Editora-Chefe da Gazeta do Cerrado, Maju Cotrim – Foto: Gazeta do Cerrado
Maju Cotrim – Editora Chefe Gazeta do Cerrado
Chegou a hora do jornalismo falar também do próprio jornalismo. Março passou e com ele um pico assustador da pandemia. Poucas vacinas ainda, leitos de UTIs chegaram ao colapso em vários hospitais.
Medidas restritivas voltaram, a necessidade de conscientizar a população que já tinha começado em sua maioria a banalizar os riscos e até o uso de máscaras… Tocantins voltou a ter dias difíceis.
Tenho recebido imagens fortes como a de uma família inteira ajoelhada em frente a um hospital onde dois entes estão na UTI. Uma imagem que resume o momento: fé.
Por outro lado, toda uma cobrança da população e setores sobre o que tem sido feito nas cidades e no Estado. O povo quer saber… Quer acompanhar…
Tudo isso aqui na Gazeta reportamos todos os dias assim como vários outros veículos profissionais do Estado. Aqui, não temos hora. Nada de domingo. Na GAZETA, particularmente meu próprio telefone pessoal é o contato que coloco para receber as demandas. É um serviço social. Estamos aqui para esclarecer e não para confundir e esse papel deve merecer valorização.
A equipe (reduzida, mas guerreira) também se desdobrando para dar conta de um fluxo enorme de fatos e acontecimentos. Tem horas que a mente trava afinal somos humanos. A gente chora com as histórias que acompanhamos e infelizmente tem final triste, nos emocionamos com a vacinação, com as histórias de superação, com a solidariedade.
Estamos aqui para cobrir tudo que importa mas quem se importa com a qualidade e o trabalho jornalístico? Não estou falando de overdose de links no WhatsApp ou só de mera reprodução de textos: mas de produção, apuração, de ligar, checar, pedir nota… Investigar as denuncias. Ouvir áudios, fazer vídeos…
A linha de frente do jornalismo profissional infelizmente no Tocantins passa por um momento delicado . As empresas do ramo também precisam de sobrevivência… Sem essa de “criminalizar” ou achar que investir comercialmente nos espaços jornalísticos de audiência de forma legal é favorecer ou isso ou aquilo… Tem toda uma máquina funcionando por trás da notícia confiável que as pessoas leem.
Há custos, pessoas que vivem disso, investimento de tempo… Quem se importa com o jornalismo profissional? Setor empresarial, governamentais, prefeituras, poderes…Não podem nos ver apenas como reprodutores de seus conteúdos institucionais! A pandemia trouxe novos tempos, impactos ainda incalculáveis para alguns setores, fechou empresas e em meio a toda essa insegurança tivemos mais do que nunca que nos mantermos firmes.
Outro aspecto envolve o modo como instituições e até mandatários lidam com o jornalismo no Tocantins: confundir com redes sociais. Ter canal aberto com a população e ser claro através das redes pessoais é importante mas a informação e formato jornalístico é outra coisa. O veículo de notícias pauta de forma Jornalistica mostrando todos os cenários, entrevistando… Amplificando o assunto, o problema: isso só o Jornalismo profissional faz. Só redes sociais não basta quando se trata de pautar um cenário por inteiro.
A falta de apoio aos veículos diminui as condições do trabalho jornalístico. Todos os segmentos e instituições Tocantinenses precisam se conscientizar sobre a importância do trabalho do jornalismo. Para os setores que invisibilizam a profissão, é preciso que repensem! Para os que apoiam de várias formas meu agradecimento! No caso da Gazeta meu sincero agradecimento a cada órgão, instituição e parceiro que nesta pandemia as preocupou conosco e com nosso trabalho! Tem sim muita gente que apoia de verdade e entende nosso sistema de trabalho!
Quem se importa com nossa carga alta de trabalho? Plantões exaustivos? Disposição total á população? Converso com vários colegas de outras empresas e sinto o mesmo clima: o de desvalorização com o setor. Não adianta só homenagear ou postar banners parabenizando Jornalistas no nosso dia: é preciso a evolução da forma de ver o trabalho dos veículos profissionais.
Não basta apenas consumir nossa audiência jornalística: valorizar o mercado profissional online passa por várias atitudes. Não queremos ser lembrados apenas na hora de “culpar a imprensa” por determinadas atitudes políticas ou para reproduzir falas e declarações que muitas vezes nem sequer contribuem para o momento.
Assim como vários outros setores do país o do jornalismo também precisa de políticas de valorização para manutenção das empresas que geram empregos e são fundamentais nesta Pandemia.
Enquanto o Brasil é o país onde mais jornalistas morreram por Covid, onde a violência saltou em níveis assustadores no último ano seguimos resistindo em meio á preocupação também sobre nossa própria vida e segurança. Enquanto pautamos os outros e todos os fatos em torno disso: quem se preocupa com a gente?
Por aqui pela Gazeta nosso compromisso aos leitores que foram quem nos consolidou como sua fonte de notícias confiável está acima de interesses individuais sempre. A demanda social, econômica, cultural, turística e acima de tudo humana impera na nossa linha editorial. Obrigada leitores de todos os municípios (e outros estados) por moverem nosso trabalho. Obrigada aos parceiros e incentivadores do jornalismo: vocês nos mantém vivos.
E não tem como esquecer: Vacina já!