A espera angustiante da mãe do médico Ricardo Maciel Catuladeira Miranda, assassinado a facadas dentro de uma unidade de saúde, chegou a um triste desfecho. Após mais de dois anos aguardando pela audiência de julgamento do acusado, a dona Maria da Conceição Maciel faleceu 18 dias antes da data marcada, em 29 de abril, vítima de um infarto. Em áudios enviados ao promotor de Justiça responsável pelo caso, ela expressou seu medo de não resistir à espera.

No emocionante relato, dona Maria da Conceição compartilha sua dor e sofrimento, expressando a saudade imensurável que sentia pelo filho e o desejo de abraçá-lo novamente. Seu coração sofria a cada dia, e ela ansiava pela realização da audiência. Porém, seu falecimento interrompeu a busca por justiça.

O Júri Popular de Hanilton Bosso Araújo, acusado pelo crime, ocorreu em Natividade nesta quarta-feira, 17. O réu foi condenado a 19 anos e três meses de prisão. Durante o julgamento, foram ouvidas sete testemunhas, entre acusação e defesa. Algumas testemunhas previstas foram dispensadas.

O crime ocorreu em dezembro de 2020 dentro de uma unidade de saúde em Santa Rosa, e a investigação policial apontou ciúmes como possível motivo, pois a esposa do réu havia trabalhado com o médico na mesma unidade. Em um dos áudios enviados, dona Maria da Conceição conta sobre um sonho reconfortante em que encontrava e abraçava seu filho. Ao acordar, ela recebeu a mensagem do promotor informando sobre a data da audiência, marcada para 17 de maio.

A espera pelo julgamento foi uma experiência dolorosa para toda a família, conforme relatou Bruna Maciel Catuladeira Nascimento, irmã de Ricardo. Ela destacou a importância do trabalho do promotor Rogério, que defendeu brilhantemente o caso e trouxe algum conforto ao coração da mãe enquanto ela ainda estava viva. A família busca forças para acreditar no sistema judicial e nas leis dos homens, confiando que a justiça seja feita em memória do amado Ricardo Maciel Catuladeira Miranda.

Júri

No Fórum de Natividade, o aguardado júri popular do acusado pelo assassinato teve início por volta das 9h50 e se estendeu até tarde da noite, com a sentença sendo proferida às 21h. Hanilton Bosso Araújo, que já havia confessado o crime em depoimentos anteriores à sua prisão, enfrentava o julgamento em liberdade, mas agora enfrentará as consequências.

O júri popular considerou-o culpado e impôs a pena inicial de cumprimento em regime fechado. No entanto, é importante destacar que o réu ainda possui o direito de recorrer da sentença. Apesar da confissão prévia, o veredito final foi dado após um processo judicial minucioso, envolvendo os depoimentos de testemunhas e a análise de evidências.

A expectativa gerada em torno desse julgamento, que representou um momento crucial para a busca por justiça, foi marcada por um longo dia de deliberações no Fórum. Agora, com a sentença proferida, a comunidade aguarda o cumprimento da pena e acompanhará atentamente os próximos desdobramentos do caso.

Testemunhas sendo ouvidas em julgamento — Foto: Divulgação

Crime

O médico Ricardo Maciel Catuladeira Miranda, de 55 anos e natural do Rio de Janeiro, exercia suas funções como clínico geral e realizava ultrassons na unidade de saúde de Santa Rosa, onde trabalhava há aproximadamente um ano na época do crime. Durante sua estadia na cidade, atendia os pacientes três vezes por semana e se hospedava em um cômodo dentro do próprio hospital, local onde tragicamente foi assassinado.

No dia do ocorrido, Hanilton Bosso Araújo foi flagrado em imagens de vídeo deixando o local com as pernas e os pés ensanguentados. No dia seguinte, ele foi preso em Silvanópolis, município vizinho. A investigação policial apontou o ciúme como a principal motivação para o crime, uma vez que a esposa do acusado havia trabalhado junto ao médico na unidade de saúde.

Em 2021, a Justiça decidiu levar o caso a júri popular. Durante o processo, Hanilton alegou legítima defesa. Em seu interrogatório, ele afirmou que, ao notar que a vítima estava prestes a pegar uma faca que estava sobre a geladeira, agiu rapidamente ao pegar o mesmo instrumento. No entanto, não esclareceu se a vítima conseguiu se armar com outro objeto ou continuou a investir contra o acusado.

Esses detalhes do caso evidenciam a complexidade do crime e os argumentos apresentados pelas partes envolvidas. A espera pelo julgamento em júri popular foi longa e agora a sociedade aguarda a decisão final e o desdobramento desse triste episódio que resultou na perda precoce de um profissional de saúde.

Médico Ricardo Maciel Catuladeira Miranda foi assassinado dentro de hospital — Foto: Arquivo pessoal