Os viajantes procedentes do Brasil, Argentina, Chile e África do Sul que violarem a quarentena obrigatória de 10 dias ao chegar à França terão que pagar uma multa de € 1.500 (quase R$ 8,4 mil), anunciou o porta-voz do governo, Gabriel Attal.

As novas restrições são uma resposta às preocupações do governo francês com as novas variantes do coronavírus, mais contagiosas e possivelmente mais letais. O temor da P.1, cepa responsável pelo agravamento da crise sanitária em território brasileiro, já havia levado Paris a anunciar a suspensão de todos os voos de e para o Brasil na última terça.

— A polícia fará controles para verificar que estão no local onde devem permanecer isolados — disse Attal à rádio Europe 1 nesta segunda, afirmando que a multa chegará a € 3.000 (R$ 16,7 mil) em caso de reincidência.

As multas haviam sido antecipadas no sábado, quando o governo francês anunciou a implementação da quarentena obrigatória para os viajantes que passaram pelos três países latino-americanos e pela África do Sul. Seus valores, no entanto, permaneciam desconhecidos.

O confinamento obrigatório será aplicado progressivamente até entrar plenamente em vigor no dia 24 e também afetará os passageiros procedentes da Guiana Francesa.

Mesmo antes das medidas, viajantes que passaram pelo Brasil já precisavam se comprometer com uma quarentena de sete dias ao chegarem na França, segundo o site da missão diplomática do país no Brasil, bem como realizar um teste PCR ao final do período. A falta de fiscalização do respeito às diretrizes, contudo, era alvo de preocupação entre os franceses.

As novas regras aumentam o tempo da quarentena para dez dias e a tornam obrigatória, criando um sistema para verificar, antes do embarque e na chegada, se há um lugar adequado para a realização do isolamento. O cumprimento das diretrizes será acompanhado por policiais e gendarmes.

Há também novas orientações sobre quais pessoas provenientes dos quatro países poderão ingressar no território francês. Agora, a entrada será majoritariamente restrita a franceses e parentes imediatos, além de outros cidadãos da União Europeia que residam na França.

Para embarcarem, precisarão mostrar um teste PCR negativo realizado até 36 horas antes do voo (antes a validade era de 72 horas) ou um teste PCR realizado há até 72 horas acompanhado de um teste de antígenos negativo realizado com até 24 horas de antecedência. Um segundo teste de antígenos será realizado no desembarque.

Apesar de terem suspendido os voos que têm como origem e destino o Brasil, Paris mantém as linhas que fazem trechos com a Argentina, o Chile e a África do Sul. A decisão, afirmou o escritório do premier, Jean Castex, ocorre porque os países “não têm os mesmos níveis de Covid-19 observados no Brasil”.

No último dia de março, o presidente Emmanuel Macron anunciou a ampliação de uma quarentena até então em vigor apenas em partes da França para todo o país. Os franceses fecharam o comércio não essencial, escolas e creches. Proibiram também o deslocamento a uma distância de mais de 10 quilômetros e mantiveram um toque de recolher, em vigor desde 2020, das 19h às 6h.

Os casos no país já dão sinais de queda, diminuindo 17% nas últimas duas semanas. As mortes, por sua vez, caíram 16% no mesmo intervalo. Segundo dados do Ministério da Saúde francês, o país hoje soma 5,2 milhões de casos de Covid-19, com 100,7 mil mortes.

Fonte – O Globo