Foto – Tomaz Silva/Agência Brasil

Lucas Eurilio

Hoje é celebrado o Dia da Visibilidade Travesti e Transexual, uma data importante na comunidade LGBTQIAP+ e apesar de ter muito o que comemorar, há também motivos para ficarmos triste, isso porque o Brasil é pela 13ª vez o país que mais mata travestis e transexuais no mundo.

Dados divulgados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) neste sábado, 29, mostram que em 2021 foram 140 pessoas foram mortas de formas brutais, sendo 135 de travestis e mulheres trans e 5 de homens trans e pessoas transmaculinas.

Conforme o Dossiê de Assassinatos e violência contra transexuais nada foi feito no Brasil para que essa realidade seja mudada. (Veja dados completos no final da reportagem).

“Denunciando que, embora as oscilações métricas revelem uma aparente diminuição dos números mapeados por esta pesquisa no ano de 2021, isso não se reflete exatamente em uma queda na violência ou no número dos assassinatos contra pessoas trans em geral, visto que em 2021 o Brasil seguiu sem qualquer ação do estado para enfrentar a violência transfóbica”, diz trecho do documento

Ressaltamos que a média dos anos considerados nesta pesquisa (2008 a 2021) foi de 123,8 assassinatos/ano. Observando o ano de 2021, com 140 casos encontrados, vemos ele continua acima de média de assassinatos em números absolutos. – Fonte ANTRA

O dia 29 é um marco na história Travesti, porque nesta data, em 2004, ocorreu a primeira mobilização organizada LGBTQIAP+ para reivindicar direitos, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

De lá pra cá, pouco foi feito para esse grupo de pessoas. As violências contra essa população vão desde mortes até o desrespeito com seu gênero, falta de acesso – emprego, relacionamento, saúde e- e por aí vai.  Muitas são julgadas por estarem em num mundo de prostituição exemplo, mas elas, eles e elus, na grande maioria das vezes – isso pra não dizer em todas as vezes – sofrem todos os tipos de rejeição e as oportunidades são 0.

Fonte – ANTRA

No Brasil, temos grandes representantes – entretanto ainda são bem poucos – na música, na política, na TV, na criação de conteúdo, em alguns outros setores. Linn da Quebrada por exemplo é uma voz travesti potente. Cantora e nascida em São Paulo, Linn é uma das integrantes que participam do Big Brother Brasil 2022, maior reality brasileiro.

Além dela temos artistas diversas como  Liniker, Urias, As Baías, Teodora Régia, Ventura Profana  , Jup do Bairro,  Brisa Passageira, Tifhanny Flor de Lua, Pietra Pepê  , Bixarte, Pietra Sousa e diversas outras cantoras travestis no país.

Na política temos Érika Hilton(PSOL), que é ativista e ganhou notoriedade internacional ao ser a primeira travesti e vereadora mais bem votada do Brasil, nas Eleições 2020.

Também na política, temos a professora Duda Salabert (PDT) que é uma mulher trans e foi a vereadora mais bem votada da história de Belo Horizonte (BH) e ocupou o primeiro lugar de 41, no pleito da Câmara de Vereadores da capital mineira.

Vale ressaltar que, apesar de parecer muitas representantes, são pouquíssimas pessoas trans que conseguem chegar no ‘topo’. Muitas estão completamente à mercê, completamente invisíveis.

Por Estado

Conforme o dossiê da ANTRA, o Tocantins registrou mortes de pessoas trans em 2017 (3), em 2018 (1), 2019 (2), 2020 (1) e nenhum assassinato em 2021.

 

São Paulo, Bahia, Ceará e o Rio de Janeiro aparecem entre os cinco primeiros estados
com mais assassinatos de pessoas trans desde 2017 – Fonte – ANTRA

No Estado existe há 4 anos, a Associação de Travestis e Transexuais do Tocantins (Atrato). A técnica de enfermagem Byanca Marchiori é a atual presidente da ONG e disse ao Gazeta do Cerrado que além da situação de vulnerabilidade, não há oportunidades para essas pessoas.

“A maior dificuldade para a população trans é a isenção do mercado de trabalho. A Atrato já luta há 4 anos por melhorias pra nossa população. Não é fácil levantar uma bandeira como essa, de existir e resistir. A Associação vem travando aí uma batalha para a construção do ambulatório trans. A criação do ambulatório hoje tá parada e estamos cobrando do município de Palmas uma solução”, disse Byanca.

Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Palmas (Semus) e aguardamos uma resposta sobre a questão da criação do ambulatório trans.

Clique aqui e veja o Dossiê de Assassinatos da ANTRA na íntegra

Leia também

Modelo trans relata constrangimento em atendimento na UPA em Palmas

“Viver aqui é viver invisível”, diz modelo sobre lei que proíbe transexuais de usarem banheiros públicos na Capital

Dia da Visibilidade Trans: Principal busca é por direitos humanos: “Não é fácil”, diz presidente de Associação

Dia do Orgulho LGBTQIA+: As dores, desafios e luta pela vida e contra violência no Tocantins