Se alguém ainda precisava de provas, aqui estão: poucos dias antes do início da conferência do clima COP23 em Bonn, na Alemanha, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera jamais aumentou tanto.
Mais do que isso, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) alertou, em relatório divulgado na terça-feira (31/10), que a temperatura média global deverá subir 3 graus Celsius até 2100, acima do limite de 2 graus definido pelo Acordo de Paris. As 250 maiores empresas do mundo são responsáveis por um terço das emissões de gases do efeito estufa em todo o planeta, e empresas na Índia, na Rússia e nos Estados Unidos estão no topo da lista, destacam analistas da Thomson Reuters Financial & Risk.
São números ameaçadores, com certeza. Mas alguém de fato ainda precisa de mais provas óbvias das consequências das mudanças climáticas? Ou provas da sua própria existência para aqueles que insistem em negá-las? O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) foi criado 29 anos atrás e, desde então, centenas de especialistas das áreas de meteorologia, oceanografia, ciências sociais e agricultura estão unindo seus conhecimentos sobre o tema.
Há tempos que especialistas afirmam que as mudanças climáticas são causadas pelo homem, que elas estão acontecendo num ritmo cada vez mais acelerado, e que as medidas contrárias que estão sendo adotadas não são suficientes.
Ao menos os alertas dos cientistas estão convencendo os países a adotarem as primeiras medidas para conter os efeitos dos gases estufa. Ao contrário de anos anteriores, mercados emergentes, como a China e a Índia, não insistem mais que os Estados industrializados são os responsáveis pelas mudanças climáticas e devem, portanto, tomar medidas para combatê-las. Ao menos esse países estão agora fazendo a sua parte.
Os Estados Unidos mostram que o oposto também pode acontecer. O presidente Donald Trump é imune a todo tipo de sapiência. Governadores estão investindo em energias renováveis, cidades e até regiões inteiras discordam do seu presidente, mas de nada adianta: Trump deu as costas para o Acordo de Paris, que é nada mais que um resumo dos planos nacionais. Não basta, mas é alguma coisa. Mas, para Trump, até esse acordo é demais. Não há como convencer esse presidente americano da importância da política ambiental.
À parte a ignorância de Trump, a comunidade internacional não tem motivos para ficar de braços cruzados. O acordo de Paris tem fundamentos sólidos, as energias renováveis estão em alta em todo o mundo e muitos investidores estão deixando de bancar os combustíveis fósseis. Além disso, as emissões globais não subiram nos últimos três anos. Tudo isso é um tênue fio de esperança.
Porém, apesar de todas as comprovações científicas, o problema principal continua o mesmo: padrões políticos estabelecidos estão no caminho de políticas mandatórias para frear as mudanças climáticas, principalmente nos principais países emissores. A transição para combustíveis não fósseis é lenta, afasta eleitores e afeta os hábitos diários das pessoas. Não se vislumbra sucesso no prazo de um período legislativo. Por tudo isso, políticas de proteção do clima efetivas continuam sendo um negócio árduo, bem como uma tarefa internacional.
Ficar assustado com as novas descobertas e cenários não ajuda em nada. Está tudo pronto para a luta contra os gases do efeito estufa, há consciência suficiente dos problemas, e os caminhos estão traçados. Apesar de todas as notícias ruins, não é a hora de desistir.
Fonte: DW