Texto: Nielcem Fernandes

Edição: Brener Nunes

(Divulgação)

(Divulgação)

Em entrevista à Gazeta do Cerrado nesta quarta-feira, 27, Willian Martins, secretário jurídico do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos no Estado do Tocantins (SINTECT – TO), afirmou que das 149 agências dos correios em território tocantinense, 50 unidades foram assaltadas e 90% dessas agências extinguiram o serviço de banco postal. “A unidade de Buriti do Tocantins foi queimada e até hoje os serviços não foram restabelecidos”, disse.

Após a realização de assembleias nas principais cidades do Estado, os trabalhadores dos correios no Tocantins anunciaram sua adesão à greve nacional, deflagrada pela categoria desde 20 de setembro, logo após a reunião que aconteceu na manhã dessa quarta-feira, 27, em Palmas.

O Portal Gazeta do Cerrado entrevistou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos no Estado do Tocantins (SINTECT – TO), José Aparecido Rufino, para saber quais as principais reivindicações que levaram a paralisação dos serviços. “Nosso acordo coletivo venceu dia 31 de julho, e só agora no final de setembro foi nos apresentada uma proposta de reajuste de 3% para começar a ser pago ano que vem, desconsiderando praticamente todo o último semestre desse ano”, disse. De acordo com Aparecido, o reajuste proposto, equivale à metade dos 6% concedido ano passado. O SINTEC-TO declarou greve por tempo indeterminado e afirmou que a adesão ao movimento por parte dos funcionários do setor de distribuição na capital chega a 90%.

Entre as principais reivindicações estão as melhorias na segurança para diminuir a vulnerabilidade das agências, que são constantemente alvo de assaltos, fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s), como protetor solar, óculos e luvas aos trabalhadores que atuam no setor de distribuição e passam longos períodos expostos ao sol, bem como melhorias na infraestrutura das agências no interior do Estado.

“Nas cidades que foram arrombadas e os cofres foram danificados, não existe mais o banco postal”, afirma William. A empresa também alega que não tem verba para substituir ou reparar esses cofres.

O secretário atribuiu o grande número de ocorrências a precariedade da segurança nas agências. “Algumas unidades inclusive, foram assaltadas mais de uma vez. A falta de segurança armada, portas com detectores de metal e câmeras de vigilância facilita a ação dos meliantes”, explicou.

O representante jurídico do SINTEC-TO alertou para uma situação que vem acontecendo dentro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos em vários Estados da Federação. “O SINTEC -TO juntamente com mais 11 sindicatos estaduais, entraram com ações civis públicas exigindo a instalação de portas com detectores de metal e a contratação de segurança armada para melhorar a segurança nas agências. Após os sindicatos obterem decisão favorável na Justiça Federal, a empresa está optando em retirar os bancos postais dos Estados onde a justiça determinou a instalação das medidas de segurança”, afirmou.

Por fim, o presidente do SINTEC-TO ressaltou a luta da categoria que recebe, segundo ele, o menor ordenado do funcionalismo público federal no país. “O piso salarial dos Correios hoje é R$ 1.600,00 para quem trabalha o dia todo no sol, entregando correspondência e nas agências correndo risco de vida durante os assaltos que vem acontecendo”, explicou. O representante da categoria responsabilizou as gestões Lula e Dilma por terem retirado cerca de R$ 11 bilhões em verbas das agências dos correios em todo o Brasil para construir um superávit primário.

Entenda

A greve dos Correios começou às 22 horas de terça-feira (19) e atinge 20 estados e o Distrito Federal, segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). A paralisação envolve os trabalhadores dos sindicatos de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Brasília (DF), Campinas (SP), Ceará, Espírito Santo, Goiás, Juiz de Fora (MG), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Ribeirão Preto (SP), Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Maria (RS), Santos (SP), São José do Rio Preto (SP), Sergipe, Santa Catarina, Uberaba (MG) e Vale do Paraíba (SP).

Segundo a Fentect, a paralisação é parcial, com redução de funcionários nas agências. Já os Correios informaram que a paralisação não afeta os serviços de atendimento e está concentrada na área de distribuição.

Dos 31 sindicatos ligados à Fentect, somente três ainda não realizaram assembleia: Acre, Rondônia e Roraima. As agências franqueadas não estão participando da greve. Atualmente, são mais de 6.500 agências próprias dos Correios pelo país, além de 1 mil franqueadas.

Agências abertas

Os Correios informaram que a paralisação parcial não afeta os serviços de atendimento e que todas as agências, inclusive nas regiões que aderiram à greve, estão abertas e todos os serviços estão disponíveis.

Segundo a estatal, a paralisação está concentrada na área de distribuição — levantamento parcial realizado na manhã desta quarta mostra que 93,17% do efetivo total está trabalhando, o que corresponde a 101.161 empregados, número apurado por meio de sistema eletrônico de presença.

Ainda de acordo com os Correios, as negociações com os sindicatos que não aderiram à paralisação ainda estão sendo realizadas esta semana.

“Os Correios continuam dispostos a negociar e dialogar com as representações dos trabalhadores na busca de soluções que o momento exige e considera a greve um ato precipitado que desqualifica o processo de negociação e prejudica todo o esforço realizado durante este ano para retomar a qualidade e os resultados financeiros da empresa”, informou em nota.

Com informações do G1