Foto – Reprodução

Lucas Eurilio

Um – mais um – triste caso de racismo foi registrado em uma escola da rede municipal de Araguaína, região norte do Tocantins. O alvo da vez foi uma criança de 10 anos portadora do espectro do autismo e o ataque veio de outros coleguinhas.

A mãe da criança, Nayara Oliveira, de 30 anos, postou uma sequência com quatro vídeos em seu feed no Instagram indignada com toda a situação.

Nos vídeos é possível ver a tristeza do menino que ao ser questionado pela mãe de como ele se sentiu, responde que está de coração partido. (Veja diálogo e vídeo no final da reportagem).

Nayara desabafou nas redes sociais e disse que está pasma com que filho de 10 anos vem enfrentando.

“Diga não ao racismo! Eu estou indignada, chateada e pasma com essa situação que meu filho vêm enfrentando. Como pode um negócio desses? Racismo é crime e eu não vou deixar isso passar batido. Alô Secretaria de Educação, isso não pode acontecer, principalmente nas escolas”, instigou Nayara.

Em nota, a SEMED de Araguaína disse que não compactua com qualquer tipo de discriminação e que disponibilizou apoio psicológico tanto a Nayara quanto para o filho. (Leia no final da reportagem). 

Entretanto, nesta quinta-feira, 29, a mãe da criança postou nos stories questionando a Secretaria da Educação até quando ela seria colocada como a equivocada e afirma que não recebeu apoio até o momento.

“Até quando Secretaria de Educação de Araguaína, eu vou ser tacada de equivocada? Até quando eu vou sair de mentirosa? Vocês estão achando que eu entrei nessa pra chamar atenção? Não. Eu sei que vocês queriam resolver o problema internamente na escola, mas não vai. Agora a Justiça vai entrar no meio também. Então a gente, no caso eu e minha família a gente vai tomar as devidas providências perante a Justiça, sobre o caso, vocês estão nos surpreendendo. Cadê o apoio psicológico que eu não estou vendo. Cadê o vocês entrando em contato comigo? Em nenhum momento eu recebi mensagem de vocês não. Eu teria vergonha se fosse vocês”… continuou.

Nossa equipe entrou em contato com a Secretaria questionando as acusações da mãe da criança e aguardamos um retorno.

A Gazeta do Cerrado entrou em contato também com a ONG Anjo Azul Tocantins, mas eles informaram que não receberam nenhuma denúncia sobre o caso.

A seguir, veja o diálogo dos dois

Mãe – Fala aí por que você não quer ir na escola?

Criança – Por que os amiguinhos não gostam de mim porque sou negro.

Mãe – Eles faram como?

Criança – Que não é pra ‘mim’ sentar do lado deles.

Mãe – Por que você tem a cor de pele, que cor você falou?

Criança – Negro. marrom.

Mãe – Falaram desse jeito?

Criança – Foi. Pelo menos um amigo. O Davi é meu melhor amigo ele nunca me larga.

Mãe – Não?

Criança – Não.

Mãe – Qual o nome do outro que não te larga?

Criança – Isac .

Mãe – E vocês se dão bem?

Criança – Sim.

Mãe – E eles gostam de você e querem brincar contigo?

Criança – Aham.

Mãe – E como você se sentiu quando eles falaram que você tem a cor da pele marron, de negro?

Criança – Me sinto com coração partido.

Assista o vídeo

O que diz a Educação de Araguaína

A Secretaria da Educação de Araguaína informa que tomou conhecimento do caso na segunda-feira, 26, quando encaminhou uma comissão à Escola Municipal Joaquim de Brito Paranaguá, no Setor Eldorado, para realizar uma reunião com a mãe do aluno, assistente social e psicopedagoga do Município para apurar as informações e dar início ao atendimento.

Informa ainda que, na terça-feira, 27, foi realizada na escola outra reunião com os demais pais e responsáveis e também com todos os alunos da turma para conscientizar sobre o racismo. O Município reafirma sua postura contra todo e qualquer tipo de discriminação e que manterá sua política de promoção à igualdade e inclusão.

A secretaria também ressalta que disponibilizou amparo psicológico à mãe e ao aluno.

Denúncias sobre racismo no ambiente escolar devem ser denunciadas à escola e à Ouvidoria da Educação: (63) 3411 5620, localizada na secretaria, à Avenida Bernardo Sayão, nº 499, Entroncamento, e funciona das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30, em dias úteis, de segunda a sexta-feira.