Jairon ainda sente dores e tem hematomas pelo corpo – Foto – Divulgação
Lucas Eurilio
Nesta quinta-feira, 12, a Gazeta do Cerrado conversou com o pintor automotivo, Jairon Pereira de Souza da Silva, de 36 anos, homem negro que foi agredido por agentes da Polícia Rodoviária Federal em um posto de combustível, no Jardim Aureny I, região sul de Palmas, há quase uma semana.
As agressões aconteceram no último dia 6/1/2023 e um vídeo onde Jairon aparece sendo espancado por policiais rodoviários federais viralizou nas redes sociais, no dia 7.
Ainda abalado por tudo que aconteceu, a vítima contou sua versão do que aconteceu no dia das agressões.
Jairon disse que ainda sente as agressões pelo corpo.
“Eu estou um pouco melhor, mas ainda tenho hematomas pelo corpo e um pouco de dores”.
O pintor relatou também à nossa equipe que não entende o porquê das agressões. Ele contou que não tem medo de sair, mas que não tem confiança em andar sozinho.
“Não sei por que me agrediram, eu fiquei deitado e eles já chegaram me chutando. Eu não estou com medo, mas não confio em sair de casa sozinho depois da repercussão que tudo isso ganhou”.
Questionado se acha que sofreu agressões também por ser um homem negro, Jairon acredita que sim. O pintor disse que tentou dialogar, dizendo que não era bandido, mas não foi ouvido.
“Por ser negro e por causa das tatuagens que tenho. Eles me chamaram de vagabundo, bandido, vieram perguntando se já fui preso, se sou de facção. Eu falando que sou trabalhador, que nunca fui preso”, relatou.
Após a repercussão do vídeo das agressões, os policiais rodoviários federais retornaram até a Delegacia de Polícia Civil, para tentar fraudar o boletim de ocorrência registrado pela vítima e mudar o depoimento.
Essa informação foi confirmada em primeira mão pelos jornalistas Lailton Costa e Jéssica Sá, do Jornal do Tocantins (J-To) e posteriormente pela própria Secretaria de Segurança Pública (SSP-TO). Jailton comentou o caso.
“Quando viram a repercussão, eles voltaram na delegacia pra tentar me incriminar com mentiras”, ressaltou à Gazeta do Cerrado.
Segundo o documento obtido pelo Jornal do Tocantins, o delegado Thiago Resplandes chegou a solicitar reforço para prender os PRFs em flagrante.
Conforme as informações do J-To, o delegado Thiago disse ainda ao juiz, que enquanto Jairon aguardava para fazer o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, os policiais retornaram com outros dois, que não se identificaram, para alterar o depoimento.
No primeiro momento, eles disseram que o pintor havia colaborado, depois do vídeo, os PRFs tentaram mudar o depoimento e dizer que Jairon havia resistido à prisão. (Veja o vídeo no final da reportagem).
Após a repercussão, a PRF no Tocantins emitiu uma nota onde informou que os agentes foram afastados das atividades operacionais e que o caso ia ser rigososamente apurado pela Corregedoria Regional/Nacional e por especialistas dos Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal.
Os envolvidos nas agressões são os policiais Matheus Fernandes de Brito e Walley Xavier Ramalho. Nossa reportagem solicitou uma nota para a PRF e tenta contato com a defesa dos policiais.
A PRF disse que os policiais continuam afastados e que as investigações tiveram início ainda no sábado, 7.
Caso a defesa dos policiais tenha interesse em se posicionar, o espaço está aberto.
Veja o vídeo
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