Equipe Gazeta do Cerrado

Hoje completa 18 anos da morte do poeta e escritor Zé Gomes Sobrinho que dá nome ao Espaço Cultural da capital. Neste dia filhos de Zé Gomes lembraram do pai nas redes sociais com mensagens carinhosas.

Zé Gomes continua inspirando gerações culturais e sua obra faz parte de vários espetáculos, livros e projetos Culturais.

Uma história imortal

José Gomes Sobrinho, mais conhecido como “Zé Gomes”, foi um escritor, poeta, intelectual, articulista, palestrante, músico, teatrólogo e servidor público da Assembleia Legislativa. Foi um precursor e é considerado um dos maiores nomes da cultura no Tocantins. Um pioneiro que chegou ao solo tocantinense ainda quando o estado caçula do País fazia parte do norte de Goiás. Extremamente criativo e produtivo, publicou 13 livros, sendo um dos membros mais brilhantes das Academias Palmense e Tocantinense de Letras. Presidiu o Conselho Estadual de Cultura e comandou o Fórum Nacional de Conselheiros Estaduais de Cultura até 2004, quando faleceu inesperadamente de diverticulite aguda, aos 68 anos, deixando enorme lacuna entre a classe artística e na sociedade local. Seu reconhecimento rompeu fronteiras ao ter seu nome eternizado na Lei Federal nº 12.287, que estabelece o ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, como componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica brasileira.

Trajetória

José Gomes Sobrinho nasceu em 1935, em Garanhuns, no agreste de Pernambuco, filho de Luís Melchíades. Inclusive, adotou o nome artístico de Melchíades em homenagem a seu pai.
Na década de 1950, mudou-se para Aracaju (Sergipe), onde constituiu família e fez carreira.
Zé Gomes era formado em Geofísica e, por conta de seu trabalho técnico na Petrobrás, viajava constantemente.
Na capital sergipana, ele conheceu uma jovem que seria sua companheira por toda vida: Gilda Torres Gomes, nascida em 11 de junho de 1939, na pequena cidade de Propriá, situada às margens do Rio São Francisco, na divisa de Sergipe com Alagoas.
Em 1957, José Gomes Sobrinho se casa com Gilda Torres Gomes, com quem teve 7 filhos, sendo 6 homens e uma mulher, todos batizados com nomes compostos: Hiram Melchíades, Luiz Melchíades, José Roberto, Paulo Sérgio, Carlos Eduardo, Acácia Maria e André Luiz.

A residência da família Torres Gomes na Avenida Minas Gerais, Bairro Santo Antônio, em Aracaju, ficava numa área comercial bastante movimentada. Era um lugar mágico, frequentado por artistas, músicos e intelectuais. Zé Gomes e sua esposa Gilda apreciavam e valorizavam o saber, as artes e a cultura regional. Frequentavam teatros e cinemas regularmente. Buscaram transmitir esses bons hábitos aos seus filhos, sobrinhos e amigos.
A arte, nas suas mais variadas formas (literatura, pintura, escultura, artesanato, cestarias, bordados, rendas etc.), estava pelos quatro cantos de sua casa, nas paredes, estantes, cristaleiras, prateleiras, armários etc., tornando o ambiente aconchegante, que estimulava a imaginação e a produção criativa.
Por onde ia, Zé Gomes comprava livros, compêndios, coletâneas etc. Tinha uma biblioteca particular e enorme coleção de discos LP. Dono de um gosto eclético, gostava de vários ritmos musicais, desde canções típicas nordestinas, bem como de outros estilos nacionais (Bossa Nova, Jovem Guarda, MPB etc.) e internacionais (Jazz, Blues, Soul, Clássica, Ópera etc.).

Atuou na Sociedade de Cultura Artística de Sergipe (SCAS), ao lado de João Costa, José Carlos Teixeira, Nascimento, e de outros colaboradores daquela entidade expoente das artes e da cultura sergipana, fundada em 19 de maio de 1951.
Poeta por ofício e por vocação, dono de rara percepção, dessas que só os que estão à frente do próprio tempo possuem, Zé Gomes construiu um sólido caminho nas dimensões literárias, conquistando admiração e respeito dos que militam na área literária e também a unanimidade entre leitores nos mais distantes lugares, aonde seus livros chegaram. (INFONET, 2004).

Na década de 1980, mudou-se para Araguaína, norte de Goiás. Rapidamente fez inúmeras amizades e tornou-se atuante junto à comunidade araguainense. Fez parte do movimento pela criação do Tocantins, liderado pelo Deputado Federal José Wilson Siqueira Campos.
Em 1989, foi para Palmas, como um dos primeiros funcionários da Assembleia Legislativa do Tocantins. Era servidor bastante participativo, inclusive tendo exercido a presidência da Associação dos Servidores do Legislativo do Tocantins (ASLETO).

Pernambucano de nascimento, mas tocantinense de coração, Zé Gomes lutou bravamente pela divulgação e valorização da cultura local. Era um líder aguerrido, que envolvia e defendia a classe artística. Ansiava pela divulgação dos talentos da terra. Colaborou intensamente com músicos, compositores, poetas, escritores, grupos de dança, teatro etc.

Seu maior sonho era que a arte do Tocantins fosse reconhecida e mostrada em outros estados, bem como seus interlocutores, produtores e artistas alcançassem o devido valor e prestígio.

Zé Gomes, o poeta maior do Tocantins, além de ser um mestre das palavras, era um amigo fiel, um pai exemplar, marido dedicado e avô. Era um homem zeloso com os valores e princípios da família – itens básicos para formação do caráter do indivíduo. O sucesso profissional obtido deve-se ao seu talento, claro, mas também à sua dignidade, honradez e fibra, conquistas adquiridas no berço familiar. (INFONET, 2004).

A história da cultura tocantinense confunde-se com a de Zé Gomes. Sua marca está presente em diversas entidades.

Era Diretor da Cia Contágius de Dança, onde produziu em parceria com a dançarina e coreógrafa Meire Maria inúmeras ações e projetos relevantes.
Foi um dos membros fundadores do Conselho Estadual de Cultura, o qual presidiu por longo período. Também comandou o Fórum Nacional de Conselheiros Estaduais de Cultura.
José Gomes Sobrinho era acadêmico da Academia Tocantinense de Letras (ATL), ocupante da cadeira nº 28 e da Academia Palmense de Letras (APL), cadeira nº 09. Publicou 13 livros e teve participação em inúmeras coletâneas literárias. Também deixou imenso acervo documental, que poderá ser publicado no futuro.

Ao longo de sua extensa carreira, Zé Gomes recebeu diversos títulos e honrarias, tais como: (1) 1º lugar no concurso Lysias Rodrigues, com o poema Fio de Prumo, em 1993; (2) 1º lugar também na fase municipal de Palmas do 2º Prêmio SESI de 1994; (3)Título de Cidadão Tocantinense do governo do estado em 1998; (4) homenageado pela prefeitura de Palmas em 1999, pelo trabalho de promoção e difusão da cultura na Capital; (5) patrono do Salão do Livro do Tocantins, realizado pela Secretaria de Estado da Educação em 2001.
Em 2000, foi diagnosticado com câncer, mas superou a doença. Manteve-se ativo e alegre, contribuindo intensamente pela valorização da arte tocantinense.

Contudo, em 05 de maio de 2004, devido ao agravamento de uma diverticulite aguda, veio à óbito. O velório aconteceu no hall do prédio da Assembleia Legislativa. Considerando o grande pesar dos Deputados Estaduais e servidores desta Casa de Leis, em razão de seu falecimento, foi decretado luto oficial de três dias em sua homenagem.
Possuía uma personalidade única, marcante, que ficou impressa em ótimas lembranças nas mentes e corações daqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele.

Deixou esposa, Gilda Torres Gomes, com quem foi casado por 48 anos. Dona Gilda, como é carinhosamente conhecida, sempre foi engajada em movimentos e iniciativas sociais e culturais. Atualmente, ela é Diretora Cultural da Universidade da Maturidade – UMA.
A dor de sua partida até hoje não é esquecida por seus 7 filhos, 16 netos e 5 bisnetos, além de uma multidão de amigos, companheiros de trabalho, artistas e admiradores que conquistou pelos quatro cantos do Brasil.
Tanto tempo após sua partida suas obras e legado permanecem vivos na sociedade e seguem sendo semeados, inspirando iniciativas e projetos culturais.

O seu nome ficou eternizado em diversas localidades e logradouros públicos.
O Espaço Cultural de Palmas, palco de tantas manifestações culturais, recebeu o nome de José Gomes Sobrinho.

A biblioteca do SESC de Palmas e o auditório do Centro de Convenções de Palmas também receberam o nome de José Gomes Sobrinho.
Em abril de 2007, a Galeria de Artes da Assembléia Legislativa do Tocantins foi batizada de Galeria de Artes poeta José Gomes Sobrinho.