“A discussão sobre inteligência artificial (A) voltou após o Facebook encerrar seu projeto que criou uma linguagem própria que não pode ser compreendida por humanos. Com isso volta à pergunta: devemos temer o cenário que o cinema costuma relatar com a aniquilação da humanidade pelos robôs?”, o professor André Miceli coordenador acadêmico do MBA em Marketing Digital e do Post-MBA em Digital Business da FGV São Paulo.
Ele descarta prontamente essa possibilidade, mas ressalta que teremos problemas. De acordo com o acadêmico, o problema é como a população vai lidar com a inteligência artificial. Miceli alerta para o fato de que robôs diminuíram de tamanho, tiveram sua capacidade de aprendizado ampliada nos últimos anos, deixaram de ser usados apenas para atividades físicas e passaram para as intelectuais.
O professor da FGV diz, no entanto, que a medicina pode ser uma das beneficiadas. “Muito provavelmente será possível checar uma radiografia ou exame de sangue logo após a coleta, e relacionar todos os testes com desdobramentos de doenças, até mesmo prevendo o que vai acontecer com o paciente no futuro”, acredita.
Miceli salienta, porém, que o processo de transformação acelerada da automação também vai mudar a estrutura organizacional das empresas e desconstruir a relação milenar que temos com o trabalho. Ele cita o exemplo dos critérios usados pelos agentes “tomadores de decisões”. “Que tipo de decisão que a máquina vai tomar? Ela pode criar formas excludentes de tratamento, como a diminuição de mulheres em cargos específicos ou elaborar relatórios com discursos hegemônicos sobre determinado tema”, expõe Miceli.
Por fim, o especialista afirma que será necessário pensarmos em alternativas econômicas, pelo simples fato de que não haverá emprego para todos nesse novo cenário que se aproxima. “Precisaremos nos adaptar a um mundo novo e estar dispostos a abraçar as inovações tecnológicas, uma vez que quem não estiver liderando a mudança, poderá ser atropelado por ela”, avalia o professor da FGV.
Fonte: Computer World