O Jalapão não se resume à política

Maju Cotrim

Alguns dizem até que ele é mais conhecido que o próprio Tocantins. Chamado de “bruto”, tido como “o outro lado do Paraíso” e destino dos sonhos de pessoas por todo o mundo: esse é o Jalapão, projetado pelo viés de suas maravilhas naturais.

2021 e no arrastar dos anos e com tantos acontecimentos, a região vive um novo momento em vários sentidos. E isso não se resume a política ou políticos, embora eles tenham responsabilidade sobre o contexto social e na necessidade de fortalecimento do turismo. Lá tem uma iniciativa privada pujante, gente que escolheu investir, morar lá e que move aquela região.

Existem vários contextos dentro de um só Jalapão. A demanda tida como maior há anos e que já foi alvo de várias promessas: a situação das estradas que não está ligada apenas ao acesso do turista que quer usufruir de lá, mas principalmente sobre os moradores que precisam se deslocar por questões de saúde e ter acesso a vários aspectos necessários para sua vida. Sim, o Jalapão quer e merece estradas melhores. Fato!

Há cerca de dois meses foi assinado o início das obras de trecho de asfalto que vai de Lagoa a São Félix. Há uma expectativa ainda pela construção de um aeroporto em São Félix e dia após dia chegam investidores.

Foto: Gazeta do Cerrado

O ministro do Turismo, Gilson Machado, há cerca de dois meses esteve em evento na região e anunciou R$ 19 milhões em linhas de crédito voltadas a segmentos de micro, pequenas e médias empresas para auxiliar empreendimentos turísticos cadastrados no Cadastur.

O Jalapão tem ficado no centro de muitos anúncios de benefícios esperados pelos jalapoeiros-raiz há décadas. Justiça seja feita: há um grande esforço nos bastidores para canalizar benefícios para o Jalapão e garantir a atenção que a região sempre mereceu e muitas vezes não teve.

Acontece que a região é protagonista e quer ser vista, analisada e apoiada além dos importantes atrativos. Não quer só aparecer em novelas e realitys. O Jalapão está determinado a lutar pela resolução de gargalos antigos. Ele precisa gerar mais benefícios para quem vive, investe e desbravou aquele lugar. O Turismo de base comunitária e vivências, por exemplo, começa a despontar para que os turistas levem não só artesanato de capim dourado mas também experiências das histórias vivas.

Além disso, um movimento forte começa a pulsar na região: a formação de um consórcio formado por nove cidades, o COMURJA. Gestores organizados no lema: “a união faz a força”. As cidades precisam melhorar a infraestrutura turística não só para receber bem, mas para gerar mais emprego e renda.

Nesta semana em que o Jalapão esteve no centro de polêmica envolvendo a senadora Kátia Abreu e a Cachoeira da Formiga, uma reflexão é necessária: é preciso sempre diálogo e respeito para resolver seja lá o que for. A união de todos os setores deve estar acima de qualquer desentendimento. Repercussões negativas não somam nada e não combinam com este momento diferente que se abre para o coração do Tocantins. A dívida história com o jalapão não se resolve em dias ou meses e esbarra nas próprias características naturais da região…. não dá pra visitar lá uma vez no ano e dizer que conhece os problemas da região. O cenário é bem mais complexo!

O que se vê no Jalapão é setores se reinventando por causa da pandemia e o desejo comum de melhorias não só pelos e para os turistas mas principalmente para quem mora lá. A região deu um exemplo na pandemia, sendo uma das que menos teve casos e mortes.

A organização dos gargalos no turismo, a ampliação da atividade com responsabilidade, suporte para os empresários e acima de tudo um olhar diferenciado para os quilombos e população que ainda vive à margem, como os moradores do Boa Esperança. Os desafios ainda são latentes, as soluções são conjuntas e virão de um movimento de união. Não há espaço para politização no Jalapão

Existe um Jalapão além das fotos, dunas e fervedouros: o Jalapão das pessoas! Que vive e se conecta com o turismo mas que precisa se desenvolver junto com ele.

Muitos tem me perguntado recentemente porque vou tanto ao jalapão…. porque como tocantinense e jornalista tenho a obrigação de pautar a região além da beleza dos atrativos. Com base nisso a Gazeta lançou inclusive o novo produto, o Planeta Jalapão porque o lugar merece conteúdo exclusivo e ser pautado por todas as suas nuances.

Foto: Gazeta do Cerrado