“Tomei uma medicação, precisava deitar e não tem como porque as camas não têm forro”. O relato é de uma professora de Palmas que esteve na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sul da Capital com queixa de dores na coluna. Na última sexta-feira, 9, dia em que a professora buscou atendimento, uma equipe da DPE esteve na referida UPA e constatou, em vistoria, a falta de rouparia para atendimento adequado aos pacientes.  Já na UPA Norte, em vistoria realizada na mesma data, a falta de medicamentos e insumos foi o principal problema encontrado.

As vistorias foram realizadas pelo Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa) da Defensoria, coordenado pelo defensor público Arthur Luiz Pádua Marques.

Na UPA Sul, foi informado que a quantidade de lençóis enviada pela Secretaria é insuficiente para atender a demanda da Unidade. Também foi informado que muitos lençóis são extraviados quando pacientes são enviados a outros hospitais.

Além do problema da rouparia, a  UPA Sul não tem suprimento de fundos para compras emergenciais. Além disso, o relatório da vistoria destaca que “faltam oxímetros, glicosímetros, aparelhos para aferir pressão arterial e termômetros”.

Na Ala de Observação Pediátrica da UPA Sul, a informação apurada pela DPE é que não há médico pediatra de plantão, apenas médicos socorristas.

“Que dentre a falta de materiais, insumos e equipamentos, faltam os seguintes itens: sabão esmatico, polifix, fio de sutura, sondas longas para lavagem gástrica, oxímetro e glicosímetro”, consta no relatório.

Outra situação registrada pela DPE é a de que os pacientes e acompanhantes não têm refeição oferecida pela UPA, mesmo os que ficam até 24horas na unidade.

UPA Norte

Já na UPA Norte, o principal problema identificado pela DPE é a falta de insumos e medicamentos importantes na rotina da Unidade, como tramal (composto utilizado para dor) e ranitidina (indicado para o tratamento de úlcera no estômago). “Na semana anterior faltou diazepam”, consta no relatório da vistoria. O referido medicamento é utilizado principalmente para controlar situações de ansiedade.

Falta ainda medicamentos básicos como dramim, beta 30, fitas utilizadas no aparelho glicosimetro.

Conforme o relatório da vistoria na Enfermaria Feminina, “Alguns pacientes usam o medicamento dolantina por falta do tramal, o que prejudica a saúde dos pacientes visto que é uma droga mais forte do que o paciente necessita; (…)”.

Além disso, foi verificado que a UPA Norte também não tem suprimento de fundos para compras emergenciais. Os pacientes e acompanhantes não têm refeição, apenas os servidores recebem alimentação na unidade. Na UPA Norte, a informação na Enfermaria Feminina é que o período máximo que os pacientes permanecem na Unidade é 24 horas.

A Defensoria está providenciando recomendação para a Secretaria Municipal da Saúde para regularizar todas as não conformidades.

Pacientes

Na UPA Sul, a filha de um paciente relatou a situação em que o pai dela, um aposentado de 84 anos, estava no momento do atendimento e da vistoria realizada pela DPE: “Eu não sou médica, não trabalho na área da saúde. Mas eu sei que o risco de infecção é grande [sobre a maca estar sem lençol]. Eu não sabia que não tinha lençol, senão, eu tinha trazido”, disse ela, acrescentando que preferiu deixar o pai sentado para que ele não se deitasse na maca, evitando, com isso, o contato direto com o colchão.

Ouvida pela Defensoria no momento da vistoria na UPA Sul, a professora, citada no início da reportagem, lamenta a situação na Unidade: “A gente espera vir para um lugar desse e ser bem atendida. Até porque a gente paga imposto. O tanto de imposto que a gente paga e quando precisa desse retorno em forma de atendimento, a gente não tem. É triste, muito triste!”.  (Colaborou Loise Maria / Ascom DPE-TO)