Hosmany Ramos, um cirurgião plástico conhecido nacionalmente voltou aos holofotes nesta última semana por furtar um smartphone Samsung Galaxy S20, que custa em torno de R$ 2,5 mil, dentro de um mercado, em Palmas, no última dia 09 de fevereiro. O caso veio a tona nesta terça-feira, 14, com a divulgação do vídeo das câmeras do estabelecimento pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Porém, a trajetória de Hosmany vem dos anos 80, quando foi assistente de Ivo Pitanguy, um dos maiores cirurgiões plásticos do mundo. Na época, ele foi condenado por tráfico internacional de drogas, sequestros, roubo de veículos e aviões, assassinatos e acusado de mais de dez tentativas de fuga durante o tempo em que esteve na prisão. Em setembro de 2016, obteve do Tribunal de Justiça de São Paulo o alvará de soltura. “Sou um cidadão completamente livre, não devo mais nada à Justiça”, disse o médico em entrevista à revista Isto É, em 2017.
Logo que saiu da prisão, o cirurgião passou quatro meses em Oslo, na Noruega. Tudo pago pelo filho, um empresário de 41 anos, que queria tirar o pai dos radares da mídia.
Em 2017, Hosmany retornou ao Brasil, e escolheu Palmas para retomar a carreira, e se dividiu sua agenda de atendimentos entre Tocantins e São Paulo. Na época, ele disse a Isto É que veio morar na capital tocantinense por causa de sua mãe. “Decidi morar no Tocantins porque desde que meu irmão morreu, há 10 anos, minha mãe se sente muito sozinha. Como ela me ajudou muito durante o tempo que passei na prisão, prometi que ficaria com ela até seus últimos dias.”
Nascido na cidade de Jacinto, em Minas Gerais, em 1946, Osmane Ramos chegou ao Rio de Janeiro com 17 anos para estudar medicina. Formado pela Universidade Federal, ele logo começou a trabalhar na equipe de Pitanguy. Já com o nome de Hosmany, ele atendia uma clientela de personalidades importantes e chegou a integrar a Academia Brasileira de Cirurgia Plástica. Em 1981, porém, o rumo de sua vida mudou radicalmente. O cirurgião foi preso por roubo de carros e aviões, tráfico, sequestros e homicídios. Segundo a Promotoria de Justiça de Araçatuba, o assassinato de seu piloto Joel Avon foi considerado “queima de arquivo”. “O acusado o eliminou para assegurar a impunidade dos crimes que vinha praticando, que eram de conhecimento da vítima”, diz o documento do Ministério Público de São Paulo. Segundo o órgão, já preso, Hosmany também arquitetou o sequestro da filha de um juiz de Caçapava para obter sua soltura e de outros condenados. O médico foi condenado a 46 anos e 11 meses de prisão. Durante esse período, ele orquestrou muitas tentativas de fuga. Em 1996, deixou o Instituto Penal Agrícola de Bauru. Um mês depois, foi recapturado ao participar do sequestro do fazendeiro Ricardo Carvalho Rennó, em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais.
A fuga mais espetacular ocorreu em dezembro de 2008, quando convocou jornalistas para anunciar que não voltaria à cadeia após o indulto de Natal e Ano Novo como forma de protesto contra as más condições carcerárias brasileiras. Oito meses depois, seria preso na Islândia ao tentar entrar no país com o passaporte do irmão. Após a Suprema Corte islandesa autorizar a extradição, agentes da Polícia Federal foram buscá-lo na capital Reykjavík. Quando chegou ao Brasil, foi levado ao presídio de Junqueirópolis, interior paulista. “Foi um absurdo eu ter ficado 36 anos preso. Uma pessoa como eu não oferece perigo à sociedade”, diz Hosmany.
Em 29 de setembro de 2016, o Ministério Público de São Paulo questionou a liberdade plena de Hosmany, alegando a necessidade de um exame criminológico com o objetivo de verificar o perfil psicológico do cirurgião. Em maio, o Tribunal de Justiça concedeu decisão favorável ao médico, sob os argumentos de que já havia cumprido o tempo de pena referente aos crimes hediondos e aos crimes comuns. Além disso, segundo o órgão, Hosmany não registrou falha disciplinar nos últimos 12 meses de detenção.
Furto em mercado
O último caso polêmico começou quando a equipe da 1ª Delegacia de Polícia de Palmas identificou o autor do furto de um aparelho celular, ocorrido dentro de um mercado na região central de Palmas, no último dia 9 de fevereiro. O aparelho, avaliado em R$ 2,5 mil, foi recuperado e devolvido a sua legítima dona. O autor do furto é um senhor de 78 anos, Hosmany Ramos, que atua como médico na Capital e aproveitou um momento de distração da vítima para efetuar o furto.
O delegado titular da 1ª DP, Gustavo Henrique Andrade, informou que ao analisar as imagens do circuito de segurança do estabelecimento comercial, dá para ver com clareza como tudo ocorreu. “A vítima estava na seção de frutas e enquanto escolhia o produto deixou seu celular sobre as bananas. O autor percebeu a distração da vítima e, astuciosamente, colocou dois cachos de bananas em cima para esconder o celular, fato que fez com que a vítima esquecesse do aparelho. Pouco depois, o autor percebe que a vítima não retorna, então pega uma sacola, retira as bananas de cima e se apossa do celular”, conta o delegado.
A nitidez das imagens facilitou a identificação do autor do furto, um médico de 78 anos. “Causou certa surpresa na equipe o fato do autor ser um médico e já idoso, o que demonstra que a atividade criminosa não escolhe classe social, mas a lei se aplica para todos”, pondera o delegado.
Após a identificação, o autor foi intimado a comparecer na delegacia, se reservando ao direito de permanecer em silêncio, porém no dia seguinte, seu advogado retornou à 1ª DP para devolver o aparelho, que foi periciado e devolvido à vítima. O médico será indiciado por furto e o caso será remetido à justiça. Ele aguardará o processo em liberdade.
O que diz Hosmany
Hosmany, até o momento não se manifestou publicamente sobre o caso. A Gazeta tenta identificar a defesa do médico.
Com informações da revista Isto É e da SSP-TO