A música está em todo lugar no Mumbuca, na hora de cozinhar, caminhar, trabalhar ou receber os visitantes, tudo se faz rodeado de música. E foi graças ao som da viola de Buriti que a comunidade pode reverenciar o passado e olhar para o futuro através do I Encontro de Rabecas e Violas de Buriti, realizado pela Secretaria da Cultura e Turismo do Tocantins (Sectur), em parceria com a Universidade Federal do Tocantins (UFT), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Prefeitura Municipal de Mateiros e Prefeitura Municipal de Santa Teresa. Os recursos para a realização do evento foram destinados pelo Conselho de Políticas Culturais do Tocantins (CPC – TO).
A viola de Buriti é um instrumento cordofone e uma das variantes regionais da viola brasileira. Foi criado na década de 1940, na comunidade Mumbuca, situada no Jalapão, região leste do Tocantins.
O instrumento, também conhecido como viola de vereda é feito com a madeira da palmeira de buriti. Tem quatro cordas de nylon, seu corpo consiste de uma base retangular de onde o braço sai direto. O braço é preso à base com grampos de taboca, tem uma pequena boca e não possui trastes. As cravelhas e o cavalete são feitos de vinhático, pois essa madeira garante melhor sonoridade do que o buriti. A viola de Buriti ficou conhecida em todo o Brasil através do músico, Maurício Ribeiro, membro do quilombo Mumbuca que faleceu em 2021 vítima da COVID-19.
Foi para manter viva a memória do violeiro e ajudar a preservar esse instrumento musical que Ana Gabriela Tavares, filha do violeiro Arnon Tavares esteve na oficina de transmissão de saberes ” A gente não pode esquecer da viola. Eu acho essa arte muito importante para a comunidade. A gente não pode jamais esquecer. É importante conhecer a viola igual o Capim Dourado.” A oficina foi realizada no último sábado, 12, na Casa de Cultura da Comunidade Mumbuca.
O evento fez parte da programação do I Encontro de Rebeca e Violas de Buriti. Para o violeiro Missim, artesão e mestre da viola de Buriti, estar presente como instrutor, passando para as próximas gerações o conhecimento da viola de Buriti é a realização de um sonho. ” Eu tive o prazer de conhecer o Maurício e hoje é um sonho estar aqui. Sempre sonhei com os lugares que a viola poderia me levar. E fico feliz de hoje poder ensinar e preservar a história da viola.” O músico participou da oficina e da apresentação de encerramento do evento junto com o filho, Emerson Bastos. Além deles, o grupo musical Projeto Vereda, de Taquaruçu, e os violeiros Horlei e Arnon também participaram da festa.
Para a Secretária Executiva da Sectur, Jocélia Costa, o evento faz parte do processo de resgate em atendimento a uma demanda da própria comunidade. “É um trabalho de reconhecimento de algo que não se pode perder. Esse trabalho fica para a posteridade, daqui cinco, dez anos todos vão poder conhecer a viola de Buriti e a sua ligação histórica com o quilombo Mumbuca.”