Do Jalapão – Maju Cotrim
Ela recebe bem todos os turistas pessoalmente. Com sua voz rouca e dezenas de flores pelo quintal, lá vem Dona Vera, esposa do Sr Júlio. A pousada dos Buritis é conhecida em Mateiros e foi a 3ª a ser aberta ainda em meados dos anos 2000.
Com orgulho, ela mostra cada canto de sua pousada e agora trabalha na construção de uma piscina. Em meio ao início do processo de discussão sobre a concessão ela demonstra o medo.
“Começamos devagarinho, construímos 10 apartamentos, depois aumentamos e hoje temos 31 apartamentos, desde 2006 iniciamos com a pousada e sempre deu certo, sempre aumentando”, comentou.
“Nos envolvemos muito com a comunidade, fomos fundadores da pastoral da criança, fomos construindo raízes e hoje cola jalapoeiros de coração, daqui não saio não não, viemos do Rio Grande do Sul e hoje posso te dizer que o Jalapão é nossa terra”, contou.
Dona Vera conta que o maior medo que passou como empresária foi a pandemia. “Como é que eu ia demitir minhas funcionárias que estão comigo há mais de 15 anos? Falei com elas enquanto eu tiver comida na minha mesa não vai faltar na de vocês”, conta.
Ela já foi primeira dama da cidade quando seu marido, Sr Júlio foi eleito prefeito em 2012. Os dois além do hotel abriram há menos de um ano o novo atrativo: a Cachoeira dos Buritis que fica ao lado da Formiga, um dos principais cartões postais do jalapão. “Graças a Deus não somos especuladores dos quilombolas, somos bem vindos na associação dos moradores do Carrapato, fizemos uma amizade grande e eles nos receberam muito bem, compramos e pagamos o preço justo ”, conta.
“Amamos o Jalapão e estamos aqui prontos para fazer cada vez mais essa união, essa construção.
Ajuda do BNDES
Sobre a concessão, dona Vera questiona e sugere porque o BNDES não ajuda os pequenos empreendedores locais com linhas de crédito para que eles possam se recuperar da pandemia.
“Isso tem nos preocupado muito. Os turistas são revoltados com isso se a concessão seja do jeito que estão falando mesmo de construir resort nas dunas”, afirmou.
“Passamos sete meses fechados, nosso atrativo abriu dia 22 de fevereiro e não chegou a ficar um mês aberto… se já era plano do governo fazer um Jalapão que receba um turismo mais exigente porque então o governo não chamou o BNDES e disse vamos ajudar aquele povo a melhorar?”, questionou.
“Chegasse aqui e dissesse: Dona Vera, quanto é que a senhora precisa para reformar sua pousada para deixar tudo ok ou aumentar e quando voltar da pandemia”
“O ecoturista é feliz e tranquilo com o trabalho que nós oferecemos”, alega a empreendedora.
Dona Vera falou do aumento da demanda de turistas e disse que o hotel sempre está lotado. “Porque precisa vir gente de fora investir aqui!?”, questionou.
Assista o vídeo da entrevista da Dona Vera:
Entenda o que já foi dito sobre a concessão:
A agenda de Diálogo Público para tratar da proposta de concessão dos serviços turísticos que hoje são de responsabilidade do Governo do Tocantins, no Parque Estadual do Jalapão, terá início no dia 30 de setembro. A data foi confirmada pelo secretário de Estado de Parcerias e Investimentos do Tocantins, Claudinei Quaresemin; e pelo superintendente de Governo e Relacionamento Institucional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Pedro Bruno Barros de Souza, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, 2, em Palmas.
A agenda de Diálogo Público incluirá a fase de consulta e audiência pública, nas quais técnicos do BNDES e do Estado apresentarão o projeto e todos os interessados poderão dar contribuições, de maneira a aprimorar a proposta inicialmente apresentada.
O superintendente do BNDES, Pedro Bruno, destacou que, além da melhoria da qualidade de vida, geração de emprego e renda para a população, a proposta de concessão visa contribuir para desonerar o Estado. “A grande dificuldade de qualquer ente, hoje, é a dificuldade de orçamento para investimento e, avançando com o projeto, a gente também espera desonerar o Estado. Com esta desoneração, colaboramos para que o Governo possa investir em outras áreas. Esta é a intenção, mas não daremos um passo sem que ocorram o diálogo e uma construção conjunta. A participação dos diversos interessados é que vai fazer com que tenhamos um projeto que atenda aos anseios e às expectativas de todos. Estamos muito cientes dessa responsabilidade”, afirmou.
Fases da proposta de concessão
O superintendente do BNDES reforçou que o projeto de concessão deve passar, criteriosamente, por todas as etapas, sendo que atualmente estamos apenas na primeira fase, de estudos iniciais.
“Existe um rito consagrado para qualquer processo de concessão. Estamos concluindo os estudos iniciais que serão amplamente divulgados para, posteriormente, passarmos à etapa das consultas públicas. Esta é a principal etapa, na qual todos poderão contribuir para a construção de um projeto melhor”, explicou o superintendente.