Brener Nunes

O povo tocantinense sempre foi conhecido por ser forte e batalhador, temos muitos nomes que fazem nossa história mais rica. Muitas vezes esquecemos de nomes como o de Dona Raimunda Quebradeira de Coco, Dona Miúda (in memorian) e Dona Romana são orgulho e verdadeiros patrimônios culturais do Estado.

Dona Raimunda Quebradeira de Coco

Dona Raimunda nasceu em Novo Jardim (MA), filha de agricultores, casou-se aos 18 anos,

(Divulgação)

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mas por viver um casamento difícil, largou o marido e criou o seis filhos sozinha. Assim, ela acabou chegando ao Bico do Papagaio, onde na época moravam 52 famílias.

Raimunda também foi umas das fundadoras do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), criado em 1991, que atua no Pará, Maranhão, Piauí e Tocantins.

Ela foi responsável pela Secretaria da Mulher Trabalhadora Rural Extrativista do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) e umas das fundadoras da Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (Asmubip).

Atualmente, dona Raimunda está longe do ativismo, devido problemas de saúde, mas garante que outras mulheres estão a frente do movimento.

A ex-quebradeira de coco já quase não sai mais de casa, por isso é difícil o contato com outras quebradeiras e completou. “Eu só vejo elas quando vem aqui me visitar. Eu já não enxergo mais, é difícil sair de casa”.

Vencedora do prêmio Betha Luz, em 2003, concedido pelo Senado Federal, concedido a mulheres que tenham relevante contribuição na defesa dos direitos da mulher e questões de gênero no Brasil.

Hoje em dia, dona Raimunda está com 77 anos, é aposentada, mora com o marido e o filho adotivo no Bico do Papagaio. Ela afirmou em entrevista ao Portal Gazeta do Cerrado, que está completamente cega dos dois olhos, devido a Catarata, além disso, ela também possui diabetes há oito anos.

Mãe Romana e o Fim dos Tempos

Romana Pereira da Silva, nasceu em 1941, e ficou famosa pelas esculturas em pedra canga construídas numa enorme área ao redor de sua casa, em Natividade, a 200 quilômetros a sudeste de Palmas.

Ela acredita que seu santuário será a salvação do mundo. Seu quintal possui 5 mil metros

(TV Globo)

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quadrados e parece um labirinto repleto de estátuas e construções em pedra e arame com detalhes de vidro que, de acordo com Mãe Romana, vai salvar o planeta da destruição completa por um asteróide que, segundo a profecia, vai se chocar com a terra e reequilibrar seu eixo de rotação. Ela se dedica a obra há 27 anos.

Romana conta que a profecia lhe foi revelada em 1989. O asteróide pode cair a qualquer momento em uma grande cidade. A colisão vai provocar destruição e mortes, rachando a terra ao meio, mas fará com que o planeta retorne ao seu eixo, do qual teria sido deslocado há milhões de anos devido ao choque de um primeiro corpo celeste.

O jardim de pedras feito por ela e seus seguidores desde o início dos anos 90, seria um refúgio aos que querem sobreviver. Segundo ela, onde se encontra seu sítio faz parte do firmamento, por onde se passa penico central. Ela ainda diz que o local deve resistir por causa de suas esculturas que possuem energia capaz de conter a destruição.

Dona Miúda (in memorian)

Gulhermina Ribeiro da Silva, mais conhecida como dona Miúda, foi quem ensinou as técnicas de artesanato com Capim Dourado as mulheres da região de Mateiros.

As bolsas, cestas e outros produtos que tem como matéria-prima o Capim Dourado, se

(Governo do Tocantins)

(Governo do Tocantins)

tornaram conhecidos, começaram a ser comercializados dentro e fora do país. Assim, a povoado de Mumbuca começou a prosperar.

Dona Miúda começou a trabalhar ainda criança, quando aprendeu artesanato com a mãe, dona Laurinda, descendente de índios.

Ela se casou com Antônio Beato da Silva, um descendente de escravos que trabalhou como garimpeiro no Piauí. Eles geraram 11 filhos, sendo nove mulheres, todas artesãs.

O Capim Dourado é a principal renda do povoado, sem ela, ninguém coloca comida na mesa.

Dona Miúda morreu dia 11 de novembro de 2010, aos 82 anos, deixando filhos e netos.