A Polícia Federal desvendou um esquema de fraudes em financiamentos do Banco da Amazônia, em Paraíso do Tocantins, resultando na operação batizada de “Bois de Papel”. O nome da operação faz referência à simulação de compra e venda de gado, onde os envolvidos utilizavam os recursos financeiros para outras finalidades.
A investigação teve como base detalhes revelados na decisão da Justiça Federal que autorizou a ação da Polícia Federal. Na manhã desta quinta-feira, 7, foram cumpridos 18 mandados de busca, além do afastamento de funcionário do banco, sequestro e indisponibilidade de bens.
De acordo com trechos da decisão, a autoridade policial identificou indícios de que os investigados obtiveram financiamentos bancários para a compra de gado, mas desviaram os valores para outros fins. As supostas fraudes teriam ocorrido entre os anos de 2014 e 2021 e foram denunciadas após uma denúncia anônima sobre irregularidades envolvendo funcionários do Basa e financiamentos com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte.
A investigação revelou que fiscais do banco estariam envolvidos na elaboração e aprovação de projetos fraudulentos, destinando parte dos financiamentos à compra de gado. Os documentos analisados apontaram a emissão de guias de trânsito animal com origem e destino alternados, em quantidades semelhantes e em curto espaço de tempo, sugerindo transações fictícias.
Um dos casos destacados envolveu a aquisição de 128 animais em fevereiro de 2015, seguida pela devolução da mesma quantidade ao vendedor meses depois, indicando possível simulação de transações comerciais inexistentes.
Além disso, chamou a atenção dos investigadores a quantidade de financiamentos concedidos a alguns clientes em curto período. Um deles obteve 14 empréstimos, totalizando mais de R$ 37 milhões, entre 2013 e 2021, enquanto outro conseguiu oito empréstimos, ultrapassando R$ 10 milhões, entre 2019 e 2022.
A operação identificou suspeitas de recebimento de propina por parte de funcionários do banco para liberação dos financiamentos, incluindo pagamento em dinheiro, bens, serviços e outros favores. Ao todo, foram cumpridos mandados em cinco cidades, incluindo Paraíso do Tocantins e Palmas, além de ordens de afastamento de funcionários e bloqueio de bens.
Os investigados podem responder por crimes financeiros, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa, com penas que ultrapassam 36 anos de reclusão. A operação continua em andamento para identificar possíveis outras fraudes similares.