Na luta contra a leucemia, o pequeno Francisco Teixeira Cabral ganhou as redes sociais com um exemplo de otimismo na última semana. Com a campanha de uma vaquinha online, mais de R$ 96,8 mil foram arrecadados para custear o tratamento de Chico no Hospital de Amor em Barretos.

No Twitter, Camila Abreu Teixeira Leitão, de 27 anos, agradeceu. “Muito obrigada a todos que contribuíram financeiramente e com orações (e continuo contando com elas). A campanha foi um sucesso graças a vocês! TODO O VALOR EXCEDENTE à meta da vakinha será destinado a uma ONG que auxilia famílias de crianças com câncer”, afirmou.

https://twitter.com/tcholinda/status/1411745582423711755?s=21

Tudo começo quando ao ter o cabelo raspado, o menino de 6 anos de Porto Nacional, em tratamento no Hospital de Amor em Barretos (SP), emocionou a mãe ao encarar com coragem e bom humor a mudança de aparência e ficou entre os trending topics do Twitter, com mais de 2,2 milhões de visualizações.

“É gente, minha mãe é assim mesmo, ela chora por tudo”, brincou.

 

O registro foi feito por Camila Abreu Teixeira Leitão, de 27 anos, que pouco tempo depois de ter se recuperado de um câncer nos ossos agora precisa ajudar na reabilitação do filho, que faz quimioterapia. Inesperada, a repercussão nas redes sociais, segundo ela, traz ainda mais otimismo.

“Tô transbordando felicidade, é um combustível você ler as mensagens. Abro meu direct e queria conseguir responder todo mundo. Fico tão feliz. Vejo muita gente reclamando, e vendo o vídeo do Francisco, o pessoal pensa ‘por que é que eu vou reclamar?’. Eu só queria agradecer, fiquei muito feliz pelas mensagens. Essas energias estão chegando até a gente e ele está super bem. Vai demorar, mas ele vai ficar 100%”, diz.

Em tratamento contra leucemia em Barretos (SP), Francisco e a mãe Camila — Foto: Reprodução/Redes sociais

O vídeo

No vídeo, Camila decide registrar o momento em que raspa os cabelos do filho, por conta do início do tratamento. Pouco antes de começar, ele diz estar tranquilo, mas faz uma careta e uma ressalva: “Eu também tô com medo.”

Tranquilizado por Camila, Francisco chega a resmungar, mas logo vê que está tudo bem e solta: “É tranquilo, mãe!” Em seguida, ele passa a mão na cabeça e demonstra curtir o novo estilo.

Em lágrimas pelo exemplo de otimismo do filho, Camila elogia: “Tá lindo”. Logo, Francisco percebe a comoção, brinca com a mãe, ganha um beijo e retribui: “Eu sei que [é] tão lindo a senhora estar chorando.”

Ao final, Francisco ainda esboça um sorriso enquanto a máquina termina de tirar os últimos fios de seu cabelo: “ fazendo cosquinha.”

Francisco, de 6 anos, faz tratamento contra leucemia no Hospital de Amor em Barretos (SP) — Foto: Reprodução/Redes sociais

Francisco, de 6 anos, faz tratamento contra leucemia no Hospital de Amor em Barretos (SP) — Foto: Reprodução/Redes sociais

Exemplo de otimismo

 

Segundo Camila, o otimismo evidente no vídeo que viralizou também é uma realidade no dia a dia da criança, desde quando a luta contra a doença começou. Mas isso nunca foi um sinal de fuga da realidade. A mãe garante que o filho é assim, feliz, mesmo consciente do tamanho do desafio que tem pela frente.

“Ele está muito tranquilo, mas ele sabe da doença. Eu expliquei pra ele, ele sabe de tudo, tudo eu explico pra ele”, afirma.

Com um tratamento que deve durar em torno de dois anos, de acordo com a mãe, Francisco está há quase dois meses no interior de São Paulo desde que foi diagnosticado com a leucemia no início de maio no Tocantins.

“Eu desconfiava. Foi uma coisa do nada e os médicos já diziam que provavelmente seria leucemia ou sequela de um vírus, como Covid ou dengue. Fazendo os exames de sangue, os leucócitos e a imunidade dele estavam sempre baixos, não aumentavam. Eu comecei a desconfiar e, quando ele fez o exame de medula e descobriu a leucemia, eu até falei pra médica que já esperava”, lembra.

 

O diagnóstico apareceu um mês depois de Camila ter se recuperado de um tumor no braço. Assim como o filho, ela também se tratou no Hospital de Amor em Barretos e tentou se manter com pensamento positivo, mesmo com os desafios.

“Fiquei em choque, nem sei o que eu estava sentindo. Eu fiquei pensando ‘gente, eu acabei de voltar de Barretos, fiz meu tratamento e aconteceu isso’. Mas eu sempre tentei levar numa boa”, diz.

“Eu levo isso tão na boa, eu e ele. Porque eu tento passar isso pra ele, não posso ficar triste. Às vezes eu choro, ele vê e diz ‘mãe, pra quê chorar, não precisa chorar’. Mas eu sempre tento ficar numa boa, demonstrar isso pra ele pra ele não ficar triste”, acrescenta.

Nessa busca pelo otimismo, e ao ver que os cabelos do filho começaram a cair, Camila também quis raspar a cabeça, mas Francisco, segundo ela, não deixou. Ao final, o que prometia ser algo doloroso se transformou em um momento engraçado na visão do filho, conta a mãe.

“Eu achei que ia ser tranquilo, peguei a maquininha e quando eu vi o cabelo caindo eu fiquei preocupada com ele. Pensei ‘será que ele vai chorar:’ e quem acabou chorando fui eu, e ele nem aí. Ele fica brincando que está parecendo um ovo, fica o tempo todo brincando que está parecendo um ovinho. É uma graça.”

 

 

Com informações do G1 SP