O Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico no mundo – são cerca de dois milhões de toneladas por ano. A maior parte desse material é descartada de maneira irregular, mas poderia ser reciclada.
Uma vida conectada produz um tipo de poluição que avança em ritmo acelerado…
“Computadores, celulares, notebooks, liquidificadores, mix, chapinha de cabelo, sanduicheiras, fogão, máquina de lavar, refrigeradores, ar condicionado”, elenca o diretor presidente da Coopermiti, Alex Luiz Pereira.
Tudo o que a gente coloca na tomada ou funciona com pilha ou bateria e não serve mais, vira lixo, só que um lixo longe de ser comum. É matéria-prima para uma cooperativa em São Paulo, que separa os materiais de um jeito certo para aproveitar de novo.
“É uma coisa que a gente tem que devolver isso pro planeta. O planeta hoje tá muito saturado. E o cidadão tem que fazer a parte dele, do descarte consciente dos eletrônicos”, diz o empresário Gilvécio Arruda.
Tem também os ganhos econômicos. O trabalho exige mão de obra qualificada e gera renda para os cooperados.
Este ano, a cooperativa reciclou 630 toneladas de equipamentos, mas isso é só metade da capacidade que eles têm de produção. O que é feito ali, resultado de um trabalho desenvolvido nos últimos 14 anos, poderia fazer ainda mais diferença se eles não tivessem que ultrapassar tantas barreiras.
“O desconhecimento da sociedade do que descartar e como descartar, a cultura do brasileiro que deixa na gaveta e no armário, e acaba não se preocupando com o descarte desse resíduo, ou não perceber e colocar esse resíduo num descarte errado. E se eu não reaproveitar isso, significa que eu vou ter que de novo devastar novamente a natureza para poder fabricar um novo equipamento”, diz Alex Luiz.
De janeiro a novembro de 2023, a organização sem fins lucrativos fundada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica reciclou quase 3 mil toneladas desse tipo de material. Uma montanha que não alcança o topo. O Brasil só recicla cerca de 3% do lixo eletrônico que gera, segundo estimativas do setor.
Pelo país, 10 mil pontos de coleta de eletroeletrônicos tentam vencer essa distância, mas não é o bastante.
“A gente precisa da participação quem fabrica de quem importa, para criar toda essa estrutura para receber produtos e pra reciclar. A gente precisa da participação do comerciante sendo um ponto de coleta para receber todos esses produtos e a gente precisa principalmente da participação do cidadão e do consumidor. Por quê? O produto está na casa dele. O que a gente espera é uma maior fiscalização para que todas as empresas cumpram com essa obrigação legal, e também tenham esse comprometimento ambiental”, diz o gerente executivo da Green Eletron, Ademir Brescansin.
O Ministério do Meio Ambiente disse que criou, em outubro, um grupo de trabalho para estruturar melhor a legislação e a fiscalização do descarte dos produtos eletrônicos.
Fonte – G1