Maju Cotrim
Antes de morrer, a matriarca quilombola tocantinense Dona Juscelina deixou escrito um dos seus desejos: uma praça em frente á sua casa onde também funciona a sede da associação da comunidade em Muricilândia, norte do Estado.
A praça será construída com recurso de R$ 500 mil que já foi empenhado pelo programa Calha Norte nesta quarta-feira, 29. Assim que a líder morreu, o prefeito da cidade, Alessandro Borges que era amigo pessoal dela, afirmou que ia buscar o recurso para realizar o sonho da quilombola que era símbolo da cidade.
A líder quilombola Lucelina Gomes dos Santos, a Dona Juscelina, faleceu dia três de julho em Araguaína, aos 90 anos. Ela vivia na comunidade quilombola que leva seu nome, em Muricilândia, o Quilombo Dona Juscelina.
Doutora Honoris Causa
No dia 24 de fevereiro, o Conselho Superior (Consuni) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) concedeu do título de Doutora Honoris Causa a Dona Juscelina. Ela nasceu em 24 de outubro de 1930, em Nova Iorque, no Maranhão, neta de uma cativa. Dona Juscelina foi benzedeira, devota e romeira de Padre Cícero e do Divino Espírito Santo. Também era lavradora, parteira, quebradeira de coco e griô (indivíduo que, numa comunidade detém a memória do grupo e funciona como difusor de tradições), presidindo o Conselho de Griots da Comunidade desde a fundação.
Cidadã Muricilandense
Dona Juscelina ainda recebeu o título de Cidadã Muricilandense, concedido pela Câmara Municipal de Muricilândia, em 2012, pelos relevantes serviços prestados à cidade na construção de uma comunidade negra quilombola, resgatando e incentivando a cultura e os direitos desta comunidade.
Prêmio Boas Práticas em Direitos Humanos
Em 2016, como reconhecimento por sua importância na luta em defesa dos direitos da comunidade quilombola, recebeu o Prêmio Boas Práticas em Direitos Humanos – Categoria VIII – Igualdade Racial, concedido pela Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju) do Tocantins.
Como parteira por 25 anos, Dona Juscelina trouxe 583 crianças ao mundo