O pastor Osório José Lopes Júnior, de 43 anos, foi detido no estado do Tocantins uma semana após sua chegada à região, acompanhado por sua esposa, com quem havia se casado recentemente. Sua prisão ocorreu após sua viagem do aeroporto de Palmas até uma propriedade rural na qual ele se encontrava.

As investigações da Polícia do Distrito Federal apontam que ele é um dos líderes de um suposto esquema criminoso que prometia lucros astronômicos, chegando a mencionar cifras de ‘um octilhão’ de reais. Esse grupo foi alvo de uma operação policial na última quarta-feira, 20.

Quando questionado sobre as acusações, o pastor Osório limitou-se a dizer: “A justiça provará para vocês. Não tenho nada a falar.” A defesa dele emitiu uma nota informando que ainda não teve acesso aos autos, mas que planeja solicitar a revogação da prisão ou um habeas corpus.

Após a prisão em um rancho no interior do estado do Tocantins, Osório José foi conduzido a uma delegacia em Gurupi e posteriormente transferido para a Unidade Penal da Cidade, onde permanece aguardando sua transferência para Brasília.

O golpe financeiro perpetrado pelo suposto grupo estava fundamentado em uma teoria conspiratória denominada “Nesara Gesara,” na qual os suspeitos prometiam lucros impossíveis aos seus seguidores.

A operação realizada no Distrito Federal na manhã de quarta-feira visava desmantelar esse esquema fraudulento. As vítimas abrangem indivíduos do Brasil e até do exterior, e a Polícia Civil estima que o grupo tenha movimentado cerca de R$ 156 milhões em cinco anos, além de criar 40 empresas “fantasmas” e operar mais de 800 contas bancárias sob suspeita.

Osório, considerado foragido desde a deflagração da operação, estava sendo procurado inicialmente na cidade de Figuerópolis, segundo informações repassadas pela Polícia Civil do Distrito Federal.

Durante a busca e as investigações, a Divisão de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil do Tocantins localizou Osório em um rancho às margens do Rio Santa Teresa, na zona rural de Sucupira.

As acusações contra Osório incluem lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, sonegação fiscal e estelionato praticado por meio cibernético.

Além de Osório, outra suspeita de envolvimento no esquema, Maria Aparecida Gomes Barbosa, uma pastora missionária de 63 anos, foi presa na última quinta-feira, 21), em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, na casa de sua filha.

Osório já havia sido acusado de aplicar golpes em fiéis em Goianésia, no centro de Goiás, em 2018. Na ocasião, ele e outro pastor afirmaram que haviam ganhado um título no valor de R$ 1 bilhão, mas precisavam arrecadar fundos para recebê-lo. Mesmo após sua prisão em 2018, Osório respondeu ao processo em liberdade, e a sentença ainda não foi proferida pela Justiça. Após sua libertação, ele se mudou para São Paulo.

A investigação da Polícia Civil descobriu que o líder religioso conseguiu arrecadar cerca de R$ 15 milhões com o golpe, prometendo a uma das vítimas mais de R$ 2 quatrilhões.

Osório utilizava as redes sociais, incluindo seu canal no YouTube com mais de 70 mil inscritos e cerca de 500 vídeos publicados, para anunciar o esquema. Em suas pregações, ele solicitava dinheiro para a “operação,” afirmando que todos receberiam sua parte “em alguns dias.”

O pastor Osório alega que faz parte do chamado “Projeto Redenção,” supostamente criado por aproximadamente 209 países, incluindo o Brasil, para agregar bens de alto valor, como ouro, prata, diamantes e pedras preciosas.

A defesa de Osório declarou em nota que ainda não teve acesso aos autos do processo e que pretende requerer a revogação da prisão ou impetrar um habeas corpus após examinar os fundamentos da decretação de prisão. Na quarta-feira, 20, a defesa afirmou que Osório não tinha conhecimento das investigações contra o grupo, pois estava em lua de mel. Além disso, ela esclareceu que ele desconhecia as acusações feitas contra ele.