Uso de máscara para proteção contra o novo coronavírus – Foto: Ricardo Wolffenbutte
Depois de quase cinco meses do início da vacinação contra a Covid-19, o Brasil imunizou 11% da população com duas doses. O ritmo ainda não favorece uma redução taxa de contágio da doença. Além disso, em pelo menos 18 estados, mais o Distrito Federal, a ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) está acima de 80%.
Em entrevista à CNN, a infectologista da Unicamp, Raquel Stucchi, disse que com este quantitativo de vacinados e com a alta incidência da doença ainda não é possível flexibilizar o uso de máscaras — o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que pediu um estudo ao Ministério da Saúde sobre a viabilidade da medida.
“Essa taxa de hospitalização indica que nós ainda temos muitos casos novos e uma grande circulação do vírus. Portanto, 11% de população vacinada não nos dá nenhuma segurança para tirar a máscara de ninguém, nem de quem já está vacinado e nem de quem já teve a doença.”
O Ministério da Saúde anunciou a chegada de vacinas da Janssen, que são de dose única, para esta semana. Com isso, 3 milhões de novas pessoas serão imunizadas. O ministro Queiroga enxerga com otimismo a velocidade da campanha de imunização e acredita que Brasil tem capacidade de vacinar 2,4 milhões de cidadãos todos os dias.
Stucchi acredita que até o final de 2021 toda a população acima de 18 anos estará vacinada contra a Covid-19.
“Temos a chegada agora da vacina da Janssen que deve ser aplicada rapidamente e aumentará a nossa cobertura vacinal. E pelas promessas de produção aqui no Brasil, da Fiocruz e Butantan, e novas remessas de doses da Pfizer, eu acredito, sim, que conseguiremos imunizar a população vacinável até setembro, outubro. Até o final do ano devemos estar todos vacinados e, talvez, já planejando uma nova vacinação para 2022.”
Segundo a infectologista, apenas com 80% da população tendo recebido as duas doses é que a discussão sobre tirar a máscara poderá ser colocada em pauta. Ela acrescenta que ainda assim é necessário observar outros dois dados: redução das internações e redução dos óbitos.
Flexibilização precoce
A infectologista falou sobre o cenário da pandemia no Brasil no começo de maio, quando alguns locais começaram a implementar medidas menos restritivas de circulação de pessoas. Segundo ela, “o que nós tivemos foi uma decisão de flexibilização muito precoce”, que propiciou o aparecimento de novas variantes. “Flexibilizamos em todos os locais quando nós tínhamos poucos dias de uma melhora do número de dados com redução de casos, sem termos uma redução significativa de taxas de ocupação de hospital.”
Fonte – CNN Brasil