Jornalista Gilson Cavalcante – Foto – Arquivo Pessoal

Maju Cotrim

O jornalista e poeta Gilson Cavalcante deixa uma lacuna na história do Tocantins não só pela dedicação ao jornalismo mas pelo amor á arte.

O corpo do jornalista e poeta Gilson Cavalcante será velado no Centro Cultural Circo Os Kako, em Taquaruçu.

O sepultamento será no Cemitério do distrito, mas sem horário definido.

A Gazeta lamenta profundamente sua morte e externa solidariedade e pesar a todos os familiares e amigos.

Gilson Cavalcante é jornalista e poeta, com 10 livros publicados, entre eles:

69 Poemas – Dos Lençóis e da Carne, em parceria com Hélverton Baiano, Lâmpadas ao Abismo, Ré/Ínventário da Paisagem, Poemas da Margem Esquerda do Rio de Dentro, O Bordado da Urtiga, Anima Animus – O Decote de Vênus, (2009) e Bonsai de Palavras.

Depois de vencer o histórico e concorrido concurso da Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, em Goiás, em 2011, o poeta recebeu o Troféu Goyazes 2011, no campo da poesia. A honraria é da Academia Goiana de Letras.

“Eu só escrevo o que eu vivo. Eu
sempre falo que para fazer poesia,
tem que sangrar. Se não sangrar.
não é verdadeira a poesia”.

Disse Gilson em uma de suas entrevistas.

“Levo uma vida aberta, todas as janelas de minha casa se abrem pra fora escancaradamente sem metáforas, embora me valho delas pra enredar a trama das palavras no curso da poesia”, disse em outra ocasião.

Relembre mais um poema recente de Gilson:

Descompássaro – A sinfonia solitária dos abismos

I – O intervalo entre o grito e o silêncio
A tentação dos abismos não são vertigens,
mas o que reveste meu corpo com a carne dos anjos,
o concerto dos violinos desafinados tocados pelos ventos
diluvianos e frios de outono.
Meu corpo nasceu dos intervalos entre o grito e o silêncio
e o que me rege, senão som, é a linha que me tangue o voo
para a sinfonia solitária dos abismos.

O bico aceso da poesia furou os meus olhos de arar poemas
nos campos minados de papoula,
essa analgésica dor flor-ida in ópium.

Sou só gemido e sopro


II – espaço e fôlego
Esse volume pesado a mesurar o espaço
e de que sopro vem a matéria do voo?
A solidão de ser alado é que tece
o bolero do descompássaro
desesperado atrás do crepúsculo,
antes da antítese do alado.

Passo a pássaro que a vida passa por cima
das nuvens, acasalada, e se evolui efêmera
na textura monogâmica das araras.

III – rascunhos definitivos
Nada que não voo foi
definitivamente rascunho fosco
rabiscado pela respiração do compasso,
inclusive a anatomia do gesto do fogo
dos pássaros suspensos nos jardins do tempo
por um fio de cansaço na voz preso à pedra da memória
e todas as metáforas que dela medra hidra-medusa.
Só sabe as alturas quem se preparou para a queda
e, às vezes, o que sobra é borracha de apagar o itinerário da aflição.
Vivemos o plágio da repetição até não mais ser alçapão.
Deixe-me medir as distâncias
pelo conteúdo elástico dos silêncios
e o barulho das ausências e suas esferas.

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