Secretária estadual dos Povos Originários e Tradicionais, Narubia Werreria – Foto – João Di Peitro/Governo do Tocantins

Em um ato histórico no Tocantins, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) nomeou a artivista – mistura de arte com ativismo –  indígena Narubia Werreria para ser a secretária estadual dos Povos Indígenas e Tradicionais, criada nesta gestão.

Narubia é originária do Povo Indígena e além de artivista, ela é também poeta, artista plástica, cantora, compositora e produtora cultural.

Saiba um pouco mais da vida e trajetória de Narubia

Originária do Povo indígena Iny a artista plástica, poeta, compositora, cantora e produtora cultural vive a arte na sua comunidade desde à infância.

Dona de uma voz melodiosa e de versos e telas cheios de resistência indígena milenar Narubia Werreria se orgulha em dizer que sua formação artística veio de seu Povo Iny. Foi na aldeia Werreria, na ilha do Bananal, no Tocantins, que ela aprendeu a cantar, compor e desenhar.

Observar as plumárias, o grafismo e toda expressão artística do povo Iny (Karajá) foi fundamental nesse processo, que fez da arte elemento de quem ela é: “A arte faz parte da minha essência e eu acredito que eu tive os estímulos que fizeram que isso crescesse florescesse com muita força dentro de mim.

O meu povo, os povos indígenas de uma forma geral, são Povos que vivem, inspiram, transpiram a arte o tempo todo no seu cotidiano.” narra Narubia, que afirma estar num encontro entre a arte e o ativismo, se definindo como “artivista”.

Com várias canções compostas desde a infância Narubia decidiu fazer da música parte de sua vida profissional em 2019, quando, em conjunto com Marcia Kambeba e Thaline Karajá, criou o grupo Indá Açú, que vem do tupi e significa “Grande Canto”. A primeira apresentação do trio ocorreu em 2020, no maior programa de difusão musical do país o “SONORA BRASIL”, uma iniciativa do Serviço Social do Comércio (SESC).

Seu primeiro single “Essa Terra é Minha” foi lançado em 2021, em conjunto com Thaline Karajá e rendeu um convite para interpretar a canção no especial “Falas da Terra”, na Rede Globo. Na ocasião Narubia se firmou como a primeira indígena a ter uma música autoral transmitida em um programa de repercussão nacional.

Seu talento na arte a conduziu a diversos caminhos, ainda jovem em 2006 iniciou seu primeiro trabalho como palestrante, e poeta da oralidade, em São Paulo, divulgando a cultura dos povos originários em escolas e eventos junto o escritor indígena Daniel Munduruku.

Sua carreira profissional na arte começou em 2008, nesse ano iniciou a pintura em telas e fez sua primeira exposição em Ilhabela, São Paulo. Desde então não parou de pintar chegando a ilustrar o livro “Ritxokó” que a levou a participar da feira do Livro em Genebra, na Suíça, no ano de 2013. Sua segunda exposição aconteceu no Tocantins, no Palácio do Araguaia, em 2015, e levou o nome de “Txuu Wana Makre”.

Produção Cultural

Sua ação como produtora cultural vai desde sua participação como conselheira de cultura, e coordenadora de cultura indígena no Governo do Estado do Tocantins em 2010 e 2011, até o tombamento da boneca “Ritxokó”, em 2012, hoje patrimônio histórico e cultural a boneca sempre fez parte da formação cultural das mulheres Iny. Engajada na difusão dos conhecimentos indígenas também coordenou uma exposição da boneca “Ritxokó” no Palácio do Araguaia no ano de seu tombamento.
Outra obra concebida com sua orientação, em conjunto com outros artistas, foi a série documental nativa “O Mistério de Nhemyrõ” que foi patrocinado pela Agência Nacional de Cinema (ANCINE).

Werreria

Pertencente ao Povo Iny, é também Cantora, poeta e palestrante e artista visual, integra o grupo IndáAçu, formado por mulheres indígenas.
Começou seu ativismo na infância, na Ilha do Bananal, é filha do líder João Werreria, e o acompanhava nas reuniões de seu Povo desde os 10 anos de idade.
Na juventude ela ajudou a construir a 1º Organização de Mulheres Indígenas do Tocantins, logo depois foi eleita conselheira de cultura e, graças a articulação no conselho, se tornou coordenadora de Cultura Indígena no Governo do Tocantins.

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Por Karina Custódio/Assessoria INDITINS