Dados do Ministério do Trabalho, divulgados nesta quarta-feira (18), apontam média salarial dos homens é de R$ 4.495,39, enquanto a das mulheres é de R$ 3.565,48 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A diferença salarial entre homens e mulheres teve um salto de março para setembro. De acordo com o 2° Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Ministério do Trabalho, mulheres recebem em média 20,7% a menos que homens nas 50.692 empresas com 100 ou mais empregados. Em março, a diferença salarial marcava 19,4%.
No levantamento, a diferença aumenta ainda mais nos cargos de direção e gerência. Mulheres recebem apenas 73% da remuneração dos homens nos mesmos postos de trabalho. O relatório aponta que a média salarial dos homens é de R$ 4.495,39, enquanto a das mulheres é de R$ 3.565,48.
A disparidade é ainda mais acentuada entre mulheres negras, que ganham, em média, R$ 2.745,26, o que representa 50,2% do salário de homens não negros, que chega a R$ 5.464,29. O cenário de diferenças também foi demonstrado entre homens negros e não negros. A média salarial de homens não negros é de R$ 3.493,59. As mulheres não negras têm um rendimento médio de R$ 4.249,71. Segundo a pesquisa, 27,9% das empresas têm políticas de incentivo à contratação de mulheres negras, enquanto 42,7% possuem entre 0% e 10% de mulheres pretas ou pardas em seu quadro de funcionários.
As desigualdades no âmbito racial são demonstradas até mesmo na obtenção de dados oficiais. O ministério informa no relatório que a baixa presença no mercado de mulheres negras e de mulheres em geral em cargos altos se apresenta como um obstáculo na obtenção de dados mais precisos. Menos de 10% da folha de pagamento é gasta com mulheres em 42,7% das empresas pesquisadas. Em 53% das firmas, mesmo aquelas que possuem mais de 100 empregados, não havia nem três mulheres em cargos de direção e chefia para que fosse feita a comparação salarial.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, defendeu que o combate às diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho deve ser permanente. Ela ressaltou que, a despeito das diferenças salariais, 58% das mulheres são chefes de família. Elas são ainda as que mais sofrem com a fome e com o desemprego no país.
“Não é possível você pensar o mundo democrático, o mundo justo, o mundo igualitário sem as mulheres. E não é possível você pensar a questão das mulheres se você não pensar na discussão do que é a desigualdade e esse é o desafio que está colocado para nós do governo desde que o presidente se elegeu. Na verdade, ele tem insistido da necessidade de que nós possamos ter uma igualdade salarial entre homens e mulheres no Brasil. Agora, todos nós que estamos aqui sabemos que a discussão da igualdade entre homens e mulheres não passa só pela questão salarial”, comentou a ministra.
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Outro ponto observado pela pesquisa é que somente 8,2% das empresas com 100 ou mais empregados apontaram ter política de contratação para mulheres indígenas.
O governo federal aproveitou a divulgação dos dados para lançar o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Homens e Mulheres. No documento, são apresentados três eixos de atuação: acesso e ampliação da participação das mulheres no mundo do trabalho; permanência das mulheres nas atividades laborais; e ascensão e valorização profissional das mulheres no mundo do trabalho. Estão previstas 79 ações nos três eixos.