Mulher estava grávida de 38 semanas e procurou hospital sentindo dores e febre. Polícia Civil diz que investiga a causa das mortes e registrou o caso como homicídio culposo.

 


Karle Cristina Vieira estava grávida de 38 semanas. Ela e o bebê morreram no Hospital e Maternidade Dona Regina. — Foto: Arquivo Pessoal

 

Karle Cristina Vieira Bassorici, de 30 anos, estava grávida de 38 semanas à espera de seu primeiro filho, Lorenzo. No entanto, ambos tiveram complicações durante o parto e faleceram no Hospital e Maternidade Dona Regina, em Palmas. A família registrou um boletim de ocorrência para que a Polícia Civil investigue as causas das mortes.

 

“A família está desolada e entende que é fundamental esclarecer os fatos de maneira adequada. Para tanto, foi registrado um boletim de ocorrência, no qual o caso está sendo tratado como homicídio culposo”, afirma o advogado Breno Vieira.

Karle e Lorenzo foram velados na manhã desta quinta-feira (31) e está programado para serem sepultados no período da tarde.

 

A irmã do falecido registrou um boletim na 1⁠ª Central de Atendimento da Polícia Civil. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) declarou que foram requisitados “exames necroscópicos nos corpos da mãe e do bebê natimorto”. O caso será encaminhado para a 3ª Delegacia de Polícia, que vai averiguar os fatos.

 

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou, em nota, que todos os trâmites internos da unidade hospitalar foram realizados, mas que o quadro clínico dos pacientes se agravou. (Veja nota na íntegra ao final da reportagem)

 

Atendimento por clínico geral

Conforme a família, Karle foi ao Dona Regina na noite de terça-feira (29), por volta das 21h30, com queixa de febre e dores lombares. Na ocasião, segundo o boletim de ocorrência, ela foi atendida por uma médica clínica geral, recebeu medicamento para febre sendo liberada.

 

A família afirma que a médica não solicitou exames para identificar as causas da febre, nem o estado clínico da mãe e do bebê. O prontuário do atendimento não foi entregue para a família.

 

Segundo o relato feito à polícia, Karle continuou sentindo dores pélvicas durante a madruga e retornou ao hospital na manhã do dia 30, por volta das 6h30. Durante o exame de toque, foi percebido um sangramento e outra médica foi chamada para fazer um exame de ultrassom.

 

Karle foi encaminhada para o centro cirúrgico, pois os batimentos cardíacos do bebê estavam fracos e o parto foi realizado às 7h45. Segundo a SES, o bebê já estava morto. A mãe apresentava sangramento intenso que se agravou ao longo do dia e acabou morrendo horas depois.

 

Família questiona morte de bebê

A família de Karle contesta a informação de que Lorenzo era natimorto. De acordo com o advogado, inicialmente eles foram informados de que o bebê nasceu com vida, inclusive teria sido submetido a procedimentos de reanimação.

 

Logo depois, a equipe médica relatou o óbito do recém-nascido. Mesmo assim, teria sido feita uma certidão de natimorto.

 

A família pediu o prontuário médico da paciente e o hospital teria negado, sob alegação de que seria necessário fazer um requerimento com prazo de 30 dias para a entrega do documento.

 

Ainda segundo o advogado, o Hospital informou que o corpo de Karle seria encaminhado para o Serviço de Verificação de Óbitos. A família questionou a decisão e pediu que fosse encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), para os exames necroscópicos apontarem a causa da morte dela. Por isso, foram orientados a registrar o boletim de ocorrência.

 

Conforme a SSP, o prazo legal para apresentação dos laudos é de dez dias, podendo ser prorrogado caso haja a necessidade de outros exames para determinar a causa da morte.

 

O que diz a SES

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) lamenta profundamente o falecimento da paciente Karle Cristina Vieira Bassorici e seu recém-nascido, ocorrido na quarta-feira, 30, no Hospital e Maternidade Dona Regina Siqueira Campos (HMDR).

 

A SES-TO esclarece que a referida paciente foi acolhida no HMRD, na terça-feira, 29, às 22h02 quando foi avaliada e recebeu alta hospitalar, sob a orientação de retornar ao local em caso e alteração do quadro clínico.

 

A SES-TO destaca que na quarta-feira, 30, às 6h48, a paciente retornou, quando foi avaliada, fez o parto às 7h45 e após o procedimento agravaram-se os quadros clínicos e, mesmo com todos os esforços da equipe multiprofissional, lamentavelmente foram a óbito.

 

A SES-TO pontua que todos os trâmites internos da unidade hospitalar foi efetuada e aguarda o relatório do Instituto Médico Legal (IML), para onde o corpo da paciente foi encaminhado, para tomar as medidas cabíveis.

 

(Fonte: g1 Tocantins)