Maju Cotrim- Editora Chefe
Dia das Mães e o sentimento é um só: homenagens e muitas mensagens bonitas para essas que são vistas e tidas como mulheres tão especiais. Desde crianças somos ensinadas que amor de mãe é eterno e é incondicional!
Que as mães estarão ali firmes e fortes fazendo tudo pelos filhos. Que mães sempre colocarão os filhos acima de tudo até delas mesmas. Essa visão “romântica e histórica” acaba sobrecarregando as mulheres. Acaba também nos colocando no lugar de “leoas, guerreiras”. Para o sistema social um pouco cômodo inclusive porque cruzam os braços em políticas públicas que podem amparar as mulheres e mães, afinal as mulheres sempre “darão conta de tudo”.
Ainda faltam tantas políticas para garantir creche para as mães que precisam trabalhar e não tem com quem deixar. Ainda falta programas para incluir mães da periferia e de baixa renda que precisam de recursos e capacitação para conseguirem abrir seus negócios e serem protagonistas.
Quando se fala em mães será que as quilombolas estão inclusas? Aquelas que muitas vezes moram em comunidades distantes e de difícil acesso e que sequer têm acesso básico a serviços e atendimentos. Será que as mães e avós quebradeiras de coco são vistas e tem também programas de cuidado, acesso á saúde e apoio psicológico?
Romantizar o dia das mães acaba excluindo várias delas da criação de políticas para mulheres que estão em situação de vulnerabilidade social pelos rincões do Tocantins. As mães anciãs… as mães griôs qual programa de Estado ou de municípios as preservam e dão condições de passarem seus saberes para as próximas gerações? As mães parteiras que trazem tantas pessoas ao mundo: quem as parabeniza?
As mães pretas que são maioria no contexto de violência doméstica, que tem menos oportunidades no mercado de trabalho, que ainda são maioria das domésticas: quais projetos e programas visam trabalhar a evolução para essas mulheres?
Um Estado não tem como evoluir se não incluir suas mulheres e se não as verem com suas particularidades pensando socialmente num processo que sim deve ser sobre a autonomia social de todas que ajudam a construir o Tocantins todos os dias. Neste dia das mães que o Tocantins e cada município homenageie sim suas mães e mulheres mas que acima de tudo enxergue a importância da criação de políticas sociais e proteção para todos os tipos de tocantinenses que estão espalhadas pelo Tocantins em contextos diferentes de vida e em situação de vulnerabilidade.