Uma história de lealdade e amor pelos animais se desenrolou durante uma operação policial em Confresa (MT) e no Tocantins, quando uma cadelinha fofa e determinada se aproximou dos policiais e não saiu de perto deles. Batizada de “Canguçu”, ela acabou se tornando a mascote da equipe policial e encontrou um novo lar com o 2º sargento da Patrulha Rural da PM, Gyllvagno Vieira Flor, em Gurupi.
No dia 10 de abril, enquanto a polícia montava uma barreira no povoado Café da Roça, em Pium, para capturar um grupo de criminosos em fuga, a vira-lata apareceu e se tornou a alegria da equipe policial. Mesmo no meio da tensão, ela permaneceu ali, firme ao lado dos policiais.
A Operação Canguçu, que completa 36 dias nesta segunda-feira (15), foi responsável por várias mortes e prisões de suspeitos, com a participação de cerca de 350 policiais de cinco estados. Durante esse tempo, a cadelinha recebeu cuidados, carinho e comida, e sua saúde melhorou consideravelmente.
A vira-lata se tornou conhecida no local onde estava o bloqueio policial próximo à entrada da fazenda Jam. Os policiais passavam diariamente pelo local, e a companheira fiel ganhou o nome de Canguçu, em referência à própria operação. Um vídeo registrou momentos em que os policiais brincavam com a cadelinha durante seus momentos de folga.
Com o fim do bloqueio no povoado, após a morte do 18º suspeito em confronto com a polícia, os policiais se retiraram do local, mas o sargento Gyllvagno decidiu adotar a Canguçu para que ela não ficasse para trás. A cadelinha seguiu junto com o militar para Gurupi, onde foi recebida por sua esposa e filhos.
A adaptação de Canguçu à nova casa está sendo cercada de amor e carinho, apesar de ela estar um pouco assustada com a mudança de ambiente. A cadelinha tem sido a alegria das crianças, Marina e Miguel, da família do sargento.
Nesta segunda-feira, a nova integrante da família foi levada para realizar exames em uma clínica veterinária, com a ajuda dos colegas do 4º Batalhão da PM, que se solidarizaram com a situação. Canguçu continuará sendo amada e será símbolo de uma das maiores operações do Brasil, deixando sua marca indelével na vida dos policiais e de sua nova família.
A operação
A operação de combate ao crime na zona rural do Tocantins teve início em 10 de abril, logo após uma tentativa de assalto a uma transportadora de valores, que resultou na fuga dos criminosos para áreas rurais. Surpreendidos pela fumaça gerada no local, os criminosos saíram sem levar nada, apesar de terem planejado o crime por um ano, visando roubar R$ 60 milhões. Para escapar, eles utilizaram embarcações pelos rios Araguaia e Javaés, realizando ações para despistar as equipes policiais, como afundar barcos ao longo do percurso.
Durante a fuga, os criminosos têm causado pânico, invadindo propriedades e fazendo pessoas de reféns. Áudios compartilhados nas redes sociais evidenciam o medo dos moradores da região de Marianópolis do Tocantins. Além disso, foram encontradas espigas de milho e sapatos velhos nas proximidades do povoado Café da Roça, em Pium. Também foram descobertos sacos com sal e ureia, utilizados na alimentação de bovinos, que possivelmente serviam como alimento para os fugitivos. Os suspeitos têm adotado medidas como amarrar sacos nos pés para evitar deixar rastros, estratégia que foi revelada com a morte de um dos suspeitos.
As equipes envolvidas na Operação Canguçu estão percorrendo uma área extensa de 4,6 mil quilômetros, abrangendo quatro cidades. Durante as ações, um verdadeiro arsenal de guerra foi apreendido, incluindo armamentos de calibre elevado, inclusive fuzis furtados da Polícia Militar de São Paulo, além de milhares de munições, coletes à prova de balas e outros materiais. A operação continua em andamento, visando a captura dos demais criminosos envolvidos no caso.