Pessoal

“Cantar é fazer as pessoas felizes. Nessa pandemia tem sido muito ruim não poder trabalhar, mas graças a Deus tenho outros meios de renda, se não o negócio estaria feio”.

Até o momento, ninguém da família de Sávio contraiu o Coronavírus. Sávio contou que não vê a hora de poder voltar a trabalhar.

“Graças a Deus não tivemos covid aqui em casa. Espero que com a vacina logo possamos voltar a trabalhar’. 

Há cinco anos na estrada, a dupla Ageu e Rodrigo montou uma empresa cada um. A paixão de ambos pela música começou desce cedo. Ageu disse para a nossa equipe que sempre gostou de música, mas não foi sempre que gostou de cantar.

Dupla Ageu e Rodrigo – Foto – Arquivo Pessoal

“Comecei a ser cantor desde quando me entendo como gente. Sempre tive contato com música dentro de casa. Minha mãe colocava música pra eu cantar e desde pequeno eu sempre curti música, mas não curtia muito cantar não. Meu parceiro também desde pequeno, o pai dele é cantor e canta para caramba, incentiva ele. Hoje nosso projeto de dupla tem cinco anos. A música pra gente é tudo. Vivo de música desde que saí da faculdade, de casa. Tive que escolher entre a faculdade e a música porque não tinha como conciliar as duas”. 

Os cantores enfretaram momentos difícéis, porque o amigo de Ageu, seu parceiro Rodrigo descobriu um câncer.

“Tanto eu como meu parceiro Rodrigo resolvemos montar um negócio paralelo. Nessa pandemia todo mundo teve que se reinventar e o Rodrigo, fora essa questão da Covid, descobriu que tinha câncer no dia que a gente veio pra cá – Palmas – por conta do Coronavírus. Ele já veio pra ficar aqui, pra ficar com a família, então, foi um período bem difícil. Eu peguei, meu parceiro pegou, meus pais, meus irmãos, todo mundo pegou, mas todos estão bem”,.

Ageu é otimista e acredita que o cenário pandêmico deve mudar.

“Acredito que o cenário deve mudar sim. Ouvi muita gente falando que achava que o digital ia tomar de conta…. mas penso que até julho do ano que vem, a gente ainda vai melhorar um pouco, não só pra música, mas para o setor de eventos”, finalizou.