Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

O objetivo deste artigo é apresentar alguns dados referentes à Covid-19 envolvendo os cinco municípios com maior número populacional do Tocantins: Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. A ideia inicial era destacar a situação de Porto Nacional perante os demais municípios em análise, porém os resultados apontaram informações importantes para além desse município.

Na análise tomou-se por base os dados de 01 de fevereiro até 12 de abril de 2021. Para ter-se a referência quantitativa do período fez-se apenas os cálculos das alterações sofridas utilizando o dado do dia 01 de fevereiro e o dado do dia 12 de abril. Temos ciência de que no período de análise os dados oscilaram. Os gráficos apresentados possibilitam fazer diferentes observações por parte dos leitores, para além do que foi aqui escrito. É importante termos claro que uma maior variação de números absolutos pode não significar uma maior variação de porcentagem.

Tendo como referência os Casos Confirmados de Covid-19 por 100 Mil Habitantes, percebe-se que o maior crescimento ocorreu no município de Porto Nacional, com 85%, seguido por Paraíso do Tocantins, com 83%. Posteriormente vem Gurupi, com 60%, Palmas, com 50% e Araguaína, com 27%.

Araguaína tinha o maior número de casos confirmados por 100 mil habitantes no inicio do período em análise e, apesar de ter tido o menor índice de crescimento, continuou na primeira posição. O município de Palmas, que estava na segunda posição, foi ultrapassado por Porto Nacional e Paraíso do Tocantins. Gurupi se manteve na quinta posição, porém, teve um aumento significativo de casos.

É visível a diminuição do crescimento dos casos no município de Palmas por volta de 15 dias após ser sancionado o decreto pela prefeita municipal que restringia de forma mais significativa a circulação das pessoas. Nos demais municípios o crescimento se manteve em um nível mais elevado. Porto Nacional e Paraíso do Tocantins tiveram um crescimento bastante acelerado.

A Taxa da Mortalidade por Covid-19 é obtida pela relação entre o número de óbitos pela doença e a população total do município, multiplicado por 1.000. No período em análise o maior aumento foi no município de Paraíso do Tocantins, com 130%, seguido de Porto Nacional, com 107%. Posteriormente vem Gurupi, com 90%, Palmas com 70% e Araguaína com 30%.

Araguaína tinha a maior taxa de mortalidade no inicio do período em análise. Ao longo do tempo foi ultrapassado por Porto Nacional e Paraíso do Tocantins, sendo que Gurupi também teve sua taxa aumentada de forma considerável. Palmas se manteve com a menor taxa de mortalidade ao longo de todo o período em análise.

Cabe um destaque especial para o aumento da taxa de mortalidade em Porto Nacional e Paraíso do Tocantins, que ultrapassaram Araguaína. Essas ultrapassagens ocorreram em momentos diferentes do período em análise.

A Taxa de Letalidade é obtida entre a relação dos óbitos e o total de casos de Covid-19 no município e é expressa em porcentagem (%). No período em análise o maior aumento ocorreu no município de Paraíso do Tocantins, com 26,3%, seguido de Gurupi, com 18,8%. Posteriormente vem Palmas, com 14,3%, Porto Nacional, com 12,6% e Araguaína com 2,3%.

Dentre os municípios em análise, Porto Nacional manteve a letalidade mais elevada durante todo o período em análise. Paraíso do Tocantins iniciou o período como o segundo maior município em letalidade e, no decorrer do tempo, oscilou com Gurupi na terceira posição, sendo que a partir de 23 de março de 2021 teve um crescimento acelerado, mantendo-se como segundo município com maior letalidade até o fim do período. Araguaína manteve-se na quarta posição, com baixa variação na taxa de letalidade. Palmas se manteve em todo o período com menor taxa de letalidade, apesar de ter um crescimento ao longo do período.

Os dados apresentados mostram o quanto Porto Nacional e Paraíso do Tocantins foram impactados pela segunda onda de Covid-19. Em relação às taxas de Mortalidade e Letalidade, uma hipótese a ser verificada, é a ligação com a falta de leitos de UTI nesses municípios. A maior demora entre o tempo de sair do leito clínico até chegar ao leito de UTI pode ter tido um papel importante nesse aspecto.

Gurupi também passou por um crescimento considerável em todos os fatores de análise. Araguaína precisa de um olhar diferencial, pois, apesar de ser o município com mais Casos Confirmados por 100.000 Mil Habitantes em todo o período, foi o que menos variações ocorreram. É possível que a segunda onda tenha iniciado antes do período aqui analisado.

Um ponto que merece atenção é o efeito das medidas mais restritivas implantadas no município de Palmas, que parece demonstrar um resultado satisfatório. Caso seja necessário repetir a ação, a decisão pode ocorrer quando os dados estejam em um patamar mais baixo, minimizando os efeitos de saúde. Sabe-se do grau de dificuldade e pressão no momento de tomar uma decisão dessa envergadura.

Uma questão que precisa ser firmada coletivamente é de não deixarmos repetir a situação trágica que vários municípios passaram nas últimas semanas, com falta de atendimento de saúde adequado para vários pacientes de Covid-19. Será importante ter uma previsibilidade mais apurada do que pode a vir ocorrer para, se necessário, ter uma intervenção em tempo hábil, evitando sofrimento e perda de vidas humanas. Para tanto, estudos científicos se fazem cada vez mais importantes e devem respaldar as decisões dos gestores públicos.

Prof. Dr. Atamis Antonio Foschiera – UFT/Porto Nacional – Curso de Geografia

Jair Souza da Silva – Geógrafo pela UFT/Porto Nacional e Mestrando pela UFCat