Mais de 10 pessoas estão desaparecidas. As buscas dentro da água foram paralisadas devido à possível contaminação do rio, após queda dos caminhões com produto tóxico. O acidente aconteceu no final de semana, entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA).

Quatro caminhões caíram durante o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Tocantins e Maranhão. Dois deles carregavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e outros 22 mil litros de defensivos agrícolas. Devido ao material tóxico e corrosivo, as buscas dentro da água foram interrompidas.

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico informou que “está atuando para coleta de amostras de qualidade da água do rio Tocantins em cinco pontos desde a barragem da usina hidrelétrica de Estreito (TO/MA) até o município de Imperatriz (MA), o qual fica a jusante (rio abaixo) do ponto do desabamento” (veja íntegra da nota abaixo).

A agência ainda orientou que os estados do Tocantins e Maranhão suspendessem, por precaução, as captações de água para abastecimento público nos municípios banhados pelo rio Tocantins.

Já a concessionária BRK, que abastece as cidades de Aguiarnópolis, Tocantinópolis, São Miguel do Tocantins e São Sebastião do Tocantins informou que o abastecimento não foi afetado, já que a captação é subterrânea e não tem relação com o rio Tocantins (veja íntegra da nota abaixo).

O desabamento aconteceu no último domingo (22), por volta das 14h50, após o vão central da ponte ceder. Duas pessoas morrem e 15 estão desaparecidas. As informações foram atualizadas às 08h40 desta terça-feira (24).

A motorista Andreia Maria de Souza, de 45 anos, estava dirigindo um dos caminhões que carregavam o ácido sulfúrico. Ela está desaparecida. Segundo o marido, José de Oliveira Fernandes, os dois se encontraram horas antes do acidente acontecer.

“Nossa, dói muito, perder uma pessoa assim. Não sei nem o que dizer. Para mim, ela ainda está viva, não está debaixo d’água não. Passei a noite acordado, vim para cá de madrugada, fiquei olhando para ver se via alguma coisa. E não vi nada. É muito difícil”, disse emocionado.

A motorista de caminhão Andreia Maria de Souza caiu no rio após ponte desabar. — Foto: TV Globo/Reprodução

 

Vereador grava momento do desabamento

 

O momento em que a estrutura cedeu foi registrado pelo vereador de Aguiarnópolis, Elias Junior (Republicanos). Em entrevista, ele contou que está em choque e que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias do local.

Nas imagens feitas com um drone e divulgadas nas redes sociais, é possível ver o estrago causado com o desabamento. Muito material ficou boiando na água. Na cabeceira da ponte ficaram caminhões e um carro que ficou preso na fenda de um dos rompimentos. Os motoristas saíram dos veículos.

 

Vítimas

 

Nesta terça-feira (24), o corpo de Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos, foi encontrado no rio, segundo os bombeiros do Maranhão. Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, com origem em Dom Eliseu, Pará.

Por volta das 9h desta terça, o corpo de um homem foi encontrado. A vítima ainda não foi identificada.

No domingo (22), o corpo de Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, foi localizado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que ela é natural de Estreito (MA), mas mora em Aguiarnópolis (TO).

Um homem de 36 anos foi encontrado com vida por moradores e levado ao hospital de Estreito.

Até às 10h desta terça-feira, foram identificados 14 desaparecidos, sendo adultos e crianças.

 

Grande tráfego na ponte

 

Pela estrutura passavam cerca de 2,1 mil veículos por dia. Conforme o Governo do Estado, nessa época do ano o fluxo do posto fiscal em Aguiarnópolis é alto. Sem poder contar com a ponte, os motoristas agora precisam desviar por rotas alternativas que aumentam o percurso em quase 200 quilômetros.

A Secretaria da Fazenda recomenda que os usuários sigam para o posto fiscal de Bela Vista, em Araguatins, por possuir conexão direta ao município de Imperatriz (MP) através de uma ponte. Também há a opção de passar pelo posto fiscal de Filadélfia, mas a espera pode ser maior pela travessia para o Maranhão ser feita por balsa.

 

Desvios

 

Desde o momento da ocorrência, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está controlando trânsito na região e dando rotas alternativas para quem precisaria passar pela ponte. Confira:

 

Sentido Belém/Brasília via Imperatriz/MA

 

Pela BR-010, sentido Belém/Brasília, em Imperatriz/MA, entrar à direita no km 249,6, na rotatória; atravessar a Ponte Dom Affonso Felippe Gregory; continuar pela TO-126 até Sítio Novo do Tocantins/TO; seguir para Axixá do Tocantins/TO pela TO-201; continuar pela TO-134 para São Bento do Tocantins/TO, seguir pela BR 230 para Luzinópolis/TO e, então, Aguiarnópolis/TO; acessar a BR-226 e seguir em direção a Brasília/DF.

 

Sentido Brasília/Belém via Aguiarnópolis/TO

 

Em Aguiarnópolis/TO, seguir pela BR-230 em direção a Luzinópolis/TO e São Bento do Tocantins/TO; seguir em direção a Axixá do Tocantins/TO, continuando pela TO-134; seguir pela TO-201 até Sítio Novo do Tocantins/TO; continuar para Imperatriz/MA pela TO-126; atravessar a Ponte Dom Affonso Felippe Gregory; acessar a BR-010 e seguir em direção a Belém/PA.

 

Alternativa para quem segue de Balsas/MA a Brasília/DF

 

De Balsas/MA, seguir para Carolina/MA; realizar a travessia do Rio Tocantins na balsa para Filadélfia/TO; seguir pela TO-222 até Araguaína/TO; acessar a BR-153 e seguir em direção a Brasília/DF.

 

Alternativa para quem segue de Brasília/DF a Balsas/MA

 

Em Araguaína/TO, seguir pela TO-222 até Filadélfia/TO; realizar a travessia do Rio Tocantins na balsa para Carolina/MA; seguir pela BR-230 para Balsas/MA.

 

Íntegras das notas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico e BRK

 

Nota Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico

 

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) se solidariza às famílias das vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que fica sobre o rio Tocantins entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), ocorrido em 22 de dezembro. Nesse cenário, três caminhões – que transportavam 22 mil litros de defensivos agrícolas e 76 toneladas de ácido sulfúrico, produto químico corrosivo – acabaram caindo no rio em virtude do desabamento.

Com foco no acompanhamento da qualidade de água do rio, a ANA está atuando em articulação com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (SEMA/MA) para coleta de amostras de qualidade da água do rio Tocantins em cinco pontos desde a barragem da usina hidrelétrica de Estreito (TO/MA) até o município de Imperatriz (MA), o qual fica a jusante (rio abaixo) do ponto do desabamento. Nesse sentido, a equipe da SEMA/MA está em deslocamento para o local do desastre nesta segunda-feira, 23, para coletar amostras no local e verificar os parâmetros básicos de qualidade de água nesse trecho do rio Tocantins nesta terça, 24.

Além disso, a ANA solicitou apoio à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB/SP), referência em análise de qualidade de água no Brasil, para analisar as amostras coletadas e determinar os parâmetros de maior complexidade relacionados ao derramamento de defensivos agrícolas transportados por um dos veículos que caíram na água devido ao desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Desde que tomou conhecimento sobre acidente, os gestores da Agência estão atuando para promover a comunicação junto aos usuários outorgados e serviços de abastecimento de água locais. São mais de 150 outorgas emitidas pela ANA na região, sendo que tais usos podem ser impactados.

Os 19 municípios possivelmente impactados estão a jusante do acidente até a confluência (encontro) com o rio Araguaia, conforme o mapa deste link. Desse total 11 estão em Tocantins (Aguiarnópolis, Carrasco Bonito, Cidelândia, Esperantina, Itaguatins, Maurilândia do Tocantins, Praia Norte, Sampaio, São Miguel do Tocantins, São Sebastião do Tocantins e Tocantinópolis) e oito se localizam no Maranhão (Campestre do Maranhão, Estreito, Governador Edison Lobão, Imperatriz, Porto Franco, Ribamar Fiquene, São Pedro da Água Branca e Vila Nova dos Martírios).

Outra ação da ANA no contexto desse desastre foi o cálculo do tempo de chegada da água possivelmente impactada pelos veículos que caíram no rio Tocantins para os municípios a jusante (rio abaixo) do ponto do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. Tais informações foram compartilhadas com os órgãos federais e estaduais que estão atuando no desastre.

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico segue atuando no monitoramento da situação no rio Tocantins e da qualidade de sua água. Além disso, a instituição vem trabalhando de forma articulada com os órgãos estaduais e federais competentes, sendo que a ANA já se reuniu nesta segunda-feira, 23, com a Defesa Civil e instituições federais e estaduais para compartilhar informações relacionadas ao monitoramento da qualidade da água da região impactada.

Por precaução, os estados de Tocantins e Maranhão devem orientar a suspensão de captações de água para abastecimento público nos municípios banhados pelo rio Tocantins a jusante do desabamento até que determine que a pluma de contaminantes tenha se diluído e não ofereça perigo ao consumo da água.

 

Nota BRK

 

A BRK informa que o fornecimento de água tratada pela companhia nas cidades de Aguiarnópolis, Tocantinópolis, São Miguel do Tocantins e São Sebastião do Tocantins não foi afetado pelo desabamento da ponte que liga os estados do Tocantins e Maranhão.

A BRK esclarece que o abastecimento desses municípios é realizado por meio de captação subterrânea, sem qualquer relação com o rio Tocantins. Desta forma, a água captada, tratada e distribuída à população desses municípios permanece apta para consumo. Em caso de dúvidas, a empresa segue à disposição para atendimento nos canais oficiais.

A empresa se solidariza nesse momento com todos os demais municípios que enfrentam as consequências desse grave incidente, e com amigos e famílias das vítimas.

 

(Fonte: g1 Tocantins)