A Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Flak nesta quarta-feira, 27, tendo como principais alvos agências de turismo e casas de câmbio que atuavam como uma rede de apoio para operações de tráfico internacional de drogas. Essas empresas intermediavam a compra de aeronaves e a lavagem de dinheiro relacionadas a atividades criminosas.

Ampla Ação Policial

Nesta nova etapa da Operação Flak, foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão emitidos pela 4ª Vara da Seção Judiciária do Tocantins. Além disso, foram determinados o sequestro de diversos bens, incluindo fazendas, e o bloqueio de contas bancárias pertencentes a 41 pessoas.

Participação de Agências de Turismo

A investigação revelou que duas agências de turismo estiveram envolvidas na compra de aeronaves em leilões nos Estados Unidos. Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça registraram conversas entre João Soares Rocha, apontado como líder da organização criminosa, e empresários ligados a essas agências de turismo para aquisição de aeronaves.

Segundo as informações apuradas, o grupo chegou a adquirir aeronaves anunciadas como sucata para posterior desmonte e aproveitamento de peças, com o intuito de evitar a tributação. Posteriormente, realizavam adulterações nas aeronaves, que passavam a voar com prefixos de aeronaves que haviam se acidentado durante o transporte de drogas.

Ligação com o Tráfico Internacional

A Operação Flak investiga uma organização criminosa envolvida no tráfico internacional de drogas, estabelecendo rotas que abrangem países produtores, como a Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru, até países de trânsito ou destinatários finais, como o Brasil, Honduras, Suriname, América do Norte, África e Europa. O grupo adquiria aeronaves, registrava-as em nome de “laranjas”, contratava pilotos e controlava aeroportos clandestinos para realizar o tráfico.

Conversão Clandestina de Dólares

As agências de turismo e casas de câmbio localizadas em Palmas e Goiânia também eram responsáveis pela conversão clandestina de dólares e pela transferência desses valores para outros membros da organização criminosa e laranjas. O esquema de “câmbio paralelo” facilitava a movimentação de recursos ilícitos.

Foragido e Outros Alvos

João Soares Rocha, apontado como chefe da organização criminosa, chegou a ser preso durante a primeira fase da Operação Flak, mas encontra-se foragido. Além dele, parentes do suspeito também foram alvos de mandados cumpridos nesta operação.

A Operação Flak teve início em 2018, após a apreensão de uma aeronave com 300 quilos de cocaína em Formoso do Araguaia. As investigações revelaram que o grupo comprava e adulterava aeronaves para o transporte de drogas no Brasil e em outros países, com João Soares Rocha possuindo diversos ativos, incluindo fazendas e aviões.

A operação, ao longo dos anos, desvendou a rota do tráfico internacional de drogas, que passava por diversos países e utilizava pistas clandestinas no Tocantins para operações ilícitas. Em 2018, foi encontrado um submarino improvisado no Suriname, com capacidade para transportar grandes quantidades de drogas para Europa e África. No ano seguinte, uma megaoperação da Polícia Federal resultou em 28 prisões e apreensões de 11 aeronaves, incluindo a prisão de João Soares Rocha, que posteriormente obteve liberdade e é considerado foragido.